Zelotes deve revelar
um dos maiores esquemas de corrupção do país
Do Gazeta de Joinvile
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da
subcomissão que acompanha a Operação Zelotes, afirmou no último final de
semana, que novas etapas da operação revelarão, em breve, o “esquema mais podre
de corrupção que já se teve notícias”.
“Digo e repito! A Zelotes vai revelar o esquema mais
podre de corrupção que já se teve notícias. Não vão conseguir mudar o foco. O
CARF vem aí!”, disse ele no Twitter.
A Zelotes investiga a compra de votos no Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em julgamentos sobre a sonegação de
impostos por parte de grandes empresas, o que também está sendo apurado pela na
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Carf. A Polícia Federal (PF), estima
que foram desviados mais de R$ 19 bilhões.
De acordo com o parlamentar, “os magnatas, os mega
sonegadores com seus esquemas criminosos vão aparecer”. “A banda podre da
burocracia do Estado e seus parceiros corruptos”, disse. “Tem cerveja que vai
estar morna logo. Zelotes está esquentando a chapa e vocês vão aparecer
Magnatas da corrupção, queridinhos da mídia”, disse Pimenta se referindo ao
meio cervejeiro.
Em outro post, o deputado diz que “filhos de envolvidos
com R$ 500 milhões na conta”. “Isso mesmo!! 500 milhões. Alô Leblon, Zelotes
está chegando!!”, afirmou. Segundo o congressista, “bancos, montadoras,
cervejas, empresas de comunicação e, não sei o que a Gerdau é, são os
investigados principais”.
Indireta para Nardes, ministro do TCU
Durante a série de postagens, o deputado também mandou
uma indireta para o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto
Nardes, suspeito de ter recebido R$ 2,5 milhões da máfia do Carf, que
facilitava a vida de grandes sonegadores.
“Que deixou para pensarmos. E empresário corrupto que
compra sentença, será q só paga para conseguir isso ilegalmente. E Conselheiro
do TCU será??”, questionou Pimenta. “Será que conselheiro do TCU que ajuda a
vender sentença no CARF vende sentença que ele mesmo é autor? São dúvidas que
tenho e espero descobrir”, disse o deputado.
Grupo RBS é investigado pelo STF
De acordo com a jornalista Tereza Cruvinel, a Operação
Zelotes retomou seu foco original que é a investigação do esquema bilionário de
sonegação montado entre grandes empresas e membros do CARF.
A Operação Zelotes apresentou denúncia contra o grupo
de comunicação RBS ao Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia subiu para o
STF por conta do envolvimento do ministro do TCU Augusto Nardes, relator da
rejeição das contas da presidente Dilma, e do hoje deputado Afonso Mota
(PDT-RS), ex-executivo do grupo, que têm foro privilegiado.
O inquérito sobre a RBS é o de número 4150 e a relatora
já foi indicada. Será a ministra Carmem Lúcia. Outras sete empresas serão
denunciadas à Justiça comum.
O site Brasil247 confirmou com procuradores ligados à
operação que, além da RBS, outras sete grandes empresas serão denunciadas, e
entre elas, figura a cervejaria Itaipava, assim como bancos e montadoras.
As investigações teriam comprovado que o Grupo RBS,
pagou R$ 11,7 milhões à SGR Consultoria para livrar-se de multa de R$ 113
milhões. O hoje deputado Afonso Mota era o vice-presidente jurídico e
institucional da RBS na época. O dinheiro recebido pelo ministro Augusto Nardes
teria sido pago pela mesma SGR Consultoria por meio da empresa Planalto
Soluções e Negócios, da qual Nardes foi sócio até 2005 e que continua
registrada em nome de um sobrinho dele.
Entenda o caso
Operação Zelotesé o nome de uma operação deflagrada pela
Polícia Federal do Brasil em 26 de março de 2015 para investigar um esquema de
corrupção no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), órgão
colegiado do Ministério da Fazenda, responsável por julgar os recursos
administrativos de autuações contra empresas e pessoas físicas, por sonegação
fiscal e previdenciária.
A Polícia Federal encontrou “elementos consideráveis de
irregularidades” nas seguintes empresas: Gerdau, RBS, Cimento Penha, Boston
Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio, Mundial-Eberle; Ford e Mitsubishi,
Banco Santander, Bradesco e Banco Safra. Além disso, foi também investigado o
envolvimento do Partido Progressista (PP)
Primeira Fase
No dia 26 de março foram cumpridos por 180 policiais
federais 41 mandados de busca e apreensão, sendo 24 em Brasília, 16 em São
Paulo e um no Ceará.
Em 9 de julho de 2015, na CPI do CARF, a comissão
aprovou a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos ex-conselheiros do Carf
Leonardo Manzan, Jorge Victor Rodrigues e Adriana Ribeiro.
Segunda Fase
Em 3 de setembro de 2015, a PF realizou buscas e
apreensões em nove escritórios de contabilidade no estados do Rio Grande do
Sul, São Paulo e no Distrito Federal. As buscas foram realizadas em conjunto
pela Polícia Federal, Receita Federal e Corregedoria do Ministério da Fazenda.
Terceira Fase
Em 8 de outubro de 2015, os agentes da PF fizeram
apreensões no Rio de Janeiro e em Brasília, de indícios de que mais um
integrante do CARF teria recebido propina pra anular ou reduzir dívidas de
empresas na Receita Federal.
Quarta Fase
Em 26 de outubro de 2015, a PF deflagrou uma nova fase
da Operação Zelotes com a participação de cerca de 100 policiais federais
cumprindo 33 mandados judiciais.
Em nova etapa da operação, os agentes investigam
esquema de lobby e corrupção para “comprar” medidas provisórias que favorecem
empresas do setor automobilístico.
Os agentes da PF prenderam o lobista
Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, e Eduardo Valadão, sócio do
lobista José Ricardo no escritório JR Silva Advogados, e fez buscas em empresa
que representa a Mitsubishi no Brasil.