Fascistas
surgiram na Europa contra a organização do trabalhadores. (Soldado finca a
bandeira soviética em Berlim, marcando a derrota nazista na 2º Guerra Mundial
em 1945 - Khaldei/wiki commons)
Por Vijay Prashad - Brasil de fato Tradução: Ana Paula Rocha
O fascismo clássico surgiu na Europa em oposição
a duas tendências: a instabilidade do capitalismo (e a perturbação social que
ele criou) e o levante dos movimentos de trabalhadores que incluiu os partidos
comunistas.
Os primeiros alvos dos
fascistas foram as organizações comunistas, incluindo seus partidos, frentes
populares e sindicatos. Para defender o poder dos capitalistas, os fascistas
usaram de terríveis violências do tipo gângster contra os comunistas que
lutavam para manter os ganhos conquistados pelos trabalhadores. A linha de
frente dessa contenda foi a Guerra Civil Espanhola, na qual os dois lados – os
republicanos e os fascistas atrás do ditador Francisco Franco – lutaram
amargamente para defender suas visões de mundo profundamente diferentes.
Leia mais :: Cantão, 1927: a Comuna de Paris do Oriente
Após a 2º Guerra Mundial e com a derrota do fascismo
clássico, os Estados Unidos impuseram hostilidades contra a União Soviética. Os
países soviéticos e os outros Estados socialistas lutaram para se recuperar da
guerra, mas permaneceram comprometidos a construir democracias sociais e
econômicas a partir dos escombros. Ganhos importantes tinham que ser
conquistados para apagar os padecimentos do capitalismo, como fome,
analfabetismo, desemprego e indignidade.
O Ocidente, com seus países
controlados pela burguesia, só poderiam firmar um compromisso formal com a
igualdade, porém não poderiam garantir como direitos o acesso a moradia,
educação, emprego, assistência médica e igualdade social.
Porque o “Oeste” não foi
capaz de colocar adiante um modelo de política que oferecesse às pessoas esses
direitos e necessidades, os Estados capitalistas lutaram militar e
ideologicamente a “Guerra Fria”. No fronte ideológico, o Ocidente não poderia
argumentar diretamente sobre ter um sistema econômico superior, uma vez que o
sofrimento social seria inevitável sob o capitalismo.
Esta é a razão pela qual o
Ocidente começou a enfatizar uma concepção estreita de “direitos políticos”
como a principal característica que distingue o Estados capitalistas dos
comunistas: os intelectuais ocidentais argumentaram que os países capitalistas
eram “livres”, enquanto que os países comunistas eram “não-livres”.
Dois livros do mundo
anglófono, ambos escritos por europeus exilados do continente, tiveram papel
chave nessa batalha ideológica: “A sociedade aberta e seus inimigos”, publicado
em 1945 pelo austríaco Karl Popper, e “A origem do totalitarismo”, obra da
alemã Hannah Arendt publicada em 1951. As duas obras argumentam que o Ocidente
era “livre” ou uma “sociedade aberta”, enquanto que o fascismo e o comunismo
eram “totalitários” ou “sociedades fechadas”. Estes textos forneceram base
histórica, sociológica e teórica para os ataques dos países ocidentais aos
países comunistas.
De fato, os livro
supramencionados são fundamentalmente falhos em sua ligação do fascismo e
comunismo. Fascismo é uma tentativa das elites dominantes
de manter o poder apesar da morbidez do capitalismo. A estrutura fascista
suspende a democracia burguesa ou usa essa estrutura democrática burguesa para
infligir dor na classe trabalhadora e mantê-la em seu lugar. Este é o exato
oposto do projeto comunista, que procura emancipar a sociedade da morbidez do
capitalismo e liberar a classe trabalhadora das penalidades do capitalismo e dos
seus mestres políticos.
O fascismo é a antítese da
liberdade. O comunismo promete a maior liberdade possível. Estes são projetos
políticos diametralmente opostos. Igualá-los foi parte da guerra informacional
da Guerra Fria.
Edição:
Rodrigo Durão Coelho