sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

"Duas grandes tolices não fazem um acerto"


Por Luis Nassif, do GGN

A bobagem da torre da Oi para a casa de Doria

A velha mídia criou uma máxima para os poucos casos em que pretende corrigir uma grande tolice: criar outra grande tolice em sentido contrário. Duas grandes tolices não fazem um acerto

Foi ridícula a intenção da Lava Jato de abrir um inquérito para investigar a colocação de uma torre da Oi perto do sítio dos Bittar, frequentado por Lula. Mais ridícula ainda foi a cobertura do episódio, gastando rios de tinta para criar mais uma pós-verdade.

Como dinheiro público é capim, a PF gastou rios de dinheiro em uma investigação furada para descobrir, no final da linha, que a Oi atendeu também a um pedido de João Dória Junior e instalou uma torre em Troncoso, para atender a um público dos chamados “vips” – Ivan Zurita, da Nestlé, Nizan Guanaes, entre outros (https://goo.gl/4vffVS). E daí?

Daí que, para mostrar isenção, a Folha trata esse episódio com o mesmo grau de escândalo do anterior e, obviamente, com muito menos implicações políticas

Qualquer grande corporação tem uma estratégia de relações públicas, que consiste em medidas não necessariamente rentáveis em si, mas relevantes para firmar a imagem da companhia junto a públicos específicos. Em alguns casos, criam programas sociais. Em outros, atendem a celebridades, formadores de opinião. Fazer um gesto simpático em direção ao presidente de uma grande empresa, assim como atender a um ex-presidente da República, faz parte da estratégia de comunicação de qualquer grupo.

Na época, Dória não era político, não tinha cargo público, era dono de uma máquina de lobby que oferecia visibilidade aos clientes. Cadê o escândalo?


Em vez de um falso escândalo, faria melhor a imprensa em denunciar os abusos voluntaristas que saem de uma cabeça cuja única organização não está nas ideias, mas no cabelo brilhantinado. E montar uma frente para impedir que o ego gigantesco de Doria não se alie ao seu despreparo gigantesco para desmontar o trabalho de reconstrução da gestão Fernando Haddad.

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