"A lista de presos das cidades da Amurel é mais extensa
em Imbituba, que tinha um movimento sindical combativo durante os anos 60. Foram
identificadas 34 prisões políticas de pessoas do município. Trabalhadores do
porto e estivadores formam a maioria dos detidos. Depois de Imbituba, Laguna é
a cidade que teve mais presos políticos após o golpe de 64, com 24 registros”.
DS
Lista
completa dos presos políticos de Imbituba
Ari
Sanceverino
Armando
Antonio Borges
Benjamin
Luiz Nicolazzi
Benoni
Ramos - Portuário
Estevão
Teodoro José - Portuário
Eustáquio
Paes Cavalcanti – Portuário
Francisco
Antonio Fortunato – Portuário
Geraldo
Luiz Francisco – portuário
Helio
Ezeq uiel de Souza
João
Wa ldemar G. da Silv – Portuário
Jocelin
Manoel de Souza – Estivador
José
Jovino Pereira - Portuário
José
Martins de O liveira
Lourival
de Souza
Manoel
de Oliveira Martins – Portuário
Manoel
Esau Santana - Sindicato dos Estivadores
Manoel
Pittigliani – Portuário
Mario
Gonçalves da Silva
Mario
Jeronimo dos Santos
Matias
Carpes – Portuário
Nestor
Tolentino da Rosa
Osvaldo
Bráulio Fernandes – Canoeiro
Paulino
Martins
Renato
Augusto Carneiro
Rui
Medeiros
Sadi
Herculano da Rosa – Portuário
Sebastião
Fernandes de Oliveira
Walmir
Prates
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Veja matéria completa:
Região
teve 80 presos políticos na ditadura militar
Por Guilherme Simon
- Diário do Sul
Um levantamento feito pela reportagem do DS aponta que
a região de Tubarão teve 80 presos políticos identificados durante a ditadura
militar. O número tem como base um relatório do coletivo catarinense Memória,
Verdade e Justiça, que integra o acervo sobre a ditadura em Santa Catarina. A
maioria dos casos ocorreu em 1964, logo após o golpe que completou 55 anos
neste domingo.
Grande parte das prisões era ilegal. Considerados pelo
regime pessoas subversivas, comunistas ou terroristas, os presos eram
submetidos a longos interrogatórios, ameaças e, muitas vezes, a torturas. Entre
os alvos estão trabalhadores portuários, estivadores, políticos, e até um
vigário.
A lista de presos das cidades da Amurel é mais extensa
em Imbituba, que tinha um movimento sindical combativo durante os anos 60.
Foram identificadas 34 prisões políticas de pessoas do município. Trabalhadores
do porto e estivadores formam a maioria dos detidos. Também há um número
considerável de membros do chamado “Grupo dos 11”, que eram pequenas células
espalhadas pelo país e lideradas pelo governador gaúcho Leonel Brizola, em
apoio ao presidente João Goulart.
Depois de Imbituba, Laguna é a cidade que teve mais
presos políticos após o golpe de 64, com 24 registros. Além de também incluir
portuários e estivadores, a relação conta com o ex-prefeito Francisco de Assis
Soares, que ficou mais de 40 dias desaparecido, anos antes de se tornar chefe
do Poder Executivo. Francisco Soares assumiu a prefeitura no começo da década
de 70, mas voltou a ser perseguido pela ditadura e foi obrigado a se afastar do
cargo. A lista de presos inclui ainda dois radialistas, um estudante, um
bancário, um sapateiro, uma dentista e um vereador.
Já em Tubarão, o levantamento da reportagem revela 13
pessoas presas pela ditadura. Grande parte dos detidos eram trabalhadores
filiados ao sindicato dos mineiros da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O
vigário da cidade na época, Osni Carlos Rosenbrock, também figura como um dos
presos. O religioso teria sido capturado com a alegação de que contribuía para
a organização do sindicato de trabalhadores rurais. Assim como nas outras
cidades, a maioria dos casos aconteceu entre 1964 e 1969.
Orleans e Treze de Maio, com três casos cada,
Jaguaruna, com dois, e Capivari de Baixo, com um, completam a lista de cidades
da região que tiveram presos políticos durante a ditadura militar, que durou
até 1985, cometendo uma série de atrocidades.
Presos
em Santa Catarina
Em Santa Catarina, o total de presos pelo regime soma
694 pessoas, ainda de acordo com o relatório do coletivo Memória, Verdade e
Justiça. A relação completa traz, além dos nomes dos presos, informações como
profissão e cidade de origem, o que possibilitou que a reportagem do DS
levantasse o número de presos que eram de municípios da região. Apesar de a
lista não informar o local exato das prisões, os pesquisadores acreditam que a
maioria delas ocorreu em solo catarinense, nas próprias cidades dos envolvidos.
Lista de mortos inclui jornalista que estudou no
Colégio Dehon
Além dos presos políticos, três pessoas naturais da
região estão entre os mortos e desaparecidos vítimas da ditadura militar, de
acordo com a Comissão Nacional da Verdade: Rui Oswaldo Aguiar Pfutzenreuter,
Divo Fernandes d’Oliveira e João Batista Rita.
Nascido em Orleans, Rui Pfutzenreuter era jornalista e
atuava como dirigente do Partido Operário Revolucionário Trotskista. Antes de
se mudar de Santa Catarina, estudou no Colégio Dehon, em Tubarão. Depois, cursou
Jornalismo, em Porto Alegre. Em São Paulo, foi torturado e assassinado por
agentes do Doi-Codi, aos 29 anos.
Já Divo Fernandes d’Oliveira era de Tubarão. Antigo
militante do PCB, trabalhava como marinheiro e desapareceu no Rio de Janeiro,
aos 69 anos. Ele teria sido preso durante um comício na Central do Brasil, em
1964, e levado ao presídio Lemos Brito. O corpo dele nunca foi encontrado.
Outro desaparecido é João Batista Rita, que nasceu em
Braço do Norte. Ele se mudou com a família, ainda criança, para Criciúma. Foi
viver mais tarde em Porto Alegre, começando lá a militância política. João
Batista estava exilado na Argentina quando foi sequestrado e levado ao Rio de
Janeiro nos anos 70. Foi visto pela última vez no Doi-Codi do Rio, na noite de
13 de janeiro de 1974.
Ao todo, Santa Catarina teve dez mortos ou
desaparecidos confirmados no regime. O único caso em solo catarinense foi o do
político Higino João Pio (PSD), vencedor da primeira eleição a prefeito de
Balneário Camboriú, encontrado morto na Escola de Aprendizes Marinheiros, em
Florianópolis, no dia 3 de março de 1969.
Dados
disponíveis desde 2017
Os dados do acervo sobre a ditadura militar em Santa
Catarina estão disponíveis para consulta junto ao Instituto de Documentação e
Investigação em Ciências Humanas (IDCH) do Centro de Ciências Humanas e da
Educação (Faed) da Udesc desde 2017.
A relação de presos políticos integra a Comissão
Estadual da Verdade, e foi elaborada a partir de documentos do arquivo público
do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Paraná, processos da
secretaria de Justiça do Estado e entrevistas pessoais. O documento pode ser
acessado no site www.faed.udesc.br.
VEJA
TAMBÉM ACERVOS COMPLETOS:
O acervo reúne recortes de jornais, relatórios,
gravações de som e vídeo, fotografias e folders que registram dados e fotos
históricos do período da ditadura em Santa Catarina.