Parlamentares votam nesta
quinta relatório que pede impedimento do governador e da vice. Aprovação pode
levar a afastamento na próxima etapa do processo. (Foto: Rodolfo Espínola,
Agência AL)
O impeachment do governador de Santa Catarina, Carlos
Moisés, será votado em plenário pelos deputados estaduais na tarde desta
quinta-feira (17). A votação deve ocorrer em uma sessão extraordinária a ser
marcada para as 15h, na Assembleia Legislativa (Alesc).
Os deputados decidem se aprovam ou não o impeachment do
governador e também da vice Daniela Reinehr (sem partido). A comissão especial,
que foi a primeira a analisar o pedido, aprovou por unanimidade um relatório
contra o governador e a vice e que pede o impedimento dos dois por suposto
crime de responsabilidade. Agora, esse relatório será analisado em plenário.
Como
será a votação
A votação deve ocorrer de forma nominal, com cada
deputado indo até o microfone para declarar seu voto. Primeiro os deputados vão
decidir sobre o processo contra a vice-governadora Daniela Reinehr (sem
partido). Em seguida, eles votam a denúncia contra Carlos Moisés (PSL).
São necessários 27 votos, o equivalente a 2/3 do total
de deputados estaduais, para que o impeachment seja levado adiante pela Alesc.
Caso contrário, o processo é arquivado.
Os
próximos passos
Uma possível aprovação do pedido de impeachment pelos
deputados ainda não significa que Moisés e Daniela vão precisar deixar os
cargos. Pelo novo rito de tramitação aprovado pela Assembleia após
questionamento do governo, o eventual afastamento só ocorre na próxima etapa do
processo, que é a análise do caso por uma comissão mista, com cinco deputados e
cinco desembargadores do Tribunal de justiça (TJ-SC).
Essa comissão terá o prazo de cinco dias para ser
formada caso os deputados aprovem o processo de impeachment nesta quinta-feira
e avancem para os próximos passos.
Governo
Moisés recorre ao STF
As próximas etapas previstas para o processo de
impeachment na Assembleia podem sofrer mudanças. A defesa do governador Moisés
recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a corte defina quais devem
ser os ritos de processos de impedimentos de governadores nos Estados.
Uma decisão da ministra Rosa Weber, que está com o
caso, é esperada para os próximos dias. Na semana passada, ela pediu manifestação
ao presidente Jair Bolsonaro, ao Congresso Nacional e à Alesc. Uma possível
decisão da ministra poderia consolidar ou alterar o rito definido pela
Assembleia Legislativa, que já sofreu alteração após uma contestação de Moisés
em Brasília.
Os
motivos do pedido de impeachment
O pedido de impeachment foi apresentado pelo defensor
público Ralf Zimmer Junior e acusa o governador e a vice de crime de
responsabilidade por fazer uma equiparação salarial de procuradores do Estado à
mesma faixa salarial dos procuradores da Alesc.
Segundo o autor do pedido, esse reajuste seria ilegal e
também não poderia ter sido feito por decisão administrativa, como ocorreu, mas
somente por projeto de lei. A alegação do defensor público é de que isso teria
representado prejuízo mensal de cerca de R$ 700 mil ao Estado nos meses em que
ficou em vigor, entre outubro de 2019 e maio de 2020.
O assunto motivou a apresentação de um pedido de
impeachment em janeiro, que foi rejeitado pelo presdiente da Alesc. O deputado
Júlio Garcia. Em maio, o autor reapresentou o pedido, com novos documentos.
Desta vez, o pedido foi aceito.
O pedido envolve também a vice-governadora Daniela
Reinehr, por ter exercido o cargo de governadora no início do ano, quando o
reajuste estava em vigor, e incluía o ex-secretário Jorge Eduardo Tasca, que
pediu exoneração do cargo esta semana e, com isso, deixou de ser alvo do
processo.
O
que diz o governo
O governador Moisés já se manifestou quando o pedido
foi aceito alegando que não haveria fundamento jurídico no pedido de
impeachment e que não houve participação dele e nem da vice-governadora no ato
administrativo. Em nota, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) também já afirmou
que estaria havendo uma “indevida politização” do caso e que o ato
administrativo que equiparou os salários apenas teria cumprido uma decisão
judicial.
Fator
político em cena
Apesar de o pedido envolver possível crime de
responsabilidade pelo reajuste aos procuradores, o impeachment também é
avaliado por especialistas como um julgamento político.
Nesse contexto, o distanciamento que o governo Moisés
manteve com parte dos deputados estaduais no início do governo e o desgaste por
outras questões, como a crise dos respiradores, que chegou a motivar uma CPI na
Alesc e é alvo de um segundo pedido de impeachment, mais recente, também podem
entrar em cena na avaliação dos deputados que vão votar o afastamento do
governador.
Com informações NSC