Curitiba, 11 de setembro de 2018
Meus amigos e minhas amigas,
Vocês já devem saber que os tribunais proibiram minha
candidatura a presidente da República. Na verdade, proibiram o povo brasileiro
de votar livremente para mudar a triste realidade do país.
Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar. Há mais de
40 anos ando junto com o povo, defendendo a igualdade e a transformação do
Brasil num país melhor e mais justo. E foi andando pelo nosso país que vi de
perto o sofrimento queimando na alma e a esperança brilhando de novo nos olhos
da nossa gente. Vi a indignação com as coisas muito erradas que estão
acontecendo e a vontade de melhorar de vida outra vez.
Foi para corrigir tantos erros e renovar a esperança no
futuro que decidi ser candidato a presidente. E apesar das mentiras e da perseguição,
o povo nos abraçou nas ruas e nos levou à liderança disparada em todas as
pesquisas.
Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não
cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado.
Continuo desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4
a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém
por crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos
indeterminados.
Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança
política, sempre usando medidas de exceção contra mim. Eles não querem prender
e interditar apenas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Querem prender e
interditar o projeto de Brasil que a maioria aprovou em quatro eleições
consecutivas, e que só foi interrompido por um golpe contra uma presidenta
legitimamente eleita, que não cometeu crime de responsabilidade, jogando o país
no caos.
Vocês me conhecem e sabem que eu jamais desistiria de
lutar. Perdi minha companheira Marisa, amargurada com tudo o que aconteceu a
nossa família, mas não desisti, até em homenagem a sua memória. Enfrentei as
acusações com base na lei e no direito. Denunciei as mentiras e os abusos de
autoridade em todos os tribunais, inclusive no Comitê de Direitos Humanos da
ONU, que reconheceu meu direito de ser candidato.
A comunidade jurídica, dentro e fora do país,
indignou-se com as aberrações cometidas por Sergio Moro e pelo Tribunal de
Porto Alegre. Lideranças de todo o mundo denunciaram o atentado à democracia em
que meu processo se transformou. A imprensa internacional mostrou ao mundo o
que a Globo tentou esconder.
E mesmo assim os tribunais brasileiros me negaram o
direito que é garantido pela Constituição a qualquer cidadão, desde que não se
chame Luiz Inácio Lula da Silva. Negaram a decisão da ONU, desrespeitando o
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que o Brasil assinou
soberanamente.
Por ação, omissão e protelação, o Judiciário brasileiro
privou o país de um processo eleitoral com a presença de todas as forças
políticas. Cassaram o direito do povo de votar livremente. Agora querem me
proibir de falar ao povo e até de aparecer na televisão. Me censuram, como na
época da ditadura.
Talvez nada disso tivesse acontecido se eu não
liderasse todas as pesquisas de intenção de votos. Talvez eu não estivesse
preso se aceitasse abrir mão da minha candidatura. Mas eu jamais trocaria a
minha dignidade pela minha liberdade, pelo compromisso que tenho com o povo
brasileiro.
Fui incluído artificialmente na Lei da Ficha Limpa para
ser arbitrariamente arrancado da disputa eleitoral, mas não deixarei que façam
disto pretexto para aprisionar o futuro do Brasil.
É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma
decisão, no prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e
à Coligação “O Povo Feliz de Novo” a substituição da minha candidatura pela do
companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou com extrema
lealdade a posição de candidato a vice-presidente.
Fernando Haddad, ministro da Educação em meu governo,
foi responsável por uma das mais importantes transformações em nosso país.
Juntos, abrimos as portas da Universidade para quase 4 milhões de alunos de
escolas públicas, negros, indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram
antes esta oportunidade. Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o
Fundeb, o Enem, o Plano Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes
mais escolas técnicas do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro.
Haddad é o coordenador do nosso Plano de Governo para
tirar o país da crise, recebendo contribuições de milhares de pessoas e
discutindo cada ponto comigo. Ele será meu representante nessa batalha para
retomarmos o rumo do desenvolvimento e da justiça social.
Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para
o País, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória
do povo. E o nosso nome agora é Haddad.
Ao lado dele, como candidata a vice-presidente, teremos
a companheira Manuela D’Ávila, confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB,
e que também conta com outras forças, como o PROS, setores do PSB, lideranças
de outros partidos e, principalmente, com os movimentos sociais, trabalhadores
da cidade e do campo, expoentes das forças democráticas e populares.
A nossa lealdade, minha, do Haddad e da Manuela, é com
o povo em primeiro lugar. É com os sonhos de quem quer viver outra vez num país
em que todos tenham comida na mesa, em que haja emprego, salário digno e
proteção da lei para quem trabalha; em que as crianças tenham escola e os
jovens tenham futuro; em que as famílias possam comprar o carro, a casa e
continuar sonhando e realizando cada vez mais. Um país em que todos tenham
oportunidades e ninguém tenha privilégios.
Eu sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e
será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad
para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos,
para fazer o Brasil feliz de novo.
Quero agradecer a solidariedade dos que me enviam
mensagens e cartas, fazem orações e atos públicos pela minha liberdade, que
protestam no mundo inteiro contra a perseguição e pela democracia, e
especialmente aos que me acompanham diariamente na vigília em frente ao lugar
onde estou.
Um homem pode ser injustamente preso, mas as suas
ideias, não. Nenhum opressor pode ser maior que o povo. Por isso, nossas ideias
vão chegar a todo mundo pela voz do povo, mais alta e mais forte que as
mentiras da Globo.
Por isso, quero pedir, de coração, a todos que votariam
em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para Presidente da República.
E peço que votem nos nossos candidatos a governador, deputado e senador para
construirmos um país mais democrático, com soberania, sem a privatização das
empresas públicas, com mais justiça social, mais educação, cultura, ciência e
tecnologia, com mais segurança, moradia e saúde, com mais emprego, salario
digno e reforma agrária.
Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante,
Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros.
Até breve, meus amigos e minhas amigas. Até a vitória!
Um abraço do companheiro de sempre,
Luiz Inácio Lula da Silva
No ggn