quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Reviravolta na prisão em fragrante de Empresário Tubaronense por crime ambiental

Foto: Polícia Civil/Divulgação/Notisul

Justiça manda libertar o empresário do ramo de engenharia de obras e ex-vereador Amilton Lemos,de 56 anos por crime ambiental.
O empresário foi detido na manhã de terça-feira e liberado pelo judiciário às 21 horas do mesmo dia. 

Segundo informa o delegado, André Luis Mendes da Silveira, responsável pela Delegacia de Trânsito e Crimes Ambientais, o inquérito sobre este caso correrá normalmente: “Foi realizado o flagrante. Após a prisão, o juiz optou por libertar o empresário. Se ele continuasse detido, tínhamos dez dias para concluir o inquérito. Como ganhou a liberdade de responder pelo crime, temos agora 30 dias para finalizá-lo” disse o  delegado.

Entenda o caso

O  Empresário foi preso em fragrante por depositar irregularmente materiais de construção civil sobre o solo, extração de cinza de forma incorreta, bem como permitir direção de veículo automotor a motorista não habilitado e colocar lixo em local impróprio que leva à proliferação de insetos e ratos, prejudicando à população.

Posição do Empresário

Foi uma prisão desnecessária. Eu tinha licença ambiental para trabalhar no local e, de forma alguma, prejudicaria a comunidade. Pelo contrário, pretendo transformar a área em um lugar agradável e acessível aos moradores da região”, declara Amilton.

O empresário destacou que tomará algumas medidas para retornar às atividades. Processo que dependerá primeiramente da liberação do embargo do imóvel pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

“Os moradores ligaram somente uma vez para falar sobre as cinzas. A poeira que chegou às casas ganhou proporções nos últimos dias em função de uma ventania. Quando retornarmos os trabalhos no terreno, irei colocar caminhões pipa para conter o pó e em breve substituirei as escavações com a colocação de argila”, explica Amilton.

Quanto aos entulhos de obras e lixos encontrados pela Polícia Civil no terreno, o advogado do empresário, Renato Poeta, afirma que seu cliente alega não descartar lixos e materiais que possam poluir a área. “Algumas coisas que os investigadores encontraram são embalagens jogadas por pedestres que passam no local, sem o consentimento do empresário. Ele pretende recuperar a área e ofereceu uma parte do terreno para o poder público abrir uma rua para a passagem dos moradores”, informa Renato.

Com informações do Jornal Notisul


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Pressão da sociedade faz Câmara de Vereadores de Imbituba SC reduzir diárias

 
Após denúncias de uso indevido e valores excessivos nas diárias, só em 2015 foram R$ 112 mil, a Câmara Municipal de Imbituba aprova projeto de Lei substitutivo que reduz o valor das diárias pagas aos servidores públicos.

Com o portal da transparência onde ficou as claras o uso abusivo do instituto das diárias, só o Presidente da casa em seis meses gastou R$ 7 mil reais, ficou insustentável continuar a gastança. 

O vereador Andersom Teixeira (PSD) percebendo o momento político apresentou projeto disciplinando “a farra das diárias” que foi ponto de partida para discussão e aprovação por unanimidade do PLs.

O nova Lei disciplina e fixa novas diretrizes para participação de vereadores e servidores em cursos, congressos, seminários, conferências, eventos similares e define que não serão devidas diárias para deslocamentos a Garopaba, Imaruí, Paulo Lopes e Laguna. 
Estima-se que haverá uma redução de 50% no uso da diárias.

O projeto foi encaminhado para o prefeito Jaison Cardoso (PSDB), que tem 15 dias para sancionar a lei ou encaminhar o veto à Câmara.

POSIÇÃO DO PAPA SOBRE ABORTO RECONCILIA IGREJA COM A REALIDADE

Ao anunciar que padres de todo mundo poderão perdoar mulheres que realizarem aborto e pedir anistia para as pessoas detidas em função de um procedimento que em muitos lugares é considerado crime, o Papa Francisco consumou um ato essencial para reconciliar a doutrina da Igreja com a realidade do mundo contemporâneo.

O papa não apoiou a legalização do aborto.  Nem anunciou qualquer revisão de um dos mais sólidos dogmas da igreja, que considera toda interrupção voluntária da gravidez como um atentado a vida e chega a colocar fiéis em risco ao proibir o uso de preservativos que podem impedir a contaminação pelo virus da AIDS.
Francisco esclareceu que o perdão só será concedido para aquelas mulheres que demonstrarem arrependimento.
Com isso, manteve-se no papel na defesa dos valores tradicionais da Igreja. Não poderia, como Papa, Sua Santidade e chefe político da Igreja, agir de outro modo. Mas sua medida vai no caminho adequado.  
Só para se ter uma ideia do valor dessa decisão. Em 2007, quando o antecessor Bento XVI estava no avião a caminho do Brasil, a discussão sobre aborto surgiu numa entrevista a 11 000 metros de altura. A questão foi provocada pela reação de bispos mexicanos, que haviam anunciado a excomunhão de parlamentares que haviam votado a favor de um projeto que legalizava o aborto. Bento XVI apoiou a punição -- enfaticamente.  
Anos mais tarde, num caso dramático ocorrido em Pernambuco, o Vaticano defendeu a excomunhão de uma menina de 9 anos que, estuprada pelo padrasto, ficara grávida de gêmeos.
Em 2009, Bento XVI chamou o embaixador do Brasil na Santa Sé para mandar um recado a Brasília, condenando não apenas o aborto, mas também as pesquisas com células- tronco embrionárias e a eutanásia.
Em 2010, dias antes do segundo turno da eleição presidencial, Bento XVI aproveitou um encontro com bispos do Maranhão para aconselhar que a Igreja recomendasse aos fiéis que votassem a favor do "bem comum". Na prática, a orientação do Papa ajudava a oposição. Fazia coro a uma campanha de lideranças religiosas -- católicas ou não -- que tentavam acusar Dilma de ter um plano secreto de legalizar o aborto depois da vitória, o que não tinha fundamento na realidade mas era uma mentira de grande utilidade para tirar votos.
Ao falar em perdão e arrependimento,  Francisco coloca o debate na perspectiva adequada.
Abandona o ponto de vista de quem pretende impor o ponto de vista de uma religião particular ao conjunto da sociedade, para reconhecer que se trata de uma questão a ser resolvida por cada um, de acordo com seus próprios valores e convicções.
Francisco fala para quem segue o catolicismo e suas regras -- e essa é uma forma de demonstrar respeito por quem tem outra fé ou mesmo não tem religião.
É um avanço que procura recuperar um atraso de três séculos -- período em que a humanidade compreendeu a imensa importância, para a democracia, da separação entre Igreja e Estado. 
Por Paulo Moreira Leite, blog

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Fato novo, empresário do sul do Estado de SC preso por crime ambiental.

"Disposição irregular de materiais de construção civil sobre o solo"

Entidades da sociedade civil denunciam anos após anos o abuso de retiradas de dunas, assoreamentos de lagoas e desmatamentos ilegais no sul do Estado de SC.
Hoje(1º) a Prisão em fragrante e inafiançável de empresário por crime ambiental pode desencadear uma reação em cadeia em outros municípios da região.
Confira matéria do Diário do Sul sobre a inédita prisão.

O empresário do ramo de engenharia de obras e ex-vereador Amilton Lemos, de 56 anos, foi preso na manhã desta terça-feira em Tubarão por crime ambiental. A prisão aconteceu após denúncias de moradores do bairro Fábio Silva sobre as atividades de extração de cinza que apresentava problemas.
Entre os crimes encontrados, conforme o delegado da Delegacia de Crimes Ambientais de Tubarão, André Luis Mendes, está a disposição irregular de materiais de construção civil sobre o solo. A extração de cinza não estava sendo feita de forma correta, bem como permitir direção de veículo automotor a motorista não habilitado e colocar lixo em local impróprio que leva à proliferação de insetos e ratos.
O empresário, que foi candidato a prefeito de Tubarão em 2004, foi preso em flagrante e deverá ser encaminhado ao Presídio Regional. Segundo o delegado, o crime é inafiançável.

Gilmar mendes é denunciado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por favorecer familiares

No dia 16 de junho de 2015 foi distribuído pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) uma representação contra o Ministro Gilmar Mendes, por ter sentado em cima de um processo em que havia interesses familiares concretos.

A autora é a advogada Aline Cavalcante Vieira. A representação lança acusações duras contra Gilmar. "No cenário político nacional é facilmente observado aqueles maus condutores dos poderes outorgados legitimamente pelo sufragio universal, (que) muitas vezes atuam como desertores da obrigação em cumprir com a representação dos interesses públicos. (...).

Refere-se à matéria tratada como "um desses casos, infelizmente não raros de corrupção, que atualmente assolam e envergonham a nação, que se faz necessário recorrer a esse órgão público para fins de representação em desfavor de um Ministro do STF".

Em 2008 Fernando Assef, o atual prefeito de Boa Viagem, interior do Ceará, foi processado e condenado por improbidade administrativa, pelo crime de apropriação indébita. Ele conseguiu uma liminar que permaneceu cálida até 2012, garantindo-lhe uma segunda candidatura.

A condenação e a inegibilidade foram confirmadas pelo Tribunal de Contas e pela Câmara Municipal
O caso foi parar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e se arrastou por dois anos.
Assef era filiado ao PSD e aliado do PT. No dia 14 de agosto de 2014 passou a apoiar as candidaturas de Eunício Oliveira (deputado pelo PMDB) e Tasso Jereissatti (candidato ao senado pelo PSDB). O padrinho político de Assef foi o suplente de Tasso, Chiquinho Feitosa.

No dia anterior, 13 de agosto, com o processo no TSE, já concluído para julgamento, o relator Gilmar Mendes senta em cima. Mesmo com seu voto contrário, a maioria do TSE declararia a inelegibilidade do acusado, por ser matéria pacificada. Mas, assim como na votação do financiamento privado de campanha, Gilmar trancou o processo e não abre.

E aí começam a aparecer coincidências comprometedoras.
No mesmo dia, o prefeito muda de advogado, que passa a ser Guilherme Pitta.

Pitta trabalha no escritório do advogado Sérgio Bermudes, que tem em seus quadros a advogada Guiomar Feitosa, esposa de Gilmar. Por sua vez, Guiomar é irmã de Chiquinho Feitosa - que, por obra dos laços de família, vem a ser cunhado de Gilmar.
O Código de Processo Civil, de 1973, estipula o seguinte em seu artigo 134:

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte; 
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; 
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; 

IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; 

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau.
 
Sobre cunhadismo e mamelucos:

A instituição social que possibilitou a formação do povo brasileiro foi o cunhadismo, velho uso indígena de incorporar estranhos à sua comunidade. Consistia em lhes dar uma moça índia como esposa. Assim que ele a assumisse, estabelecia, automaticamente, mil laços que o aparentavam com todos os membros do grupo [...] A importância era enorme e decorria de que aquele adventício passava a contar com uma multidão de parentes, que podia pôr a seu serviço, seja para seu conforto pessoal, seja para a produção de mercadorias. (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, 2010, p. 72)
Os brasilíndios foram chamados de mamelucos pelos jesuítas espanhóis horrorizados com a bruteza e desumanidade dessa gente castigadora de seu gentio materno. Nenhuma designação podia ser mais apropriada. O termo originalmente se referia a uma casta de escravos que os árabes tomavam de seus pais para criar e adestrar em suas casas-criatórios, onde desenvolviam o talento que acaso tivessem. Seriam janízaros, se prometessem fazer-se ágeis cavaleiros de guerra, ou xipaios, se covardes e servissem melhor para policiais e espiões. Castrados, serviriam como eunucos nos haréns, se não tivessem outro mérito. Mas podiam alcançar a alta condição de mamelucos se revelassem talento para exercer o mando e a suserania islâmica sobre a gente de que foram tirados. (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, 2010, p.96)
Jornal GGN - Luiz de Queiroz



Operação Zelotes



Sonegação envolvem as empresas Rede Brasil Sul (RBS), Gerdau, Cimento Penha, Boston Negócios, JG.Rodrigues, café Irmãos Júlio, Mundial-Eberle, Ford, Mistubishi, Santander e Safra.
O jornal Valor Econômico divulgou que “Entre o fim de agosto e início de setembro o Ministério Público Federal encaminhará à Justiça a primeira leva de denúncias baseadas nas apurações da Operação Zelotes, da Polícia Federal”.
A informação foi dada pelo procurador responsável pelo caso, Frederico Paiva. “O número de denunciados será elevado”, diz ele.

Deflagrada no fim de março, a Operação decorreu de uma carta anônima entregue num envelope pardo à Polícia Federal. A Zelotes investiga um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país.

A suspeita é a de que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, para reverter ou anular multas por sonegação fiscal
A entidade é um tribunal administrativo formado por representantes da Fazenda e dos contribuintes (empresas) que julga hoje processos que chegam ao montante estratosférico de R$ 580 bilhões.

Nesse aspecto, vale comentar que o nível espantoso de sonegação de impostos no Brasil é responsável pela má qualidade dos serviços públicos e pela alta carga tributária. Como muitos sonegam, os impostos têm que ser mais altos para que quem não tem como fugir de pagá-los (como bancos e trabalhadores, que têm desconto dos impostos na folha de pagamento) pague a conta dos que têm.

Apesar disso, criou-se, no Brasil, um conceito absurdo – inaceitável em qualquer país civilizado – de que “sonegar não é crime”.

Esse conceito é verbalizado e escrito abertamente, de uma forma tão descarada que na manifestação contra o governo Dilma, no último domingo, vários manifestantes portavam cartazes pregando sonegação.

Não se pode, no entanto, culpar cem por cento essas pessoas, já que o culto à sonegação é imenso, no Brasil.
Isso ocorre em nível tão alto que meliantes travestidos de “jornalistas” chegam a escrever artigos defendendo a sonegação, como no texto publicado no ano passado no site Jus Brasil que leva um título que reproduz a frase contida na imagem acima:

O artigo “Sonegar imposto é errado? Nem sempre. No Brasil, é legítima defesa”, foi escrito por um tal de Aluízio Couto. O autor faz uma defesa apaixonada da sonegação de impostos e chega a relatar que seus amigos sonegam porque não concordam em “ter o governo como sócio”.
Essa gente costuma se referir aos Estados Unidos como modelo a ser seguido. Se alguém escrevesse um artigo como esse por lá, no entanto, iria ver o sol nascer quadrado rapidinho.

O crime de sonegação fiscal, porém, deixa o de corrupção no chinelo. Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos, calcula o presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo.

Já o custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões, informa José Ricardo Roriz Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, com base em cálculos recentes.

A Operação Zelotes, portanto, poderia tirar o Brasil do ajuste fiscal, se vingasse. Estima-se que envolve o montante sonegado de 19 bilhões de reais, muito mais do que o ajuste fiscal do governo, agora reduzido para cerca de 8 bilhões de reais.

O nome Zelotes vem do adjetivo zelote, referente àquele que finge ter zelo. O nome da Operação da PF faz alusão ao contraste entre a função dos conselheiros do Carf de resguardar os cofres públicos e os possíveis desvios que efetuaram.
À frente da investigação está o procurador do Ministério Público Federal Frederico Paiva. Recentemente, ele palestrou no seminário “O novo Carf: o que esperar do colegiado com as mudanças”. O evento foi promovido pela InterNews na quarta-feira (12/8), em São Paulo.

Paiva prega que os cerca de 200 conselheiros do Carf passem a ser remunerados e sejam servidores públicos concursados, já que ter conselheiros vinculados às empresas que não recebem nada para atuar no órgão seria a causa da corrupção.

Para entender o procurador, basta refletir sobre por que advogados e outros representantes de empresas trabalhariam de graça se não fosse para terem como dar “jeitinhos” nos processos de seus amigos e clientes – eles vendem “pedidos de vista”, por exemplo, por valores que vão de 50 a 300 mil reais; esses pedidos de vista interrompem a tramitação dos processos de cobrança de impostos sonegados.

Paiva confessou que inveja o tratamento que o juiz federal Sergio Moro tem dado aos pedidos dos membros do Ministério Público Federal paranaense na operação “lava jato”, já que só agora conseguiu fazer a investigação andar após ter conseguido a substituição de um juiz que estava “trancando o caso”.

O procurador ainda acusa a mídia de não se interessar por crimes contra a ordem pública que lesam muito mais o país do que a corrupção de políticos. Segundo Paiva, a mídia só se interessa por escândalos se envolverem certos políticos – ou seja, os do PT e seus aliados.

Contudo, o procurador conseguiu fazer o processo andar. Não estava andando por conta da atuação do juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Soares Leite rejeitou todos os pedidos de prisão temporária e quebras de sigilo dos investigados. O MPF, então, representou ao Conselho Nacional de Justiça e conseguiu substituir o juiz “engavetador” pela juíza Marianne Bezerra Sahtler Borré, quem Leite considera “dedicada” e na qual manifestou “confiança”.

Os casos mais consistentes, segundo o procurador, envolvem as empresas Rede Brasil Sul (RBS), Gerdau, Cimento Penha, Boston Negócios, JG.Rodrigues, café Irmãos Júlio, Mundial-Eberle, Ford, Mistubishi, Santander e Safra.
Eis uma boa razão para a investigação não andar, não é mesmo?
Algumas dessas empresas, porém, mantêm vínculos estreitos com grupos de mídia, sobretudo com a Globo.

O Grupo Gerdau, por exemplo, teria subornado conselheiros do Carf para cancelar multas no montante de incrível R$ 1,2 bilhão. O dono do negócio, Jorge Gerdau Johannpeter, é um dos financiadores do Instituto Millenium, criado em parceria com a Editora Abril e que vem tendo forte atuação política contra os governos do PT.
Já a RBS, que retransmite a programação da Globo no Sul do país, é acusada de pagar R$ 15 milhões em propinas para anular dívidas de mais de R$ 150 milhões de reais com a Receita Federal. Porém, os débitos totais da RBS chegam a R$ 672 milhões.

A página do Grupo RBS na internet afirma que a empresa é “Uma das maiores empresas de comunicação multimídia do Brasil e maior afiliada da Rede Globo”.

Quando o grupo da família Sirotsky descobriu que estava sendo investigado pela Polícia Federal, em março, emitiu uma nota que, sem assinatura, seria confundida com as que políticos divulgam quando são flagrados em esquemas de corrupção:

Desde a manhã deste sábado, o Grupo RBS tem sido citado entre as empresas que estariam sendo investigadas na chamada Operação Zelotes. Essa notícia foi difundida inclusive por nossos veículos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, conforme os preceitos editoriais que regem nossa relação com o público.

A empresa divulgou a seguinte nota aos veículos que a procuraram: “A RBS desconhece o teor da investigação e nega qualquer irregularidade em suas relações com a Receita Federal”. Adicionalmente, a empresa transmite a todos os seus colaboradores e ao público a sua total tranquilidade quanto à lisura e à transparência dos procedimentos junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), bem como em todos os seus atos externos e internos em todas as áreas.

A RBS não foi procurada para fornecer qualquer informação sobre a suposta investigação e confia na atuação das instituições responsáveis pela apuração para o devido esclarecimento dos fatos, que, como sempre, seguirão tendo cobertura normal de nossos veículos
Poucos dias depois da emissão dessa nota, o presidente Executivo do grupo RBS, Duda Sirotsky, mudou um pouco a versão da empresa que dirige e fez um pedido “emocionado”:
A Receita Federal deve estar falando de uma operação que fizemos com a Telefônica, supostamente em 2011. Mas a RBS não agiu por mal. Nós apenas contratamos, inadvertidamente, um dos escritórios de advocacia hoje identificado como sendo de lobistas que subornavam conselheiros do Carf. Por favor, acreditem: eu não sabia de nada

Crédito: Correio Brasiliense






domingo, 30 de agosto de 2015

Bispos emitem nota em defesa da democracia


Coletiva de imprensa, realizada hoje, 27 de agosto, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota aprovada pelo Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) sobre o momento atual da vida do País.
Na mensagem, a Conferência afirma que se paga “um alto preço pela falta de vontade política de fazer as reformas urgentes e necessárias, capazes de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com justiça social quais sejam as reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do judiciário”.
Ao recordar as palavras do papa Francisco, a CNBB diz que “é urgente resgatar a credibilidade da atividade política em que seja fortalecida a cultura inclusiva e democrática, pois um 'método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de construção da sociedade é uma chantagem', e 'nenhum político pode cumprir o seu papel, seu trabalho, se se encontra chantageado por atitudes de corrupção’”.

Leia a nota na íntegra:


Nota a favor do Brasil

“Os que querem enriquecer caem em muitas tentações e laços, em desejos insensatos e nocivos, que mergulham as pessoas na ruína e perdição. Na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,9-10).
A população brasileira acompanha, apreensiva, a grave crise que atinge o país, procurando conhecer suas origens, resistir às suas consequências e, sobretudo, vislumbrar as soluções. A realidade é dura e traz de volta situações que, por algum tempo, haviam diminuído significativamente como o desemprego, a inflação e a pobreza.
Pagamos um alto preço pela falta de vontade políticade fazer as reformas urgentes e necessárias, capazes de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com justiça social quais sejam as reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do judiciário. O gasto com a dívida pública, o ajuste fiscal e outras medidas para retomada do crescimento colocam a saúde pública na UTI, comprometem a qualidade da educação, inviabilizam a segurança pública e inibem importantes conquistas sociais.  
A corrupção, metástase que atinge de morte não só os poderes constituídos, mas também o mundo empresarial e o tecido social, desafia a política a seguir o caminho da ética e do bem comum. Combatê-la de forma intransigente supõe assegurar uma justa investigação de todas as denúncias que vêm à tona com a consequente punição de corruptos e corruptores. A corrupção, gerada pela falta de ética e incentivada pela impunidade, não pode ser tolerada.
É urgente resgatar a credibilidade da atividade política em que seja fortalecida a cultura inclusiva e democrática, pois um“método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de construção da sociedade é uma chantagem”, e “nenhum político pode cumprir o seu papel, seu trabalho, se se encontra chantageado por atitudes de corrupção”(Papa Francisco aos representantes da sociedade civil, no Paraguai, 11 de julho de 2015). A chantagem “é sempre corrupção”.Lamentavelmente, o cenário político brasileiro não está isento desta condenável prática.
É inaceitável que os interesses públicos e coletivos se submetam aos interesses individuais, corporativos e partidários. As disputas políticas exacerbadas podem comprometer a ordem democrática e a estabilidade das instituições. Garantir o estado de direito democrático é imperativo ético e político dos brasileiros, mormente dos que não viveram nem testemunharam as arbitrariedades dos tempos de exceção. O bem do Brasil exige uma radical mudança da prática política.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através do Conselho Episcopal Pastoral-Consep, reunido em Brasília, nos dias 25 e 26 de agosto, reafirma o diálogo e a luta contra a corrupção como meios para preservar e promover a democracia. Nesse diálogo, devem tomar parte os poderes constituídos e a sociedade civil organizada. Com o Papa Francisco, lembramos que “o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança” (Discurso aos participantes do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, Bolívia, 9 de julho de 2015).
O Espírito Santo nos ajude a dar a razão de nossa esperança e nos anime no compromisso de agir juntos pelo bem comum do povo brasileiro.
                  Brasília, 26 de agosto de 2015. 
                     Dom Sergio da Rocha
                Arcebispo de Brasília-DF
                   Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
           Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
                      Vice-presidente da CNBB

 Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB