quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A morte do ator e cantor Pierre Barouh, embaixador da música brasileira



Do Jornal GGN - Morreu ontem (28), em Paris, o ator, cantor e compositor francês Pierre Barouh, aos 82 anos. Barouh era considerado como um embaixador da música brasileira na Europa e era conhecido por sua participação no filme Um Homem e Uma Mulher, de Claude Lelouch.

Barouh veio ao Brasil na década de 60 e se tornou amigo de compositores como Tom Jobim. Entre seus trabalhos, está ‘Samba Saravah', com Baden Powell, que presta homenagem a músicos brasileiros como Pixinguinha e Vinicius de Moraes.



LEIA MAIS »

O jogo das elites para implantar o 'capitalismo de desastre' no Brasil


Do Marco Zero, no GGN

Nassif explica o jogo das elites e dos EUA para implantar o “capitalismo de desastre” no Brasil

por Laércio Portela
A crise brasileira deve se agravar com mais arrocho e desemprego até que setores do mundo político tenham o bom senso de fechar um acordo para tirar o país do caos. Essa é a expectativa do jornalista e blogueiro Luis Nassif. Profissional com décadas de experiência na cobertura da cena política e do mundo dos negócios, Nassif tem sido um dos analistas mais produtivos e argutos do turbulento quadro nacional.


Recentemente, o jornalista esteve no Recife para duas palestras, uma a estudantes da Faculdade de Direito e outra numa Plenária do movimento sindical, no Sindicatos dos Bancários, por iniciativa da Tempus Comunicação e da CUT. Entre as duas, bateu um papo com a reportagem da Marco Zero Conteúdo. Nassif fez um diagnóstico perturbador sobre as origens da crise brasileira e avaliou os males que rondam o nosso futuro. Mas ele ainda aposta na busca de entendimento de atores políticos antagônicos para tirar o país do atoleiro.

Municípios da Amurel receberão R$ 10 milhões

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) informou os valores que efetivamente serão creditados na conta dos municípios referentes à multa da repatriação. A região da Amurel vai receber R$ 10.226.510,36 líquidos.

Ao todo, em Santa Catarina serão R$ 216.903.471,81 que virão para os municípios. O recurso deve ser creditado no dia 30 de dezembro, conforme estabelecido pela Medida Provisória nº 753/2016.

Sobre o montante incidirão os limites constitucionais para saúde (15%) e educação (25%) e ainda a dedução de 20% do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Tubarão vai receber R$ 1.722.359,65, enquanto Laguna ganha R$ 1.076.474,79, e Imbituba, R$ 968.827,30.


Entenda a Lei

A Lei 13.254, de janeiro de 2016, garantiu a regularização cambial e tributária sobre a repatriação de recursos, bens ou direitos lícitos, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no Brasil.


Pela lei, do valor repatriado cabe o pagamento de 15% de Imposto de Renda, a título de capital, somados a 100% de multa sobre o imposto apurado. O valor da multa não seria compartilhado com os municípios, apenas os 15% do IR, seguindo os critérios do FPM. No entanto, a atuação municipalista conseguiu que o governo federal dividisse o valor da multa, o que foi oficializado na Medida Provisória nº 753/2016.

Com informações Jornal Notisul

Pescadores realizam protesto

Instituto Guardiões dos Botos reivindica atenção com os animais e mais vigor na fiscalização das pescas clandestinas. - Foto: Instituto Guardiões dos Botos/Divulgação/Notisul

Um boto pescador foi encontrado morto no rio Carniça, em Laguna. Essa é a primeira morte da alta temporada no município.
Estrelinha não brilha mais. O golfinho da espécie nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) foi encontrado morto, no rio Carniça, em Laguna, nessa terça. O animal pesava 200 quilos, tinha 2,3 metros e era macho. Ele atendia pelo nome de Estrelinha e estava enroscado com linhas de pesca clandestina. A causa da morte ainda é investigada.

A Polícia Militar Ambiental foi chamada para atender a ocorrência e o golfinho foi recolhido pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Esta é a primeira morte da temporada de verão, mas durante o ano, pelo menos outros dois animais da mesma espécie foram encontrados sem vida.

Em protesto às constantes mortes da espécie, o Instituto Guardiões dos Botos reuniu um grupo de pescadores com faixas chamando a atenção para a causa.  

“Os Botos Pescadores de Laguna estão morrendo rapidamente, de forma triste e cruel, em redes de pesca clandestinas, e adoecendo pela poluição das águas. 

Vamos fazer um grande mutirão de requerimentos ao poder judiciário, Ministério Público e outras autoridades, para que criem um plano emergencial de ações para proteção e preservação do Boto Pescador”, reivindica o instituto, que compartilhou as imagens do protesto nas redes sociais.

Com informações do Jornal Notisul

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Sindalesc denuncia “trem da alegria” na Alesc, Por Sergio Rubim


Por Sergio Rubim no Cangablog

Xadrez de como o MPF tornou-se uma força antinacional, por Luis Nassif


por Luis Nassif

Peça 1 - o cenário pré-Lava Jato
A Lava Jato vai revelando dois aspectos do estágio de desenvolvimento brasileiro.
O primeiro, a corrupção endêmica e generalizada que foi apodrecendo o sistema político sem ser enfrentada por nenhum partido. Era o tema à vista de todos e há décadas percebido pela opinião pública, o único tema capaz de provocar a comoção geral.
O segundo, as indicações de que o país estava a caminho de se transformar em uma potência média, repetindo a trajetória de outras potências, inclusive no atropelo das boas normas.
Como potência média, ainda não havia desenvolvido internamente legislações e regulamentos que disciplinassem o financiamento político, que blindassem as empresas que representassem o interesse nacional, os procedimentos que impedissem  que o combate à corrupção comprometesse setores da economia. Enfim, todo esse aparato jurídico-político com que as nações desenvolvidas desenvolvem e blindam suas empresas e até tratam com tolerância, criando uma zona de conforto para que possam pular os limites, nos casos de ampliação do chamado poder nacional.
O Brasil trilhava o caminho de potência média, mas sem essas salvaguardas e sem os cuidados necessários.
Os arquivos da Odebrecht revelam influência no México, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Guatemala, República Dominicana e Panamá, nas eleições de vários países da região, na esteira da ampliação da influência diplomática brasileira, além da notável expansão das empreiteiras na África e América Latina (https://goo.gl/oyxNpa).
Por outro lado, desenvolvia-se uma indústria de defesa autônoma, com absorção de tecnologias avançadas e inúmeras possibilidades abertas com a quase consolidação dos BRICS e das parcerias com a China e seus bancos de desenvolvimento. Avançava-se nos submarinos, nos satélites e na informática.
Com a descoberta do pré-sal, o país se projetava como um dos futuros grandes produtores de energia, desenvolvendo paralelamente uma indústria naval potente e uma grande cadeia de fornecedores para as mais diversas necessidades, de máquinas, equipamentos, caldeiraria a sistemas informatizados de ponta.
Nascia uma nova potência.
Mas havia uma pedra no meio do caminho: a falta de foco interno sobre o chamado interesse nacional e uma corrupção generalizada na política. Em cima dessa vulnerabilidade, desse calcanhar de Aquiles, o Reino foi buscar seus campeões, os candidatos a Paris, os jovens mancebos do Ministério Público Federal capazes de, a pretexto do combate à corrupção, liquidar com as pretensões nacionais.
É assim que se inicia nossa história. Antes de prosseguirmos, um pouco das disputas históricas entre potências estabelecidas e candidatas a potência.
Peça 2 – o complexo de vira-lata
Qualquer obra de história da economia identificará o desenvolvimento como um processo gradativo. A estratégia de cada país deve se dar de acordo com suas circunstâncias, com seu grau de desenvolvimento, com o nível de competitividade da sua economia.
Desde a primeira metade do século 19 consagrou-se o conceito do "chutando a própria escada" na economia política.
Coube ao economista alemão Friedrich List (1789-1846) decifrar o jogo das potências. Com um diagnóstico correto dos fatores de desenvolvimento, List ajudou a Alemanha a desenvolver o Sistema Nacional de Inovação e a consagrar o conceito da união nacional como fator essencial de consolidação econômica e política.
A nova ciência preconizava que da ambição de cada indivíduo se faria o progresso. List rebatia que nem toda iniciativa era virtuosa e caberia ao Estado definir um projeto de país no qual pudessem ser canalizadas as iniciativas de seus cidadãos.
Para se tornar a primeira superpotência da era industrial, a Inglaterra se valeu de todos os recursos que tinha à mão. Praticou pirataria, impôs acordos comerciais lesivos aos parceiros, protegeu seu mercado da invasão dos produtos têxteis indianos, criou reservas de mercado para sua armada, e demanda para seus estaleiros.
Montou um mercado global para seus produtos. Consolidado o mercado,cada fazendeiro que resolvesse mudar de ramo adquiria uma pequena máquina têxtil. O mercado era tão grandioso que em menos de um ano triplicava sua produção, principalmente porque o setor era protegido da invasão dos têxteis indianos, de muito melhor qualidade.
Chutando a própria escada
Depois de consolidado seu poder sobre o mercado global, a Inglaterra passou a defender o livre mercado, a abolição de práticas protecionistas, insurgiu-se contra o tráfico negreiro, não por razões humanitárias - que não cabiam em quem impôs à Índia um imperialismo sangrento -, mas puramente econômicas.
A maneira de chutar a própria escada foi com a cooptação de políticos e intelectuais de outros países. Através de cursos e visitas à Inglaterra voltavam deslumbrados com o avanço do país e passavam a vender a ideia que a modernidade consistia em emular o estilo que a Inglaterra adotara depois de ter se tornado potência.
Mais arguto observador do seu tempo, List teve papel relevante para convencer seus conterrâneos que o processo de desenvolvimento se dava em estágios. Daí, a impossibilidade de países pré-industriais emularem estratégias de países já plenamente industrializados, se desarmando de todos os instrumentos de defesa da produção e do mercado internos antes de atingirem o estágio dos países desenvolvidos.
Em 1792, o então secretário do Tesouro norte-americano, Alexander Hamilton, apresentou o "Report of Manufactures", o primeiro projeto de defesa das manufaturas norte-americanas, em reação ao protecionismo que havia na Europa. As tarifas iniciais foram insuficientes. Mas em 1808, com a guerra explodindo, o comércio com a Europa foi interrompido. Em um ano, o número de indústrias têxteis saltou de 8.000 para 31 mil. Quando o livre comércio foi retomado, veio de novo a crise.
Eram essas evidências que List ia buscar para desenvolver os princípios de sua economia política
List não conhecia o termo "vira lata" para descrever os internacionalistas deslumbrados de seu tempo. Mas descreveu de forma definitiva a maneira como as sub-elites intelectuais alemãs aderiram ao discurso inglês, por modismo, ignorância ou para poder ascender social ou profissionalmente junto aos setores ligados ao exterior. Em suma, o avesso do avesso desse rapaz deslumbrado, o Deltan Dallagnoll.
 No entanto, foi através desse deslumbramento de procuradores, procurando emular os yuppies do mercado financeiro, que a geopolítica norte-americana conquistou seu mais notável feito: o da judicialização da política nos países democráticos, promovendo a maior quantidade de desestabilizações políticas da história, sem envolver um míssil sequer nos embates. E o instrumento utilizado foi o instituto da cooperação internacional contra a corrupção.
Afinal, ser contra o combate à corrupção, quem haveria de?
 Peça 3 - a cooperação internacional contra a corrupção
Nas últimas décadas, Síria, Egito, Líbia e Iraque se constituíram na aliança mais expressiva contra o eixo Estados Unidos-Israel no Oriente Médio.
Contra a Líbia, se buscou o álibi da derrubada do ditador sanguinário; o mesmo na Síria e no Egito; no Iraque, o combate às armas químicas de alta letalidade, que jamais foram encontradas. Países inteiros foram destruídos e submetidos a sistemas muito mais cruéis.
Paralelamente, contra a Índia, a socialdemocracia portuguesa, espanhola, alemã e francesa, montaram-se campanhas com denúncias a granel, produzidas pela cooperação internacional.
Essa nova forma de atuação geopolítica surge no momento em redesenhava-se a geografia mundial.
Nos anos 80, a estratégia norte-americana de abrir mão de setores industriais permitiu a explosão de novos centros industriais pelo planeta. Criou-se um quadro acomodatício com os EUA criando empregos na China e na Ásia e os chineses financiando o consumo norte-americano.
O sonho acabou em 2008 e, ali, a China já se projetava como potência industrial tornando-se o chão de fábrica do mundo enquanto a Índia se convertia no chão de escritório, com seus serviços de informática. Os BRICS se projetam criando seu próprio banco de desenvolvimento e anunciando o lançamento próximo de sua própria moeda e o Brasil, além de potência agroexportadora, se projeta com suas siderúrgicas e empreiteiras ocupando espaços na América Latina e África.
Por outro lado, desde os anos 80 a liberalização financeira provocara a proliferação de paraísos fiscais, por onde circulavam recursos dos petrodólares, dos magnatas japoneses, dos narcotraficantes colombianos, dos plutocratas russos, dinheiro de corrupção política e pública. A maneira de enfrentar essas práticas foi através da globalização da repressão.
Dos anos 90 para cá foram construídas três grandes convenções internacionais contra a corrupção, que serviram de alavanca principal para o processo global de judicialização da política.
A.     Convenção Interamericana contra a Corrupção, concluída em Caracas, Venezuela, em 29 de março de 1996, patrocinada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
B.     Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, concluída em Paris, França, em 17 de dezembro de 1997, patrocinada pela OCDE.
C.     Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003, assinada pelo Brasil em 9 de dezembro de 2003 e promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006. Também conhecida como UNCAC (United Nations Convention Against Corruption) ou ainda como Convenção de Mérida, cidade do México onde foi assinada.
Essas convenções passam a estimular a cooperação recíproca entre países, por meio de assistência técnica, treinamento, cooperação jurídica internacional, parcerias formais e trocas de informações por vias informais. E passaram a promover o envolvimento da sociedade civil, através das organizações não governamentais (ONGs).
Dois pontos saltaram à vista na consolidação dessas políticas.
1. Os interesses econômicos explícitos, na criação de regras internacionais para impedir que atos de corrupção pudessem atrapalhar a livre competição. A preocupação inicial era com a concorrência desleal no comércio exterior. Tanto que foi a partir de estudos da  SEC (a CVM dos EUA) que surge a Convenção sobre Corrupção de Funcionários Públicos em Transações, bancada pela OCDE.
2. O conceito de soberania nacional como principal adversário da cooperação. Inicialmente, devido à dificuldade em extraditar criminosos, por conta de conceitos tortos de soberania.
 Peça 4 - a demonização do conceito de Nação 
Para a área de direitos humanos, o conceito de Nação sempre foi negativo. Era através dele que se criavam distinções entre cidadãos da terra e imigrantes, que se proibiam fluxos migratórios, que se impedia a extradição de criminosos comuns, de guerra ou aqueles que cometeram crimes contra a humanidade.
Nos anos 70, era comum o Brasil abrigar criminosos estrangeiros, protegidos pela não existência de tratados de extradição.  Em 2003, o STF negou a quebra de sigilo bancário no país, dizendo que o pedido atentava contra a ordem pública brasileira. Este ano, mesmo, o Supremo impediu a deportação de um criminoso de guerra argentino.
Com o tempo, passou-se a demonizar o próprio conceito de interesse nacional.
Vários artigos sobre o tema foram publicados no caderno "Temas de Cooperação Internacional" da Unidade de Cooperação Internacional do MPF. Como mencionado em um dos textos: "A cooperação jurídica internacional constrói a ideia de um espaço comum de justiça, com reconhecimento mútuo de jurisdições. Embora não se exija para ela a harmonização de legislações, é evidente que a transformação do mundo em uma aldeia global termina por promover essa ideia, inegavelmente ligada à relativização do dogma da soberania".
Os setores do MPF ligados à cooperação internacional passaram a tratar de forma negativa todo conceito de soberania como se, em todas as circunstâncias, fosse um obstáculo à inevitabilidade da nova ordem global. Como se soberania significasse o atraso e globalização a civilização. E interesse nacional fosse apenas um álibi para atrapalhar o trabalho dos justiceiros globais.
De repente, procuradores caboclos e delegados tupiniquins esquecem as origens, e são alçados à condição de polícias do mundo, ombreando-se com colegas norte-americanos, suíços, ingleses. As novas tropas globais passam a ser enaltecidas em séries de TV e, pouco a pouco, vão criando uma superestrutura acima dos poderes nacionais, dando partida à judicialização da política em nível global.
A criação de uma ideologia internacionalista e antinacional no MPF foi um trabalho bem mais meticuloso, no qual as conferências tiveram papel central.
Peça 5 – os controles legais nacionais
No início da década de 2000, no Brasil, surgiram três órgãos voltados a certos aspectos de contenciosos internacionais: em 2003, o Departamento Internacional (DPI) da Advocacia-Geral da União; em 2004, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça; em 2005 a Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do Ministério Público Federal. No MPF foram criadas unidades especializadas.
A autoridade central para a cooperação passou a ser o DRCI  da Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), do Ministério da Justiça. Apenas abria-se exceção para o acordo do Brasil com Portugal e com o Canadá, casos em que a autoridade central é a Procuradoria Geral da República.
Era através do DRCI que o Ministro da Justiça poderia exercer o controle sobre os pedidos da cooperação. Caberia a ele o suporte e orientação e o ponto de contato entre as autoridades brasileiras e internacionais para inquéritos policiais e processos penais. Permitindo, também, o controle de todas as cooperações pelo Ministro da Justiça.
No governo Dilma Rousseff, o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo abriu mão completamente desse trabalho, por inércia acabou entregando o controle total da cooperação à Procuradoria Geral da República.
Para se preparar para a cooperação, o MPF havia criado o Centro de Cooperação Jurídica Internacional (CCJI), ainda na gestão de Cláudio Lemos Fonteles. Em dezembro de 2010, na gestão de Roberto Gurgel, foi substituído pela Assessoria de Cooperação Jurídica Internacional (ASCJI).
Em setembro de 2013, em um dos primeiros atos do novo PGR Rodrigo Janot, foi criada a Secretaria de Cooperação Jurídica Internacional (SCI), pela primeira vez sob o comando de um procurador em regime de dedicação plena, contando com grupos de apoio para cada área de atuação.
Havia uma razão de ordem prática e outra de ordem política para a criação desses grupos especializados.
Peça 6 – a criação da comunidade das polícias do mundo
As Conferências constatavam que a posição dos países poderia variar, de acordo com o presidente ou parlamentares eleitos, atrapalhando a continuidade dos trabalhos.
Juntavam procuradores, delegados, fiscais de todas as partes do mundo, tendo em comum a ameaça da subordinação ao poder do Executivo, a quem caberia sempre a última palavra sobre a cooperação. Bastaria entrar um presidente avesso à cooperação internacional, para a estrutura interna desmoronar.
Para se impor sobre a vontade do Executivo, decidiu-se recomendar a cada país a criação de estruturas permanentes, comunicando-se entre si e articulando os trabalhos de juízes, procuradores, fiscais e delegados de polícia, de maneira a dar um by pass nas limitações jurídicas e políticas convencionais, com suas estruturas burocráticas, processos lentos de decisão e interesses particulares ou nacionais.
A troca direta de informações deveria ser pontual. No Brasil, tornou-se uma constante, principalmente devido à anomia do Ministério da Justiça.
A cooperação passou a estimular cada vez mais as comunicações diretas entre seus membros. Cada vez mais foram assinados tratados (ou iniciativas baseadas na reciprocidade) prevendo a comunicação direta entre órgãos do Judiciário, com eliminação das autoridades diplomáticas.
O objetivo principal foi colocar os inquéritos fora do alcance das autoridades do Executivo. Como diz um dos artigos: "Com as comunicações diretas, evita-se ainda o inconveniente de fazer com que autoridades do Executivo assumam atividades sem conexão com suas tarefas principais, participando dos atos de cooperação de forma demasiadamente desinteressada, formal ou burocrática. "
Surge, então, uma organização supranacional, que gradativamente tenta-se colocar acima dos governos nacionais. Os encontros anuais, as redes de relacionamentos, os sistemas de premiação oficiais ou de blogs internacionais especializados, tornam-se a bússola desse novo poder. A Convenção de Palermo induz à formação de equipes conjuntas de cooperação, ampliam-se as formas de contato direta, através de videoconferências e da criação de redes, como a Rede Judicial Europeia e a Rede Ibero-americana de Cooperação Jurídica Internacional.
accountability (prestação de contas) desses poderes envolvidos na luta contra a corrupção, passa a ser para os acordos de cooperação, não para os governos nacionais. Os vira-latas passam a disputar as premiações internacionais. E o tamanho do prêmio dependia dos recordes obtidos de prisões e de desmonte da economia dos seus países.
Em um quadro de ampla dissipação moral na política, bastava apenas apontar os adversários da globalização que o MPF se encarregava de decapitar, poupando e aliando-se aos aliados dos interesses centrais. É o que explica a ampla blindagem do PSDB.
Peça 7 – o conceito de Nação
 Um presidencialismo de coalizão que se enlameou com a corrupção, um Legislativo totalmente comprometido, um Supremo medroso, uma imprensa venal, Forças Armadas burocratizadas, tudo isso convergiu para abrir um espaço sem precedentes para o desmonte do país.
É em cima desse vácuo que cresceu a Operação Lava Jato. Em vez de instrumento para o saneamento amplo da política brasileira, tornou-se a responsável pelo maior trabalho de destruição da história da economia brasileira.
Nunca o sentimento de lesa pátria foi tão explícito em um dos poderes da República, provavelmente nem no Banco Central, quando promoveu o maior crescimento da dívida pública da história.
Jovens procuradores deslumbrados, com complexo explícito de vira-lata, juízes provincianos, uma corporação cega, sem um pingo de inteligência corporativa, chefiada por um Procurador Geral medíocre, sem  visão de país e dos jogos globais do poder, comandaram o primeiro tempo do jogo: o da destruição.
Haverá novos tempos. O poder político se reconstituirá, com partidos de extração política diversas.
Com um Congresso revigorado, ou um Executivo forte, haverá a prestação de contas. Não escaparão de uma CPI para analisar sua conduta antinacional. E essa conduta não está nos corruptos e corruptores que foram presos, nem mesmo nos abusos cometidos, na parcialidade flagrante das investigações. Mas em uma ação deliberadamente antinacional.
A CPI terá condições de analisar todos os acordos de cooperação, abrir as gavetas indevassáveis do Procurador Geral, levantar o que estava por trás dessa fúria antinacional, conferir o que ele foi fazer no Departamento de Justiça e em outros órgãos do governo dos EUA, levando informações contra a Petrobras e trazendo contra a Eletronuclear.
Mesmo antes disso, a imprudência com que o PGR atuou nesse período já está promovendo a volta do cipó de Aroeira: basta conferir a quantidade cada vez maior de reportagens tratando procuradores e juízes como marajás.
Antes da luta aberta, haverá o sufoco financeiro do MPF, prejudicando enormemente o trabalho sério e patriótico dos procuradores que continuaram acreditando no MPF como fator de defesa dos direitos dos vulneráveis e da modernização do Brasil.
Arquivo

O Homem Qualquer Golpista e o ideal de cidade limpa de Doria, por Luciana Itikawa

1.livro O Homem Sem Qualidades. R. Musil. Editora Nova Fronteira. 2. Reprodução imagens do Metrô de SP. Fonte: R7
O Homem Qualquer Golpista e o ideal de cidade limpa de Doria
A morte do ambulante Luis Carlos Ruas e a intolerância a mulheres, homossexuais, travestis, índios e gentes diferenciadas
Luciana Itikawa[1]no GGN

Seu nome era Ruas. Luis Carlos Ruas. Era um ambulante que trabalhava nas ruas de São Paulo há mais de 20 anos. Seu apelido era Índio. Foi morto cruelmente na noite do Natal de 2016 por dois homens. Ruas foi morto porque tentou impedir a agressão a um homossexual e uma travesti. Os criminosos identificados tiveram como motivação, como se não bastasse a hedionda homofobia, o aborrecimento com a mulher de um deles[2]. Nesta sexta, dia 30 de Dezembro de 2016, diversos movimentos sociais farão novamente um ato em homenagem ao ambulante, às 15hs na estação de metrô D. Pedro II.

Topograficamente, o local do crime é um território que a cidade quis atravessar e não parar. A estação de metrô D. Pedro II está no miolo de uma planície alagadiça - a baixada do Glicério, historicamente negada pelos urbanistas e atravessada por diversas pontes, incluindo a do próprio metrô. A baixada do Glicério foi a primeira periferia após a expansão da mancha urbana do centro histórico que transbordava de gente, sobretudo populares, ainda no século XIX. Em 1886, o Código de Posturas proibiu cortiços, forçando a primeira segregação socioespacial em direção à zona leste.
Ao chegar na entrada desta estação de metrô, mesmo na cota do chão, a sensação é como se estivéssemos descido no subsolo da cidade, tamanha a quantidade de concreto que atravessa esse espaço, cujo nome infeliz é Parque D. Pedro. Não é a toa que o entorno desta estação encontram-se várias populações negadas pela sociedade: pessoas em situação de rua, ambulantes, prostitutas, dependentes químicos, travestis, etc.
O próprio Poder Público institucionalizou no local a assistência a essas pesssoas, anteriormente através de albergues; hoje, em tendas de abrigo e convivência. Já que a cidade não pode escondê-los, ao menos ficam submersos aos olhos da riqueza que a atravessa.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Barco que levava time de futebol amador naufraga em Uganda


Sobreviventes do naufrágio são resgatados com ajuda de pescadores

No último domingo, uma embarcação que levava uma equipe de futebol amador em Uganda naufragou no Lago Albert, deixando ao menos nove mortos. Outras 21 pessoas estava desaparecidas.

O comandante da polícia local disse que o barco também levava torcedores da equipe do vilarejo de Kaweibanda, com um total de 45 pessoas. Quinze pessoas haviam sido resgatadas com vida.

A equipe e os torcedores iriam para o distrito de Hoima, para disputar uma partida amistosa em em comemoração ao Natal.As autoridades acreditam que o naufrágio foi causado pelo excesso de peso no barco. Algumas pessoas conseguiram sobreviver nadando até a margem do Lago Albert, que fica na divisa de Uganda com a República Democrática do Congo.

Do GGN


Moniz Bandeira: Um país que politiza a Justiça, acabou


Do Jornal GGN

"Para o mundo, o Brasil está na lata do lixo. Um Executivo desmoralizado, composto por políticos altamente corruptos, um Legislativo quase todo vendido e um Judiciário que politiza suas decisões. E ninguém mais tem ideologia", resumiu Luiz Alberto Moniz Bandeira em entrevista ao GGN.

Para o cientista político, autor de mais de 20 obras, entre elas "A Segunda Guerra Fria - Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos" (ed. Civilização Brasileira), o "Brasil hoje já não existe para os estrangeiros".

Na crise das instituições, Moniz destaca o Judiciário. Aos 81 anos de idade, afirma que nunca viu em sua vida um Supremo Tribunal Federal (STF) tão desmoralizado, "em que cada ministro atua como quer, toda hora falam à imprensa, adiantam suas decisões, politizam os julgamentos".

"É claro que há gente boa, mas de modo geral, os que estão estraçalham a imagem do Brasil. O STF sempre foi a Instituição mais respeitada. Nunca vi uma coisa dessa na vida. Um país que politiza a Justiça, acabou."

Além do Supremo, Moniz Bandeira lembrou da atuação da Justiça de primeira instância na Operação Lava Jato. Para ele, além de politizar os julgamentos, os investigadores e o juiz federal Sérgio Moro estão colaborando para a derrubada da economia brasileira.

"Eu creio que as cooperações, tanto do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e de Dallagnol [coordenador da força-tarefa], estão prestando serviço ao estrangeiro, a uma nação estrangeira e arrebentando as empresas nacionais de construção, as maiores, as que estão encarregadas de projetos importantes", ressaltou.

Para ele, o objetivo dos EUA é manter o Brasil sob controle, de forma a não ameaçar a soberania norte-americana. Com isso, às custas de figuras do Judiciário que se alimentam da imagem e da auto-promoção, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos consegue o apoio de procuradores, como se os mesmos fossem agentes da polícia americana.

"É uma forma de controlar o outro país, de espionar. E esses que estão nessa campanha da Lava Jato atuam como se fossem agentes. Mesmo não remunerados, o fato é que, objetivamente, estão a favorecer uma nação estrangeira contra o Brasil. Estão a trabalhar contra os interesses nacionais", disse.

As consequências disso, alerta o cientista político, são os prejuízos causados à economia nacional, "muito maiores do que toda a corrupção que tem". "O Brasil e as construtoras tem obras espalhadas em diversos países da América Latina e da África paralisadas num valor de mais de 6 bilhões de dólares", lembrou.

Por outro lado, a imagem criada de corrupção sobre as empresas brasileiras aqui, tanto pela imprensa, quanto pela campanha massiva do Judiciário, difere muito dos conceitos que os próprios norte-americanos têm de proteção de seu mercado. "Porque os financiamentos do BNDES, os Estados Unidos também fazem e outras nações, favorecendo as suas empresas nacionais. Não é verdade que financiou Cuba, financiou as empresas brasileiras, as indústrias nacionais, para que elas possam produzir e exportar", lembrou.

"Tem muitos [procuradores e investigadores] que são manipulados. Muitos não tem consciência disso não. Esses procuradores, Rodrigo Janot e outros, também estão por exibição, para autopromoção, estão querendo assumir o governo do país. Estamos todos agora no país deles", concluiu.

Sobre o acordo recente fechado pela Odebrecht, sob intermediação dos investigadores da Operação Lava Jato, com o Departamento de Justiça norte-americano, Moniz Bandeira ressaltou que se trata de um projeto que visa atingir a segurança brasileira.


"Os anos como pretendem, porque a Odebrecht está encarregada de várias projetos em defesa da soberania: a construção do submarino nuclear com tecnologia da França. Isto, a fiscalização dos Estados Unidos, é espionagem. A Odebrecht está encarregada de outros projetos, como a defesa da costa, também de segurança nacional, e outros. É um absurdo", manifestou. 

Leia mais: 

Ação da PF durante recesso do Judiciário prejudica Dilma, diz advogado

A operação da Polícia Federal para checar a capacidade operacional de gráficas contratadas pela campanha de Dilma Rousseff em 2014, em meio ao recesso do Judiciário, prejudica a defesa da ex-presidente, disse em nota o advogado Flávio Caetano. Ele atua na ação em que o PSDB pede a cassação da chapa vitoriosa contra Aécio Neves por abuso de poder econômica.

Segundo o informe, as gráficas vistoriadas pela PF a mando do ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, estavam dentro das exigências para contratação em período eleitoral. Prova disso é que a campanha de Aécio Neves e de José Serra também fizeram uso das mesmas empresas.

Caetano ainda criticou o fato de depoimentos terem sido colhidos por um juiz auxiliar do processo - por conta do recesso - sem o acompanhamento da defesa. Ele se disse "indignado" com essa medida, porque prejudica a ampla defesa e o contraditório.

Abaixo, a nota da defesa de Dilma no TSE, na íntegra:

Em relação à decisão do Ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre as empresas periciadas, a defesa de Dilma Rousseff manifesta-se nos seguintes termos:

1. Todas as empresas contratadas pela chapa Dilma-Temer atenderam aos requisitos legais de regularidade jurídica e de capacidade operacional, com a integral prestação dos serviços contratados, respeitados os critérios de preço de mercado, qualidade e quantidade do produto, e prazo de entrega.

2. As três gráficas periciadas prestaram serviços em campanhas eleitorais anteriores e a partidos políticos diversos como, por exemplo, a gráfica VTPB que prestou serviços as campanhas de Aécio Neves e José Serra nas eleições de 2014. A defesa de Dilma Rousseff juntou aos autos mais de 8 mil documentos em 37 volumes, que ainda não foram devidamente analisados pelos peritos judiciais e que comprovam cabalmente a regularidade dos serviços prestados.

3. Causa perplexidade que, decorridos quase dois anos de intensa investigação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seja proferida decisão judicial, a ser cumprida no período de recesso do Poder Judiciário, sem qualquer fundamento de urgência.

4. Da mesma forma, gera indignação que tal decisão permita que sejam colhidos depoimentos pelo juiz auxiliar sem o indispensável acompanhamento pelo advogados das partes, e que também seja produzida prova pericial sem o acompanhamento pelos respectivos assistentes técnicos.

5. Assim como a atuação da defesa de Dilma Rousseff foi fundamental para demonstrar o falso testemunho à Justiça Eleitoral praticado pelo Sr. Otávio Azevedo, deve-se assegurar o respeito ao contraditório e ampla defesa para que, uma vez mais, seja demonstrada a regularidade das despesas realizadas pela chapa Dilma-Temer em relação às empresas periciadas.


A defesa de Dilma Rousseff renova seu pleno respeito aos princípios de Estado Democrático de Direito e confia que a Justiça Eleitoral, novamente, reconhecerá a absoluta regularidade das despesas contratadas pela chapa Dilma-Temer.

Do Jornal GGN