...deputada
mostrou capturas de telas de internet que mostram conversas entre grupos de
políticos, assessores parlamentares e influenciadores digitais que seriam
ligados a Bolsonaro. Até o vice Mourão teria sido alvo. Ex-aliada,
deputada afirma também que assessores do parlamentar e grupo do 'gabinete do
ódio' do Planato estão envolvidos. Joice apresentou dados levantados nas redes
do deputado e do presidente por uma ferramenta criada nos EUA (Geraldo
Magela/Agência Senado).
Por Agência Estado/Dom Total
Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice
Hasselmann (PSL-SP) presta depoimento na tarde desta quarta-feira (4) na
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Na apresentação,
Joice expôs capturas de telas de internet que mostram conversas entre supostos
grupos de políticos, assessores parlamentares e influenciadores digitais que
seriam ligados ao presidente Jair Bolsonaro nas quais articulam ataques a
ex-aliados dele.
Segundo Joice, um dos mais ativos grupos de
propagadores de notícias falsas e difamações seria o chamado "Gabinete do
Ódio", que seria integrado pelos assessores especiais da Presidência da
República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. Para ela,
esses assessores são pautados por filhos de Bolsonaro, em especial o deputado
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC). Outro
influenciador ligado ao grupo seria o escritor Olavo de Carvalho.
"Eu quero crer que o presidente não sabe
disso", disse Joice, ao citar a ação das supostas redes de difamação que,
de acordo com dados apresentados por ela, fazem amplo uso de perfis falsos em
redes sociais. Joice disse que o próprio presidente tem publicações
impulsionadas por robôs. "São quase dois milhões de robôs seguindo dois
perfis, sendo 1,4 milhão no perfil de Jair Bolsonaro e 468 mil no perfil de
Eduardo Bolsonaro", disse.
A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a
investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro desde
que foi destituída da liderança do governo e passou ela própria a ser alvo dos
ataques. Em sua pesquisa, que teria gerado 174 páginas salvas e já autenticadas
por um especialista, Joice contou ter encontrado o valor médio de R$ 20 mil
para a contratação de campanhas impulsionadas por robôs.
Além da própria deputada do PSL, teriam sido vítimas
das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto
Santos Cruz, além do vice-presidente Hamilton Mourão. Também citou como alvos o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota
(PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO) e youtubers e
artistas.
Joice também afirmou não saber quem financia tal cadeia
de difamação, mas sugeriu à comissão que "siga o rastro do dinheiro porque
estamos falando de milhões de reais". Apesar de não apontar eventuais
financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das
notícias falsas e campanhas difamatórias tem origem em gabinetes de políticos
aliados, tocadas por assessores e pelos próprios legisladores.
Bolsonaro
Enquanto a ex-aliada denunciava o esquema na CPI, p
presidente Jair Bolsonaro que "inventaram um gabinete do ódio" e que
"alguns idiotas acreditaram" na informação.
Questionado se tem algum temor em relação ao trabalho
da CPMI da Fake News, Bolsonaro respondeu: "Não, zero, chance zero.
Inventaram gabinete do ódio e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão
até prestar depoimento, como tem um idiota prestando depoimento uma hora dessas
lá", disse o presidente.