Emily Lima
treinadora da seleção brasileira de futebol
No
pique “morde-assopra”, os dias dos brasileiros seguem na trilha da música
“Equilíbrio” na voz e na alma sublime de Ná Ozzetti. E a tomo como link deste
texto em razão da montanha russa de emoções que vivemos há alguns meses.
Começamos a semana com um eventual afastamento de Renan
Calheiros da presidência do Senado e na sequência tomamos aquela bigornada
safada no meio das ideias com o STF barganhando pautas. Um acinte à nossa
inteligência!
Que tempos bicudos para manter a sanidade, amigos! Se
durante o dia precisei sair da frente do computador para não enfartar, à noite
um sopro de esperança pousou diante dos meus olhos na mesma tela de computador.
Estreia da técnica Emily Lima no Torneio Internacional
de Manaus contra a seleção da Costa Rica e com transmissão da página da CBF e
da Band. Optei pela transmissão da internet, já que abandonei a televisão tem
uns bons meses.
Ora, desde que o Torneio teve início eu digo que ele
vai do nada para lugar nenhum, e, geralmente, as seleções convidadas não
representam muito o que há de melhor na modalidade. Ainda assim, esta edição do
torneio em especial, é o início do trabalho da primeira mulher a comandar a
seleção feminina principal e um excelente exercício de implementação de seu
sistema, de outra postura, de experimentações, enfim.
E o que vimos em campo foi exponencialmente inverso ao
que tivemos o desprazer de acompanhar até as Olimpíadas. Lembram do “padrão
chutão” que refutei por aqui? Então, ele se foi! A bola foi no chão (!!) com o
expediente “passe longo” sendo utilizado apenas na intermediária do ataque. E
as jogadas de linha de fundo? Coisa mais linda!
Isso sem falar nas substituições antes dos 35 minutos
do 2º tempo, coisa que praticamente inexistiu com o Vadão à beira do campo.
A equipe estava compacta, com toque de bola, defesa
segura. Formiga, só pra variar, um assombro de técnica e ocupação dos espaços.
Enquanto acompanhava o jogo e escancarava minha
felicidade no Twitter, o amigo e autor do livro “De Charles Miller à
Gorduchinha: A evolução tática do futebol em 150 anos de história (1863-2013)”,
Dárcio Ricca, enviava suas considerações sobre o que estava vendo, entre elas,
a seguinte frase: “Finalmente em sua história a seleção feminina, coletivamente
e sem Marta, vence jogando bem. Ótimo time, excelente comissão técnica liderada
pela capacitada treinadora Emily Lima. Jogando futebol moderno com pressão,
compactação, profundidade, perde-ganha, posse de bola e triangulações ofensivas
e defensivas. Finalmente saímos dos anos 50 no futebol feminino e voamos até o
século 21.”.
“Finalmente saímos dos anos 50 no futebol feminino”
PONTO
Já tinha amortecido um pouco a bigornada do Supremo,
pontuei algumas coisas sobre o jogo e logo vem, de alguns lados, os comentários
típicos de quem tenta deslegitimar o trabalho que se inicia: “Contra a Costa
Rica...”, “Ah, mas quero ver a hora que pegar um EUA, uma Alemanha”, e todo
tipo de blá blá blá enfadonho que indica o mais alto grau de recalque.
Tome mais uma dose de respirada profunda, Luciane!
Tenha paciência, Luciane!
Mas não dá!
Voltemos ao estado patético de convívio com os incautos
e dale explicar o que começou a ficar diferente. A POSTURA mudou. NÃO tem mais
chutão. O time está COMPACTO. Fisicamente teremos, em breve, meninas voando nas
mãos do preparador físico Jairo Porto!
Peço licença para tomar as letras de Ná:
“E tem hora que até vibro
Mas eu vibro sem parar
Eu admiro a criatura
Que consegue sossegar
Quisera!
Mas eu tou na corda bamba
Tenho que barbarizar
Não adianta puxar
Não adianta empurrar
Não adianta tentar
Me paralisar
Qual é?
Vai querer me derrubar?”
*Jornalista, autora do blog Futebol
para Meninas e colaboradora do Museu do Futebol para assuntos de
futebol feminino
Fonte: Portal Vermelho
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