sábado, 7 de dezembro de 2019

Quem disse que o ex-sem-terra não produz?


Por Fenando Brito - Tijolaço

Embora escrita com um mal disfarçado preconceito – chega a dizer que o MST tem “hostes”, que tem o significado de exército “inimigo” – a reportagem de hoje no Valor Econômico mostra uma imagem do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra muito diferente que a construída pela mídia, a de gente que invade para destruir e tornar terras improdutivas.

Mostra o resultado de anos de luta que não se encerraram com o assentamento de famílias que, afinal, conseguiram um pedaço de terra para trabalhar e produzir e, agora, estão integrados a cooperativas e associações que plantam, colhem e processam alimentos em grande escala.

Cooperativas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra produzem pelo país toneladas de grãos, além de frutas e hortaliças, leite e suco de uva, entre outros itens. Famílias assentadas são sócias de marcas próprias, têm gestão profissionalizada e vendem para governos e grandes redes varejistas, no país e no exterior.

O MST diz não ter um levantamento sobre o faturamento total das 162 cooperativas com as quais mantêm ligações. Mas informa que quatro das mais bem estruturadas desse grupo registraram entre janeiro e outubro deste ano receita conjunta de quase R$ 300 milhões.

São as que estão registrada na imagem ao fim do post, tirada do jornal.
Nenhuma novidade, exceto que alguém, finalmente, digna-se a registrar que reforma agrária não é um desastre produtivo. Eu mesmo vi, pessoalmente, o progresso e a prosperidade do Banhado do Colégio, o local no município gaúcho de Camaquã, Brizola principiou o seu ensaio de reforma agrária no Rio Grande. Gente vivendo bem, com lavoura de primeira ordem, filhos e netos criados com dignidade.

A reportagem, com certo tom demeritório, refere-se a uma “mudança de estratégia” do MST, dando este ano prioridade à consolidação produtiva de seus acampamentos e ocupações, para evitar a possível repressão por parte do governo Bolsonaro. Queriam o quê de um governo que está tão ansioso para atacar os pobres do campo que quer mudar a lei para poder atuar contra eles com as Forças Armadas e a Polícia Federal, inclusive com os “excludentes de ilicitude” para quem matar na repressão?

 

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