Por Fenando Brito - Tijolaço
Embora escrita com um mal disfarçado preconceito –
chega a dizer que o MST tem “hostes”, que tem o significado de exército
“inimigo” – a reportagem de hoje no Valor Econômico mostra uma imagem do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra muito diferente que a construída pela
mídia, a de gente que invade para destruir e tornar terras improdutivas.
Mostra o resultado de anos de luta que não se
encerraram com o assentamento de famílias que, afinal, conseguiram um pedaço de
terra para trabalhar e produzir e, agora, estão integrados a cooperativas e
associações que plantam, colhem e processam alimentos em grande escala.
Cooperativas ligadas ao Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra produzem pelo país toneladas de grãos, além de
frutas e hortaliças, leite e suco de uva, entre outros itens. Famílias
assentadas são sócias de marcas próprias, têm gestão profissionalizada e vendem
para governos e grandes redes varejistas, no país e no exterior.
O MST diz não ter um levantamento sobre o faturamento total das 162 cooperativas com as quais mantêm ligações. Mas informa que quatro das mais bem estruturadas desse grupo registraram entre janeiro e outubro deste ano receita conjunta de quase R$ 300 milhões.
São as que estão registrada na imagem ao fim do post,
tirada do jornal.
Nenhuma novidade, exceto que alguém, finalmente,
digna-se a registrar que reforma agrária não é um desastre produtivo. Eu mesmo
vi, pessoalmente, o progresso e a prosperidade do Banhado do Colégio, o local
no município gaúcho de Camaquã, Brizola principiou o seu ensaio de reforma
agrária no Rio Grande. Gente vivendo bem, com lavoura de primeira ordem, filhos
e netos criados com dignidade.
A reportagem, com certo tom demeritório, refere-se a
uma “mudança de estratégia” do MST, dando este ano prioridade à consolidação
produtiva de seus acampamentos e ocupações, para evitar a possível repressão
por parte do governo Bolsonaro. Queriam o quê de um governo que está tão
ansioso para atacar os pobres do campo que quer mudar a lei para poder atuar
contra eles com as Forças Armadas e a Polícia Federal, inclusive com os
“excludentes de ilicitude” para quem matar na repressão?
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