Procurador da força-tarefa
pediu dinheiro que pertencia à 13ª Vara Federal de Curitiba para produzir um
vídeo que promoveria as 10 medidas anticorrupção, na Globo
Por Jornal GGN
O jornalista Reinaldo Azevedo revelou na noite desta
segunda (15) que o procurador Deltan Dallagnol pediu R$ 38 mil para o ex-juiz
Sergio Moro.
O dinheiro, que seria de propriedade da 13ª Vara
Federal em Curitiba, então conduzida por Moro, seria destinado ao pagamento de
um vídeo de promoção do pacote conhecido por “10 medidas anticorrupção”, que
seria veiculado na Rede Globo
Segundo o jornalista, que fez a reportagem em parceria
com Leandro Demori, do Intercept Brasil, em 16 de janeiro de 2016, Deltan
enviou a seguinte mensagem a Moro:
“Você acha que seria possível a destinação de valores
da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra
a corrupção, para as 10 medidas, que será veiculado na Globo. A produtora está
cobrando apenas custos de terceiro, que dariam uns R$ 38 mil.”
Em outra mensagem, Deltan acrescentou: “Seguem o
roteiro e orçamento, caso queira olhar. O roteiro vai sofrer alteração ainda.
Avalie de maneira livre e se achar que vai arranhar a imagem da Lava Jato de
alguma forma, nem nós queremos.”
Moro respondeu em 17 de janeiro de 2016: “Se for os 38
mil, acho que é possível. Deixe ver na terça e te respondo.”
“Ilegal, imoral e indecente”, avaliou Azevedo. “Não
importa se o dinheiro foi dado ou não. Ele aceitou dar. Corrupção passiva e
corrupção ativa. Basta a expectativa de vantagem para que a pessoa seja
considerada criminosa, desde que esteja usando o bem público ou para comprar
alguém ou para se vender.”
Azevedo explicou ainda que a 13ª Vara de Curitiba
dispõe de dois tipos de recursos: um enviado pelo Conselho Nacional de Justiça,
que envia o dinheiro para tribunais regionais que, por sua vez, distribuem para
as varas. O outro tipo de recurso são de depósitos judiciais e multa
provenientes das condenações.
“Juiz concordar em dar dinheiro público para financiar
publicidade [autopromoção] é ilegal”, disse Azevedo. E escancara, continou o
jornalista, “mais uma vez as relações impróprias entre procurador e juiz na
Lava Jato.”
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