Dirigentes das 10 centrais
no palco do 1º de Maio: (Roberto Parizotti/CUT).
Dirigente
da CUT diz que não há o que negociar na "reforma" da Previdência:
"É totalmente perversa". Segundo ele, entidades se uniram contra
"o inimigo comum".
Por Jornal GGN
Rede Brasil Atual
As centrais sindicais veem o 1º de Maio, pela primeira
vez unitário, como marco na resistência ao retrocesso social e ponto de partida
para uma “virada” contra os ataques do governo, tanto nas ruas como no
parlamento, palco dos próximos embates. Presentes ao palco do principal evento
de amanhã, o Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, eles apostam em uma
mobilização crescente, que levará à greve geral em 14 de junho, aumentando as
chances de derrotar o projeto de “reforma” da Previdência.
Dirigentes das 10 centrais que organizam o ato foram
hoje ao Anhangabaú: CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical,
Intersindical (duas), Nova Central e UGT. Uma união inédita, com divergências
deixadas à parte, para o enfrentamento ao “inimigo comum”, como define o
secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. “As centrais sindicais têm concepções
diferentes, mas diante das maldades contra o povo brasileiro, não podemos
(ficar separadas). Isso recupera, na minha avaliação, o sentido do 1º de Maio,
inclusive internacionalmente.” Ele acredita que o dia de amanhã será
“histórico” para o movimento sindical. “O momento que o país vive é muito
grave. É um retrocesso civilizatório que está acontecendo”, afirma Sérgio
Nobre, citando os diversos ataques aos direitos sociais. Por isso, acrescenta,
amanhã estarão no Anhangabaú “todos os que têm amor à democracia”.
Sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, que
mexe na Previdência e atinge as aposentadorias, o dirigente da CUT diz que não
há o que negociar. “A reforma é totalmente perversa. Não tem negociação.
Queremos a retirada.”
O presidente da Força, Miguel Torres, também acredita
ser possível derrubar a PEC governista. “Enquanto tivermos força na base, nós
derrotamos a proposta”, afirma. “Vai depender de nós.”
Ele destaca o abaixo-assinado que as centrais e os
movimentos sociais estão fazendo circular pelo país. “É o instrumento mais
importante que temos hoje. Temos a chance de conversar com os eleitores dos 513
deputados, dos 81 senadores, dos governadores”, argumenta.
Distribuição de renda
Para o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira,
o Bira, a população já está se dando conta das consequências da propostas do
governo. “O sentimento que a gente tem é que está crescendo a consciência do
povo com o que o Bolsonaro está fazendo com o país. O povo começa a pegar no
breu”, diz Bira, que pela manhã participou de atividade na região de Itaquera,
zona leste da capital paulista. “Ele (Bolsonaro) está destruindo o maior
programa de distribuição de renda do país, que é a Previdência pública.”
Também para ele, não há acordo possível em relação ao
projeto. “A gente vai barrar. Nessa reforma não tem nada que preste para
negociar. Não é fácil, mas sinto que a gente vai ser vitorioso.”
Integrante da direção da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates,
o Mancha, acredita que o 1º de Maio seja o início de um movimento mais forte
dos trabalhadores, após quatro meses de ataques. “Até agora, tivemos
mobilizações parciais. É possível dar a virada. O pessoal está começando a
enxergar a situação.”
Para Mancha, cabe exatamente ao movimento sindical
intensificar a campanha de esclarecimento sobre o que significa a “reforma” da
Previdência. “Existe uma campanha monstruosa (da imprensa tradicional), e é
necessário se contrapor, desmascarar esse projeto.”
O presidente da CTB, Adilson Araújo, avalia que
“prevaleceu a mentira” durante o processo eleitoral. “Depois de tudo que se
vendeu, fruto da materialidade do golpe, o que se está assistindo é um desastre
social. O desemprego continua alto, do ponto de vista econômico o PIB está
cambaleando. E o governo advoga a ‘reforma’ da Previdência como se fosse
resolver os problemas do país”, diz.
Adilson cita a “reforma” trabalhista, com o princípio
do negociado sobre o legislado. “Eles não querem negociar nem o que está na
lei. É a degradação do trabalho”, afirma. Um ponto importante, para ele, é a
defesa de uma reforma tributária progressiva, aumentando o limite de isenção do
Imposto de Renda.
O evento de amanhã começará com falas de movimentos
sociais, partidos políticos e centrais sindicais, até o início da tarde.
Depois, haverá uma sequência de apresentações musicais, com previsão de término
às 20h30.
Veja vídeo da confederação dos bancários (Contraf-CUT)
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