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estimativa é que 50 pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência de
múltiplas picadas de abelhasArquivo/José Cruz /Agência Brasil
Da Agencia Brasil
Soro
contra veneno de abelhas começa a ser testado em humanos
A primeira fase de testes do soro antiapílico - para
combater o veneno das abelhas – chegou à metade do estudo nessa sexta-feira
(31). O décimo paciente picado pelos insetos recebeu o soro no período de
estudo clínico, quando a medicação é testada em seres humanos.
Esta fase do Estudo APIS teve início em fevereiro de
2016 e precisa alcançar 20 pacientes nesta primeira etapa, que tem por objetivo
avaliar a segurança do soro. As pesquisas para se chegar a soro começaram há
quatro anos, por meio de um consórcio entre o Centro de Estudos de Venenos e
Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Cevap/Unesp) e o Instituto Vital BrasilEm 2013, liderado pela Faculdade de
Medicina da Unesp e por sua Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin), o Estudo
APIS foi entregue para análise das instâncias regulatórias no Brasil, o sistema
CEP-Conep (Comitês de Ética em Pesquisa e Conselho Nacional de Saúde) e a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Também
participam da pesquisa duas importantes instituições de ensino e pesquisa no
Brasil: Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM - Uberaba/MG) e
Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul - Tubarão/SC).
O médico infectologista Alexandre Naime Barbosa,
pesquisador clínico do estudo, tem boas expectativas quanto ao soro. “Já
aplicamos [o soro] em dez pacientes e não houve nenhum efeito colateral. Ainda
não dá para ter grandes conclusões, mas já um indicativo de que ele pode ser
promissor. A expectativa é que se consiga fazer um estudo com centenas de
pacientes para mostrar a eficácia do soro, que pode ajudar a reduzir o número de
mortes”.
A estimativa é que 50 pessoas morrem por ano no Brasil
em decorrência de múltiplas picadas de abelhas.
“Quando a pessoa toma mais de 200 picadas, a quantidade
de veneno é suficientemente grande para a intoxicação. Cada abelha tem pouco
veneno, mas uma concentração muito alta atinge os músculos, gerando um problema
sério de sobrecarga renal. Essa é a causa mais comum de óbito em pacientes que
sofrem inúmeras picadas de abelhas”, esclareceu Barbosa.
Quando a pessoa é alérgica ao veneno de abelha, uma
simples picada pode levar a um grave quadro de alergia generalizada
(anafilaxia), e mesmo causar óbito. Nesse caso, as consequências não têm
relação com a toxicidade do veneno e o tratamento se limita à medidas para
inibir a anafilaxia com drogas antialérgicas.
Em agosto de 2016, o soro foi testado pela primeira
vez. A técnica agrícola Camila Aguillar Prezotto tomou mais de 400 picadas de
abelhas, enquanto movia um tronco de madeira no sítio do marido em Avaré, no
interior paulista. Segundo Camila, o enxame saiu de dentro do tronco.
Após quatro dias de internação em Avaré, ela foi
transferida para Botucatu e, em seguida começou a tomar o soro antiapílico.
Apesar da dúvida quanto ao soro, Camila decidiu tomar a nova medicação. “Como
já estava ruim, pensei na hora em tomar, o que também seria bom para o estudo”.
Para ela, o soro foi 100% eficaz. “Desde a aplicação senti diminuir as dores no
corpo. As picadas já não doíam tanto”. Segundo a técnica agrícola, o soro não
provocou nenhum efeito colateral.
Pesquisa
inédita
O desenvolvimento do soro antiapílico é inédito no
mundo. “É a primeira vez na história da medicina que se produz soro contra o
veneno de abelha. Este é um problema nosso. A abelha africanizada é um tipo das
Américas”, informou Alexandre Barbosa.
De acordo com o médico, a abelha africana foi
introduzida de forma acidental no Brasil na década de 1950. Ela cruzou com
espécies da Europa que já estavam no país e esse cruzamento resultou uma abelha
muito agressiva. “Essa agressividade leva ao aumento da periculosidade e do
número de acidentes”, afirmou o pesquisador.
A primeira fase de testes termina no próximo ano. “Hoje
incluímos nosso décimo paciente. Estamos na metade do estudo. O prazo é final
de 2018. Acreditamos que vamos conseguir terminar o estudo para mostrar que o
soro é seguro”, disse o médico.
Desenvolvimento
do soro
O soro é desenvolvido da mesma forma que os antídotos
contra serpentes, com a extração do veneno. “As abelhas passam por uma placa,
na qual recebem ondas tênues de choque elétrico. Elas não sentem dor nem sofrem
com isso.Ao passar nessa placa, elas despejam um pouco do veneno, que é
captado”.
O soro contra veneno de abelhas é heterólogo, ou seja,
produzido numa espécie diferente. Após a captação do veneno, ele é injetado na
corrente sanguínea de animais, geralmente cavalos, que, com um volume grande de
sangue, não se intoxicam com o veneno. O sistema imunológico do animal produz
os anticorpos contra aquele antígeno, que formarão a base ativa do soro..
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