Por Luis Nassif
Gilmar Mendes e Sérgio Moro têm várias coisas em comum.
Atropelam os procedimentos e a compostura jurídica, são poupados pela mídia e
pelos colegas, e reagem a qualquer crítica abrindo ações contra os críticos.
Trata-se de um atentado grave à democracia. Os abusos
de ambos são reconhecidos por todo o meio jurídico. Mas, amparados ou pela
mídia ou pelo clamor público, valem-se disso para despertar solidariedade ou
intimidar o Judiciário e partir para a perseguição implacável dos críticos,
valendo-se de seu poder de Estado.
Acabo
de ser alvo da quarta ação de Gilmar.
Assim como sua extraordinária influência sobre o
Judiciário colocam-no a salvo de qualquer ação, deveria valer também para
impedir ações contra terceiros, especialmente contra os críticos. Como um juiz
de 1a instância de Brasília – ou um desembargador – se sentirá julgando um
processo de um Ministro do Supremo, poderoso e vingativo, com influência junto
ao presidente da República, a tribunais superiores, a magistrados que lecionam em
seu instituto, à mídia e a políticos em geral?
Gilmar tem um problema pessoal comigo. Deixou claro
quando, na própria sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em que não
conseguiu bloquear a posse de Dilma, passou cinco minutos me ofendendo com
injúrias de toda espécie. Abri um direito de resposta no Blog, avisando que não
responderia no mesmo tom porque tinha mais respeito pelo meu blog do que ele
pelo TSE.
A partir daí, começou a jogar no seu campo de uma forma
pouco valente, porque escudado em seu cargo de Ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal), dono de um Instituto que emprega juízes e Ministros. E
contra um jornalista que não dispõe sequer da retaguarda proporcionada por uma
grande empresa.
Pergunto ao meio jurídico e aos colegas jornalistas:
quem segura Gilmar? Para não enfrenta-lo, seus colegas do Supremo e do TSE
preferem trata-lo como uma curiosidade, uma pessoa desequilibrada que fica
aspergindo ofensas a torto e a direito. Tratam seu comportamento como se fosse
uma inconveniência a ser ignorada, e não como um comprometimento grave à imagem
do Supremo.
Seu comportamento é escandaloso, humilhante para o
país, humilhante para os jornais que o preservam, para seus colegas que se
intimidam com seus esbirros.
A imprensa o poupa de todas as maneiras. Com exceção de
explosões eventuais do Procurador Geral da República (PGR), o único freio a
Gilmar tem sido a crítica dos blogs. E sobre eles ele joga o peso do seu cargo
e sua influência no Judiciário.
Essas ações de Gilmar custam tempo e recursos de suas
vítimas. Mas fazem um estrago maior nos seus pares e na mídia, que aceitam em
silêncio resignado a desmoralização que impõe ao Supremo e à Justiça e, por
consequência, ao Brasil.
PS - Vou fechar para comentários, porque até
comentários são utilizados como argumento na ação proposta por ele.
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