quarta-feira, 22 de março de 2017

Papa Francisco associa-se a celebração do Dia Mundial da Água e pede respeito por bem que «é de todos"

A encíclica ecológica ‘Laudato Si’, de 2015 manifestava a oposição da Igreja à “tendência para se privatizar” a gestão da água, como se esta fosse uma “mercadoria sujeita às leis do mercado”.


Francisco pede respeito por bem que «é de todos»

Cidade do Vaticano, 22 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa associou-se hoje no Vaticano à celebração do Dia Mundial da Água, apelando ao respeito por um bem que é “de todos”.

“Precisamente hoje, celebra-se o Dia Mundial da Água, instituída há 25 anos pelas Nações Unidas, enquanto ontem decorria o Dia Mundial das Florestas”, recordou.

Francisco falava durante a audiência pública semanal, na Praça de São Pedro, tendo saudado os participantes num congresso sobre a gestão de recursos hídricos, que decorre por iniciativa do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé) e do Capítulo Argentino do Club de Roma.

O Papa saudou este encontro de várias instituições para “sensibilizar para a necessidade de tutelar a água como bem de todos”, valorizando os seus significados “culturais e religiosos”.

A 24 de fevereiro, o Papa Francisco alertou no Vaticano para a possibilidade de uma “guerra mundial” por causa dos recursos hídricos e disse que a água é um direito “vital” de cada pessoa.

“Pergunto-me se nesta terceira guerra aos bocados estaremos a caminho da grande guerra mundial pela água”, assinalou, num encontro dedicado ao ‘direito humano à água’, na Academia Pontifícia das Ciências (Santa Sé).

Francisco recordou dados da ONU que não deviam deixar ninguém “indiferente”: “Mil crianças morrem todos os dias - mil, todos os dias - por causa de doenças ligadas à água, milhões de pessoas consomem água contaminada”.

A encíclica ecológica ‘Laudato Si’, de 2015, dedica um ponto específico à “questão da água”, no qual o Papa recorda que “a pobreza da água pública” se verifica especialmente na África, onde “grandes sectores da população não têm acesso a água potável segura”.

“Um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas”, alertava Francisco.

A encíclica manifestava a oposição da Igreja à “tendência para se privatizar” a gestão da água, como se esta fosse uma “mercadoria sujeita às leis do mercado”.

“Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos”, escreve.

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