Veja quadro por estado do alcance das empresas que disparam as
mensagens fakes (foto: Cícero Lopes/CB/D.A Press)
Nos últimos dias a sociedade foi pega de surpresa com a
notícia que as eleições presidenciais de 2018 pode ter sido manipulada por disparos
em massa de noticias falsa por empresas especializadas em fraudar a vontade
popular.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) bem como o MP tinham todos os indícios de que os
impulsionamentos irregulares em redes sociais estavam ocorrendo, inclusive o
empresário Luciano Hang recebeu multa de 10 mil reais por ter contratado patrocínio
para citar favoravelmente o candidato da extrema direita Jair Bolsonaro.
Veja
noticia completa:
Por Correio Brasiliense
Esquema de mensagens pró-Bolsonaro será investigado
pelo Ministério Público
Suposta ajuda para
impulsionar notícias favoráveis a Jair Bolsonaro na internet será investigada.
TSE puniu empresário com multa de R$ 10 mil. O Correio teve acesso a mensagens
de empresas que oferecem disparos de mensagens para candidatos (foto: Cícero Lopes/CB/D.A Press)
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tinha todos os
indícios de que os impulsionamentos irregulares em redes sociais estavam
ocorrendo durante a campanha eleitoral a favor de candidatos. No mês passado, o
órgão multou o empresário Luciano Hang em R$ 10 mil por contratação de
patrocínio citando favoravelmente a Jair Bolsonaro (PSL). Além disso,
especialistas procuraram a Corte para detalhar como o esquema de empresas
especializadas em disparos de mensagens via WhatsApp funcionava durante a
eleição. Um dos casos foi denunciado em reportagem de ontem da Folha de
S. Paulo — motivo da apresentação de ações contra a candidatura do
militar reformado.
O Correio teve acesso a mensagens de empresas que oferecem disparos de mensagens para candidatos. “Aqui vai a melhor dica para chegar lá nas eleições”, diz a propaganda para marqueteiros eleitorais. “São disparos que atingem 100% das pessoas com celular, o que corresponde a 99% dos eleitores.” Tal ação não é permitida pela legislação, com o objetivo de evitar o abuso de poder econômico. As empresas oferecem o disparo para uma base de dados própria, o que também é proibido pelo TSE. Os bancos com cadastros de eleitores só podem ser criados pelos próprios partidos, candidatos e coligações.
Quadro mostra o alcance das empresas
que disparam as mensagens
Hang, dono das lojas Havan, foi condenado pelo TSE por
impulsionar conteúdo a favor de Bolsonaro no Facebook. O assunto foi julgado em
uma das sessões da Corte. Os ministros entenderam que, apesar de o candidato do
PSL ser beneficiado com a ação, não sabia do ato ilegal, portanto, não o
puniram. A representação contra os atos do empresário foi protocolada pela
Coligação para Unir o Brasil, do candidato Geraldo Alckmin. Por unanimidade, os
ministros entenderam que a legislação proíbe expressamente qualquer tipo de
veiculação de propaganda eleitoral paga na internet, como uma forma de evitar a
interferência do poder econômico.
“A lei estabelece que pessoa física não pode fazê-lo (o impulsionamento), por um motivo muito simples: é que seria absolutamente impossível avaliar, na prestação de contas (do candidato), as inúmeras pessoas que contratariam diretamente o impulsionamento”, explicou o relator do caso, ministro Luís Felipe Salomão, em seu voto. Procurada pela reportagem, a assessoria de Bolsonaro não se pronunciou sobre o assunto. O jornal não conseguiu contato com Luciano Hang.
Pistas
apresentadas
Em entrevista ao Correio, o
marqueteiro Marcelo Vitorino, responsável pela campanha digital de Alckmin,
afirmou que todos as informações sobre o uso irregular das bases de dados,
impulsionamento e disparos eram de conhecimento do TSE. “Todos as pistas de que
isso ocorreria foram apresentadas, mas não
se fez nada. Quem perde com isso é o eleitor, que acaba ludibriado.” Segundo
ele, há menos de 50 empresas capazes de enviar mensagens em massa no Brasil, e
que não seria tão difícil de se acompanhar ou investigar
Diálogo conta como o mecanismo funciona, inclusive com preços
Em entrevista ao Correio, o marqueteiro
Marcelo Vitorino, responsável pela campanha digital de Alckmin, afirmou que
todos as informações sobre o uso irregular das bases de dados, impulsionamento
e disparos eram de conhecimento do TSE. “Todos as pistas de que isso ocorreria
foram apresentadas, mas não se fez nada. Quem perde com
isso é o eleitor, que acaba ludibriado.” Segundo ele, há menos de 50 empresas
capazes de enviar mensagens em massa no Brasil, e que não seria tão difícil de
se acompanhar ou investigar.
Por outro lado, o Ministério Público e a Polícia Federal devem iniciar investigações sobre o suposto pagamento de impulsionamento a favor de Bolsonaro por empresários, o que é proibido por lei. Três ações sobre irregularidades na campanha dele pela internet foram apresentadas ontem à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) e ao TSE: do PT e dos deputados Jean Wyllys (PSol-RJ) e Jorge Solla (PT-BA). As medidas judiciais ocorrem após o jornal Folha de S. Paulo ter informado que empresários teriam comprado pacotes de disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro e contra o PT no aplicativo WhatsApp. De acordo com a reportagem, sai por R$ 12 milhões cada contrato, firmado com agências de comunicação especializadas em redes sociais.
A empresa Quickmobile — que trabalhou para Dilma Rousseff (PT) na eleição de 2014 — é apontada como uma das agências contratadas. Em seu site, a empresa informa que possui “uma ferramenta de comunicação dinâmica, com baixo custo, simples de ser utilizada, com a possibilidade de personalização da mensagem e com garantia de entrega e a certeza de leitura da mensagem enviada”. Procurada pela reportagem, a Quickmobile não retornou as ligações.
Por outro lado, o Ministério Público e a Polícia Federal devem iniciar investigações sobre o suposto pagamento de impulsionamento a favor de Bolsonaro por empresários, o que é proibido por lei. Três ações sobre irregularidades na campanha dele pela internet foram apresentadas ontem à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) e ao TSE: do PT e dos deputados Jean Wyllys (PSol-RJ) e Jorge Solla (PT-BA). As medidas judiciais ocorrem após o jornal Folha de S. Paulo ter informado que empresários teriam comprado pacotes de disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro e contra o PT no aplicativo WhatsApp. De acordo com a reportagem, sai por R$ 12 milhões cada contrato, firmado com agências de comunicação especializadas em redes sociais.
A empresa Quickmobile — que trabalhou para Dilma Rousseff (PT) na eleição de 2014 — é apontada como uma das agências contratadas. Em seu site, a empresa informa que possui “uma ferramenta de comunicação dinâmica, com baixo custo, simples de ser utilizada, com a possibilidade de personalização da mensagem e com garantia de entrega e a certeza de leitura da mensagem enviada”. Procurada pela reportagem, a Quickmobile não retornou as ligações.
Apoio
Entre os envolvidos, de acordo com a publicação, está
Luciano Hang. Por meio das redes sociais, Hang disse que desafia que “mostrem
qualquer contrato dele com as empresas de WhatApp”. Bolsonaro, pelo Twitter,
negou ter solicitado ajuda financeira. “Apoio voluntário é algo que o PT
desconhece e não aceita. Sempre comprando consciências. Um dos ex-filiados de
seu partido de apoio, o PSol, tentou nos assassinar. Somos a ameaça aos maiores
corruptos da história do Brasil. Juntos resgataremos nosso país”.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou
que vai aguardar o andamento do caso na Justiça, e evitou comentar sobre
eventuais investigações. “O direito à denúncia é de qualquer candidato. Quem
decide se essa denúncia vai ser ou não acatada é a Justiça”, disse. O próprio
TSE prometeu uma coletiva hoje para falar sobre o assunto.
Para o advogado eleitoral Renato Ribeiro, as suspeitas
lançadas contra o candidato do PSL “são gravíssimas” e precisam ser apuradas. É
indispensável, porém, que se apresentem provas de que as empresas efetivamente
pagaram pela difusão das informações.
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