Do Blog Nocaute - Fernando
Moraes
Bom, esse vídeo é uma continuação de uma série de
vídeos sobre estupro que a gente está fazendo. Hoje eu vou falar sobre
acolhimento em caso de estupro.
Então assim, aconteceu com você, com uma amiga sua,
como que você tem que fazer. Se a vítima tiver condições de chamar a polícia ou
ir na delegacia na hora, isso é um dos procedimentos que são aconselhados a
fazer. Nem sempre a mulher consegue reconhecer o que aconteceu ou ela tem forças
para fazer isso. Até porque a delegacia é um lugar bastante intimidador, então,
sempre vá acompanhada. No caso se acontecer com alguma amiga sua, acompanhe a
mulher na delegacia. Qualquer policial, qualquer pessoa que for perguntar sobre
o estupro só pode perguntar sobre o que aconteceu: onde ela estava, o que
aconteceu, como aconteceu. A roupa que ela estava não interessa, se ela tem
múltiplos parceiros não interessa, se ela tem filhos. Nada da vida pessoal da
vítima interessa. E a tendência é que se pergunte disso, a gente sabe por que
né? Culpabilização da vítima.
Se não quiser ir para a delegacia, você pode ir para um
hospital também. No hospital eles vão dar remédios e fazer exames. Alguns
hospitais estão autorizados a fazer exame de corpo delito, outros não. Se você
vai na delegacia, às vezes, você vai fazer o exame no IML. Esse exame que você
pode, na medida do possível, se sentir incomodada de ser examinada por um homem
e mesmo no hospital se você se sentir incomodada por ser atendida por um homem,
por causa desta questão, você pode chamar uma mulher. Esse exame ele vai
descrever as lesões que têm e as vezes coletar material. Porque às vezes ficou
esperma e isso pode servir como prova, no caso da mulher resolver entrar na
justiça.
Os medicamentos que são dados no hospital são: pílula
do dia seguinte, que você também pode tomar em casa até cinco dias depois você
pode tomar, ela vai perdendo a eficácia, melhor que tome o quanto antes, mas
até cinco dias depois. Mas no hospital também é bom ir porque lá eles dão
retrovirais e preventivos contra outras doenças sexualmente transmissíveis como
hepatite. No hospital também eles não têm o direito de perguntar nada, não têm
o direito de te intimidar. Vá acompanhada não precisa passar por isso sozinha,
para ser atendida como vítima de estupro no hospital você não precisa do B.O.
Por mais que dê nojo, não toma banho. Eu sei que dá
asco, que dá vontade de tomar banho, mas o banho pode lavar todas as provas que
você pode colher com isso e às vezes pode minimizar as lesões. Nesses tempos
que a gente vive, a gente tem mania de fazer textão no facebook. Segure o
máximo possível esse textão e só faça o textão se você tiver feito o B.O. e se
você estiver realmente a fim de encarar a judicialmente isso. Porque se você faz
o textão sem estar orientada por uma advogada, você corre o risco de tomar um
processo de difamação nas costas.
Vale lembrar que muito dos estupros são cometidos por
pessoas conhecidas né, mais de 50%, quase 80% são com pessoas que você conhece.
São “amigos” que você encontra na festa, são conhecidos, colegas de trabalho,
às vezes parentes. Eu não estou coagindo mulheres a não fazer e a não
denunciar, mas eu estou querendo que elas se protejam legalmente porque a
sociedade é machista, são juízes machistas, é um sistema estrutural machista e
a mulher tem que ser precavida quatro vezes.
Tem alguns coletivos de advogadas feministas que você
pode procurar no meu canal pessoal no Youtube, a gente fez um vídeo com o
Coletivo Parajás. Se você procurar no facebook você vai achar também. Vão poder
responder perguntas, oferecer alternativas também. Nesse caso, também existe uma
rede de acolhimento que chama Mapa do acolhimento que se você procurar no
google tem. Que são mulheres que oferecem tratamento psicológico e amparo às
vítimas, não só de estupro, mas de diversos assédios ou de relacionamentos
abusivos. Então, assim para recapitular, é muito importante que as mulheres
andem juntas e se apoiem antes durante e depois. Quem apoia mulher é mulher,
gruda nas suas amigas, seja parceira das suas amigas.
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