Cerca de 5 mil
nascentes também devem receber o plantio de árvores no seu entornoCorpo de
Bombeiros/MG
da Agência Brasil
Estimativas
da Fundação Renova sugerem que o reflorestamento de uma área superior a 40 mil
hectares na bacia do Rio Doce terá o custo de aproximadamente R$1,1 bilhão, a
serem investidos ao longo de 10 anos. Os trabalhos envolverão um plantio direto
em mais de 10 mil hectares, enquanto nos demais 30 mil hectares será conduzida
uma regeneração natural. Cerca de 5 mil nascentes também devem receber o
plantio de árvores no seu entorno.
A Fundação
Renova foi criada para gerir os programas ambientais vinculados à tragédia de
Mariana (MG) ocorrida em novembro de 2015. Ela é mantida pela Samarco conforme
previsto em acordo firmado entre a mineradora, suas
acionistas Vale e BHP Billiton, o governo federal e os governos de Minas Gerais
e do Espírito Santo.
A tragédia
de Mariana ocorreu após o rompimento de uma barragem pertencente à Samarco.
Sessenta milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração foram liberados no
ambiente, devastando vegetação nativa e poluindo a bacia do Rio Doce.
Comunidades também foram destruídas e 19 pessoas morreram. O episódio é
considerado a maior tragédia ambiental do país.
Entre os
compromissos assumidos pela Samarco no acordo firmado com o poder público, está
a recuperação de 2 mil hectares de vegetação impactados na tragédia e, como
medida compensatória, de outros 40 mil hectares degradados da bacia do Rio
Doce.
Na semana
passada, a Fundação Renova fez um workshop onde reuniu mais de
70 especialistas da área ambiental de todo o país. O encontro teve como
objetivo levantar informação e conhecimento para a elaboração do plano de
restauração florestal da bacia do Rio Doce. Estiveram presentes representantes
de órgãos ambientais, de universidades, de organizações não governamentais e do
Ministério Público de Minas Gerais e do Espírito Santo. O plano deve ser
apresentado no mês de julho.
O
representante do Comitê de Bacia do Rio Doce, Henrique Lobo, disse que o
cenário de degradação da região é alarmante. “Há praticamente um vazio
florestal em nossa região”. Segundo ele, 80% da região é composta por
pastagens.
Os
trabalhos de reflorestamento da área afetada pela tragédia são acompanhados
pelo Comitê Interfederativo, que é composto por diversos órgão públicos e tem
como objetivo fiscalizar os trabalhos de reparação dos danos causados pela
tragédia. Sua criação também foi definida no acordo celebrado entre as
mineradoras e o poder público.
Até o
momento, houve apenas ações pontuais na região de 2 mil hectares afetada pela
lama. O trabalho principal consistiu na revegetação inicial com gramíneas e
leguminosas para combater a erosão e estabilizar o solo. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), um dos órgãos que integra o Comitê Interfederativo, o plantio
definitivo de árvores nesta área deve se iniciar durante o período chuvoso
deste ano, nos meses de setembro e outubro, época considerada mais adequada.
Mudas
O reflorestamento compensatório dos 40 mil hectares
exigirá até 20 milhões de mudas nativas, sobretudo da Mata Atlântica. É o que
prevê a Fundação Renova, que começou no mês passado um levantamento dos
viveiros existentes ao longo da bacia do Rio Doce.
Somente o
gasto com a compra das mudas é estimado em R$ 50 milhões. O mapeamento dos
viveiros será feito em duas etapas. Inicialmente estão sendo reunidos dados
como as localizações de cada um, tempo de atuação e listas das espécies
produzidas. Num segundo momento, os viveiristas serão entrevistados sobre sua
capacidade produtiva e detalhes técnicos.
Para a Fundação
Renova, o envolvimento dos viveiros locais neste processo contribuirá para
criar uma nova vocação econômica na região e estruturar uma cadeia produtiva do
reflorestamento na região, que pode se manter sustentável e atender uma variada
gama de clientes que vão desde pequenos agricultores rurais até grandes
empresas situadas na bacia do Rio Doce. São previstos investimentos para
capacitar os trabalhadores do setor, melhorar as instalações físicas dos
viveiros, promover o alinhamento à legislação de produção de mudas e identificar
as sementes nativas.
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