Caramori,
alvo das denúncias
Deu no Cangablog
A administração Gean Loureiro nem completou 100 dias e
já enfrenta uma grave denúncia de corrupção. Documento distribuído no final da
tarde desta segunda-feira (03/4) na Câmara de Vereadores, juntamente com um
pendrive com arquivos em áudio e vídeo, coloca em maus lençóis o prefeito e seu
secretário do recém-criado (e remunerado) Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social, o empresário do ramo de eventos Doreni Caramori Júnior.
A denúncia envolve conflito de interesses
entre a atividade desenvolvida por Doreni - sócio de várias empresas de evento
-, as atribuições do Conselho e os contratos da secretaria municipal de
Turismo, que tem no seu comando um indicado de Doreni, Vinícius de Luca.
A denúncia, que também foi encaminhada ao
Ministério Público estadual, provocou grande alvoroço na
Câmara. Vereadores da oposição e inclusive da situação já
articulam a instalação de uma CPI para aprofundar as denúncias, cuja cópia o
Cangablog também recebeu, e cobrar esclarecimentos da prefeitura e do prefeito.
A administração Gean Loureiro, que começou de forma
atabalhoada, comprando briga com o funcionalismo público ao propor supressão de
direitos enquanto na campanha o discurso foi de diálogo e valorização dos
servidores, tem cometido inúmeros absurdos, como, por exemplo, nomear uma
vereadora fantasma de Palhoça como superintendente da Floram, o órgão
responsável pelo delicado meio ambiente da cidade, nomear condenado pela
justiça para ser autoridade de trânsito e para secretário-adjunto de Segurança
Pública.
Pelo andar da carruagem, serão quatro anos
de fortes emoções na Ilha de Santa Catarina.
Dossiê e CPI das parcerias causam desgaste
ao governo Gean Loureiro
Um dossiê apócrifo entregue aos vereadores de
Florianópolis nesta segunda-feira tem tudo para se transformar no maior
desgaste político do prefeito Gean Loureiro nos seus pouco mais de três meses
de governo. A coluna teve acesso aos documentos que relatam com detalhes
valores, locais das reuniões para as negociações e até as marcas de charutos e
bebidas (whisky e vinhos) consumidos nos encontros.
Sem se
identificar, o autor diz apenas ser funcionário de uma das empresas do
secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Doreni Caramori Junior. As
informações foram suficientes para que 11 parlamentares assinassem no mesmo dia
(segunda-feira), o pedido para abertura de uma CPI para investigar a tramitação
do projeto de lei que autoriza a prefeitura a realizar Parcerias Público
Privadas, aprovado em janeiro durante a reforma administrativa.
O vereador
Miltinho (DEM), relator da matéria, teria sido orientado na redação do projeto,
além de supostamente ter recebido R$ 25 mil para incluir os artigos exigidos
pelo governo. O vereador nega com veemência tal acusação.
A série de documentos apresenta uma espécie de linha do
tempo sobre as articulações entre Doreni, sócio do grupo GBC Eventos (razão
social do complexo Stage Music Park), e a gerência regional da Ambev para
organizar a programação de aniversário de Florianópolis, no dia 23 de março.
O evento teve
shows da Camerata Florianópolis, Dazaranha e do cantor Buchecha. Conforme
informações da própria prefeitura, custou R$ 500 mil e foi todo bancado pela
Ambev, por meio da marca Skol.
Doreni utilizou a própria empresa (GBC), também
patrocinada pela Ambev, para viabilizar o pagamento dos músicos e toda a
infraestrutura contratada, intermediando a transferência do dinheiro liberado
pela gigante de bebidas.
O dossiê
destaca uma nota fiscal da GBC no valor de R$ 63 mil pago à Camerata. Tanto a
produção da Camerata quanto o secretário municipal confirmam a autenticidade do
valor acordado.
O dossiê fala
em superfaturamento dos preços até chegar nos R$ 500 mil. A GBC teria embolsado
cerca de R$ 150 mil por conta da organização do evento.
É bom
ressaltar que por tratar-se da relação comercial entre duas empresas privadas
(GBC e Ambev), sem envolvimento de dinheiro público, não cabe aplicar a expressão
superfaturamento. Em tese não há nenhuma ilicitude na negociação.
Nesta
terça-feira pela manhã, Doreni conversou com a coluna. Mostrando-se bastante
tranquilo em relação ao episódio, disse desconhecer os detalhes da denúncia,
mas confirmou que atuou para buscar apoio para a festa de aniversário da
cidade. ¿A Ambev é uma empresa gigante e trabalha com projetos de várias
agências. Nós apenas procuramos alguém com quem já temos uma parceria
consolidada. E isto é absolutamente normal¿
O empresário
sempre foi defensor do engajamento da iniciativa privada em parcerias com o
poder público como forma de alavancar o desenvolvimento econômico e social.
"É importante ficar claro que a festa foi um
presente à cidade e não envolveu um único centavo de dinheiro público",
afirma Doreni.
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