Foto: Ana
Maria Lima/Divulgação
Do Blog de Marcelo Auler no GGN
Filme chapa branca, com verba pública
Marcelo Auler
Oficialmente, o filme “Polícia Federal, A Lei é Para
Todos” tem financiamento privado, de investidores cujo produtor, Tomislav
Blazic, evita revelar. Na prática, a equipe que está produzindo para o cinema a
versão oficial das primeiras 24 Fases da Operação Lava Jato, contou até com
verba pública, ainda que não oficialmente. Viaturas descaracterizadas e agentes
da Superintendência do Departamento de Polícia Federal do Estado do Paraná se
deslocaram, durante o último carnaval, ao estado de São Paulo para colaborarem
nas filmagens, segundo informações que o deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
divulgará nesta terça-feira (04/04) na Câmara dos Deputados, ao encaminhar novo
pedido de informações e providências ao Ministério da Justiça. Além de contar
com homens da Superintendência que, com seus familiares, fizeram “pontas” nas
encenações, a produção do filme recebeu apoio de outras formas. Para filmar
dentro do prédio do DPF em Curitiba, os trabalhos foram suspensos no dia 18 e
19 de novembro passado, uma sexta-feira e um sábado, inclusive para entrega de
passaportes. Elas perduraram até o domingo (20/11).
No ofício a Moro, Igor diz que não repassou o filme.
Mas o repórter da Veja diz que o assistiu.
Quem mentiu? - Em ofício ao juiz Sérgio Moro, datado de
27 de março, o delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Delegacia Regional de Combate ao Crime
Organizado (DRCOR), garantiu que “não foram cedidas quaisquer imagens, sejam
elas fotografias ou vídeos, relacionadas à ação policial decorrente da 24ª Fase
da Operação Lava Jato a qualquer pessoa, empresa ou veículo de comunicação por
parte da Polícia Federal“. Disse ainda que, “em momento algum as imagens
realizadas naquela data foram fornecidas a terceiros, sendo anexadas ao
processo eletrônico correspondente somente imagens do depoimento realizado e
posteriormente degravado“.
Onze dias antes, o repórter da revista Veja, Ulisses
Campbell, ao entrevistar Blazic na TV Veja (veja integra abaixo) não escondeu
seu acesso à filmagem da condução coercitiva de Luís Inácio Lula da Silva, em
março de 2016, como descreveu detalhes da reação do ex-presidente e de sua
mulher, Marisa Letícia, para enfim perguntar como essas cenas, “filmadas sem
qualquer filtragem”, serão tratadas no filme? O produtor nem sequer negou que
tenha tido acesso ao filme, apenas explicou a necessidade de corte:
“A gente vai procurar buscar toda essa realidade, sem
dúvida nenhuma. Não sei te dizer se ela toda vai estar ali, porque hoje, o
filme, já estamos com 2 horas e 10 minutos de filme, não é? É longo, o cinema
nacional não tem esse padrão“. (sic)
Ao autorizar a condução coercitiva de Lula, mesmo sem
ele jamais ter sido intimado a depor e nunca ter se recusado a prestar
esclarecimentos, o juiz Moro determinou expressamente a proibição de qualquer
filmagem:
“Expeça-se quanto a ele mandado de condução coercitiva,
consignando o número deste feito, a qualificação e o respectivo endereço
extraído da representação. Consigne-se no mandado que NÃO deve ser utilizada
algema e NÃO deve, em hipótese alguma, ser filmado ou, tanto quanto possível,
permitida a filmagem do deslocamento do ex-presidente para a colheita do
depoimento”.
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