Três
procuradores da República abusam das prerrogativas que têm e incitam a
população contra o Senado;. É uma vergonha!
Do Blog Reinaldo Azevedo
Eles perderam completamente a noção de limites. Já não
há mais dúvida de que os procuradores que compõem a Lava Jato têm um projeto de
poder e se sentem a única força legítima do país. Mais do que isso: na melhor
das hipóteses, querem o MPF como o Poder Moderador da República; na pior, como
o Poder único.
Eis que Deltan Dallagnol, o espevitado coordenador da
Força Tarefa, Carlos Fernando dos Santos e uma outra senhora que suponho
procuradora houveram por bem gravar um vídeo conclamando a mobilização popular
contra o projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade. Sabem o nome
disso? Abuso de autoridade!
Em boas democracias do mundo, o trio seria severamente
punido. Por aqui, não vai acontecer nada. Até porque o chefão de todos eles,
Rodrigo Janot, não só apoia o baguncismo no MPF como o promove. Vejam o vídeo.
Volto em seguida.
Eles perderam completamente a noção de limites. Já não
há mais dúvida de que os procuradores que compõem a Lava Jato têm um projeto de
poder e se sentem a única força legítima do país. Mais do que isso: na melhor
das hipóteses, querem o MPF como o Poder Moderador da República; na pior, como
o Poder único.
Eis que Deltan Dallagnol, o espevitado coordenador da
Força Tarefa, Carlos Fernando dos Santos e uma outra senhora que suponho
procuradora houveram por bem gravar um vídeo conclamando a mobilização popular
contra o projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade. Sabem o nome
disso? Abuso de autoridade!
Em boas democracias do mundo, o trio seria severamente
punido. Por aqui, não vai acontecer nada. Até porque o chefão de todos eles,
Rodrigo Janot, não só apoia o baguncismo no MPF como o promove. Vejam o vídeo.
Volto em seguida.
Vamos ver
A primeira a falar é a tal senhora — talvez eu devesse
saber o seu nome, já que ela se propõe a me governar e a outros mais de 200
milhões de brasileiros. Mas eu não sei. Afinal, ela não foi eleita por ninguém,
não é mesmo? O poder que ela julga ter, vejam só, foi-lhe outorgado por sua
própria turma. Adiante.
A Dona Coisa afirma, então, que, em 2013, as pessoas
foram às ruas contra a PEC 37, que retirava do MPF o poder de investigar.
Trata-se de uma simplificação grosseira, mas nem entro nisso agora. Segundo a
Doutora Fulana, “foi você que permitiu que a Lava Jato revelasse o imenso esquema
de corrupção que vemos nos jornais todos os dias”.
Sei!
Sempre achei que o que permite o trabalho do Ministério
Público Federal é o funcionamento das instituições e o fato de que os homens e
mulheres do Estado devem se ater àquelas que são as suas funções, segundo as
definem as leis. A pensadora Sei-Lá-Quem, a que me governa sem que eu tenha
votado nela ou contra ela, me ensina que não. E ela vai dizer algo ainda mais
perigoso:
“Agora, os políticos tentam calar as autoridades
novamente”.
Notem que ela não diz “um grupo de políticos”, “alguns
políticos”, “certos políticos”, mas “OS POLÍTICOS”. Isto mesmo: a procuradora
Alguém está propondo uma mobilização da sociedade contra o que virou uma
categoria: a dos “políticos”. A Justiceira Não-Sei-Quem acredita que pode usar
a sua função de mulher de Estado para incitar a população contra um dos Poderes
da República.
O nome disso? Abuso de autoridade!
Aí quem fala é Carlos Fernando, o lugar-tenente de
Dallagnol, comportando-se, às vezes, como o Leporello do Don Giovanni das Tias
Justiceiras. Diz ele: “Amanhã, uma comissão do Senado votará o projeto de lei
de abuso de autoridade, proposto pelo senador Renan Calheiros e relatado pelo
senador Requião. Todos nós somos contra o abuso de autoridade. Mas não é isso o
que está em jogo. Esse projeto promove uma verdadeira vingança contra a Lava
Jato. O que desejam é processar criminalmente o policial que os investiga, o
procurador que os acusa e o juiz que os julga”.
Pra começo de conversa, o projeto que pode ser votado
hoje na CCJ do Senado muda a lei que pune abuso de autoridade, que já existe.
Os procuradores espalham a falácia de que o texto condescende com o “crime de
hermenêutica” — ou de interpretação. Um juiz poderia, dizem eles, ser punido se
sua sentença fosse reformada em segunda instância. Trata-se de uma mentira
escandalosa. Isso não está no texto. Tampouco se poderia punir um procurador
por promover uma investigação. Não pode é praticar arbitrariedades.
Sim, é verdade, se a lei existisse, esse trio poderia
ser punido por promover essa patuscada. Aliás, pode ainda: esses três
procuradores estão atentando contra as prerrogativas de um dos Poderes da
República.
E fala o chefe
E aí é a vez de Dallagnol, aquele rapaz que é chegado
em “luz, câmera, PowerPoint e ação”. Diz o incontido, com o seu pendor para o
exagero jacobinista de baixa extração: “Admitir isso é calar de vez a Lava Jato
e o próprio juiz Sérgio Moro. Não permita que isso aconteça. Se manifeste
contra essa lei. Viralize esse vídeo”.
Quem dera a Lava Jato se calasse mesmo! Função de
procurador não é falar, não é conceder entrevista coletiva, não é incitar as
pessoas a agir contra o Legislativo. A propósito: será que Dallagnol usaria o
nome de Sérgio Moro sem a expressa autorização deste? Mais ainda: faz sentido o
órgão que acusa e o que julga atuarem em dobradinha?
Atuação ilegal
Essa atuação do trio é absolutamente ilegal. Estão
usando do poder que lhes concede o Estado brasileiro para, abusando de sua
autoridade, tentar impedir que um dos Poderes da República exerça as suas
prerrogativas. Mais: fazem-no com mentiras deslavadas. Ainda que o texto que
pune abuso de autoridade seja aprovado como está, a Lava Jato não sofrerá
qualquer dano.
É bem verdade que, com a mudança da lei, Dallagnol terá
de se comportar como um procurador da República, não como militante político,
chefe de facção ou líder de milícia.
É bem verdade que, com a mudança da lei, Carlos
Fernando terá de se comportar como um procurador da República, não como
“cheerleader”. Mais um pouco, veste um shortinho e sai abanando adereços de
mão.
É bem verdade que, com a mudança da lei, a Doutora
Desconhecida terá de se comportar como uma procuradora da República (ela é uma,
certo?), não como a guia do povo contra o Senado.
Foto antiga
Além das barbaridades legais desse vídeo, há as
estéticas. Vejam lá. O trio lembra aqueles antigos retratos de família, um
deles reproduzido no alto deste post, em que o patriarca ficava sentado, com ar
de macho alfa, e as mulheres se postavam atgrás, em pé, em respeitosa
submissão. Uma coisa, assim, bem Tradição & Família.
Na foto ilustração lá do alto, Dallagnol faz as vezes
de Agostinho (o nome do homem que está sentado). A dona Coisa está no lugar da
Giacomina, e Carlos Fernando faz as vezes da Angelina.
O vídeo do trio é tão antigo quando o abuso de
autoridade impune.
Se o Senado se intimidar, os parlamentares que fechem
as portas da Casa e apaguem a luz.
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