da Agência Brasil
Após mais de seis anos de negociações e ajustes, o
Ministério da Defesa do Brasil e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos
concluíram ontem (22) a assinatura de um convênio para a troca de informações
em pesquisa e desenvolvimento no setor. O acordo permitirá aos dois países
desenvolverem projetos tecnológicos em parceria na área da defesa, dinamizando
a cooperação bilateral.
Segundo o secretário nacional de Produtos de Defesa,
Flávio Augusto Basílio, o convênio é um importante passo para reaproximar
Brasil e EUA. “Esse acordo é um marco institucional importante, pois abre a
possibilidade dos dois países voltarem a cooperar nas áreas de ciência e
tecnologia, de forma a termos um produto binacional. Sem essa formalização, os
norte-americanos não trocariam informações ou cooperação técnica. Com o acordo,
os Estados Unidos estão afirmando que o Brasil é parceiro estratégico e que a
relação Brasil-EUA será de desenvolvimento conjunto, e não só de compra e
venda”, afirmou o secretário a Agência Brasil.
Longa
negociação
O chamado Acordo Mestre de Troca de Informações (Miea,
na sigla em inglês) é fruto de longo período de negociações entre as
autoridades militares dos dois países – que já haviam acertado dois acordos
bilaterais nas áreas de defesa e de proteção de informações militares
sigilosas.
As negociações ficaram travadas em 2013, depois que o
ex-analista de sistemas da Agência Nacional de Segurança dos EUA, Edward
Snowden, revelar que os Estados Unidos espionavam líderes políticos e empresariais
em diversos países, inclusive no Brasil. Onde, segundo ele, até e-mails da
ex-presidente Dilma Rousseff teriam sido monitorados.
Em julho de 2015, no entanto, o Congresso brasileiro
promulgou o Acordo Bilateral sobre Cooperação em Matéria de Defesa e o Acordo
Sobre Proteção de Informações Militares Sigilosas, que o Miea vem chancelar. O
primeiro acordo prevê a realização de treinamentos conjuntos, cursos e
estágios, além de facilitar as negociações comerciais de equipamentos e
armamentos. Já o segundo cria um quadro jurídico para a troca de informações
militares sigilosas de maneira segura, evitando o repasse de informações
confidenciais para terceiros.
Conforme com o secretário Basílio, o convênio assinado
ontem efetiva os dois acordos anteriores e pode resultar no desenvolvimento de
equipamentos aeronáuticos, navais e outros, além da parceria para pesquisa
básica.
“Guarda-chuva”
“O acordo abre como que um guarda-chuva que nos permite
identificar os nichos, os setores e os produtos. Sem este marco institucional,
não haveria nenhuma conversa neste sentido”, acrescentou Basílio, explicando
que questões como o treinamento de pessoal e o intercâmbio de engenheiros dos
dois países ainda serão mais detalhadas em novos acordos que serão assinados em
breve.
“Ainda faltam alguns acordos para chegarmos ao objetivo
final, que é o desenvolvimento de um produto binacional. Precisamos criar uma
base sólida para darmos esse passo. A troca de informações já acordada é um
passo significativo para o campo da cooperação científica e tecnológica”,
concluiu o secretário, ponderando que o Brasil só tem a ganhar com o
estreitamento do contato com os Estados Unidos.
Em outubro de 2016, após se reunir com o ministro da
Defesa, Raul Jungmann, durante a Conferência dos Ministros da Defesa das
Américas, o então secretário de Defesa norte-americano, Ash Carter, manifestou
seu apoio às propostas de cooperação entre o Brasil e os EUA. Na ocasião,
Carter elogiou as contribuições do Brasil para as operações de manutenção da paz
na África e em várias partes do mundo, como o Haiti, e conversou com Jungmann
sobre as formas com que os Estados Unidos e o Brasil podem colaborar em
questões regionais.
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