Fotos públicas.com.br
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Conhece aquele jogo em que todo mundo já sabe quem vai
ganhar antes mesmo do juiz apitar o início da partida? São favas contadas e
cartas marcadas. Não tem erro.
É este o clima que cerca a sabatina de Alexandre de
Moraes no Senado nesta-terça feira, principal fato político da semana.
Desde que seu nome foi indicado por Michel Temer para a
vaga de Teori Zawascki, Moraes desfila pelo Senado, sempre acompanhado de uma
comitiva de assessores e seguranças, como se estivesse passando a tropa em
revista.
Consta que já falou com todos os 81 senadores
pessoalmente, mas nem precisava. Cabalou voto de seus eleitores até numa
chalana ancorada no lago Paranoá, o momento mais emocionante da campanha.
Nunca houve em tempos recentes uma maioria governista
tão esmagadora na Comissão de Constituição e Justiça, presidida por ninguém
menos do que o ínclito senador Edson Lobão, e no plenário do Senado.
Feito candidato único em campanha eleitoral numa
cidadezinha do interior em que todo mundo se conhece, o ministro licenciado da
Justiça só está esperando a hora de correr para o abraço.
A única dúvida é saber quanto tempo vai durar a
encenação até a votação em plenário - se termina na própria terça-feira, ou no
dia seguinte.
Ninguém ali está muito preocupado com o conhecimento
jurídico ou a reputação ilibada do candidato ao STF, os requisitos básicos para
a nomeação de um ministro.
O que todos querem ter no tribunal é um aliado de
confiança na luta desesperada contra as denúncias da Lava Jato.
À oposição caberá o papel de time pequeno que entra em
campo para enfrentar um grande na final de campeonato já decidido, apenas para
cumprir tabela.
Pouco importa o que até agora se divulgou sobre alguns
problemas na carreira acadêmica do candidato, como casos de plágio e currículo
turbinado.
Não fosse todo esse cenário favorável, Alexandre de
Moraes conta ainda com o retrospecto das sabatinas no Senado, mero ritual de
confirmação daquilo que o governo de turno quer.
A última vez que um candidato ao STF foi vetado numa
sabatina do Senado aconteceu há 123 anos, no governo do marechal Floriano
Peixoto (1891-1894).
Publicado no blog Altamiro Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário