“De que planeta você veio”,
indagou Ary Barroso em 1953, ironizando a aparência de uma cantora negra e
pobre em seu programa Calouros em Desfile. “Do Planeta Fome”,
respondeu Elza Soares (Spotify),
então com 23 anos. Essa irreverência, somada ao talento incomum, marcou uma
longa carreira que se encerrou ontem, com a morte
da cantora, aos 91 anos. Elza não estava brincando na resposta a Ary.
Àquela altura já era viúva, perdera para a desnutrição dois filhos
recém-nascidos e tivera outra sequestrada — só a reencontraria 30 anos depois.
Mas o sonho de cantar era maior. O sucesso viria em 1959, com o samba Se
Acaso Você Chegasse (Spotify).
Graças à experiência como crooner nos anos 1950, Elza também dominava o jazz e
a Bossa Nova, e logo era uma artista reconhecida internacionalmente. Ao longo
dos anos 1970, emplacou sambas tradicionais de sucesso, como Salve a
Mocidade (Spotify),
mas entrou na década seguinte no ostracismo. Voltou aos holofotes graças a
Caetano Veloso, com quem cantou Língua (Spotify),
do álbum Velô, de 1984. Em 1999, a BBC inglesa a escolheu A Voz
Brasileira do Milênio. Era suficiente? Não, Elza manteve intensa
produção, interagindo com artistas de todos os estilos e gerações. “Eu
sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”,
brincava. Lançou seu último trabalho em 2019, chamado exatamente Planeta
Fome (Spotify).
“O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo”, dizia. Segundo a
família, ela morreu em casa, de causas naturais. (g1)
Elza produziu até
o fim. Literalmente.
Dois dias antes de morrer gravou um DVD de memórias e ainda deixou prontos dois
documentários e um álbum de canções inéditas falando da crise política
brasileira, previsto para agosto. “Elza queria lançar este álbum antes da
eleição presidencial, e a vontade dela será cumprida”, diz Pedro Loureiro,
empresário da cantora. (Folha)
“Deusa”, “guerreira,
“gigantesca”. Com palavras assim, todas justas, fãs e colegas usaram as redes
sociais para lamentar a
morte da estrela. (UOL)
O prefeito do Rio,
Eduardo Paes, decretou luto
oficial de três dias pela morte da cantora, e o governador Cláudio
Castro ofereceu o Theatro Municipal - que, apesar do nome, é do estado - para o
velório. (Metrópoles)
Ponto final. Elza
morreu no mesmo dia, exatos 39
anos depois, de Mané Garrincha, craque das copas de 1958 e 1962, com quem
foi casada entre 1966 e 1982 e que sempre considerou seu grande amor. (g1)
Outra perda foi
a morte na noite de ontem do cantor
e ator americano Meat Loaf (Spotify), aos
74 anos. Em seis décadas de carreira, o artista, que nasceu Marvin Lee Aday,
vendeu mais de cem milhões de discos, a maioria de sua opus magna Bat
Out Of Hell (Spotify),
de 1977 – até hoje são vendidas 200 mil cópias do álbum por ano. Foi um sucesso
improvável, um disco cuja faixa título tinha quase dez minutos (Spotify e YouTube ao vivo) e
foi tocada em todas as rádios. Mas ele era um rock star improvável, obeso a
ponto de adotar como nome artístico o cruel apelido “Bolo de Carne”. Começou
como ator de teatro, fazendo The Rocky Horror Picture Show tanto
nos palcos quanto na versão cinematográfica de 1975, e atuou também em Clube
da Luta, de 1999. Foram 12 álbuns e mais de 50 participações em filmes e
programas de TV, além da inspiração para todos os meninos gordinhos que algum
dia sonharam com o estrelato. (New York Times)
Para viver a
protagonista de seu curta Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui (trailer), a
cineasta e militante LGBTQIA+ Érica Sarmet queria uma atriz lésbica ou
bissexual assumida na faixa dos 50 anos. “A gente tinha até feito piada. Estava
superdifícil encontrar atriz assim, mas cantora tinha um monte, né?”, conta
Sarmet. E foi a solução. Zélia Duncan ficou com o papel e contracena com Bruna
Linzmeyer no filme, selecionado para o Festival Sundance, que começou
ontem. Um dos desafios da diretora foi filmar uma cena de sexo entre
(várias) mulheres que fosse excitante, “mas sem recorrer a esses enquadramentos
machistas e a certos códigos da pornografia”. (Folha)
Além de apelido
de um personagem de Aldir Blanc e (por isso) nome de um bloco carioca,
“simpatia é quase amor” foi o passaporte dos
Beatles (Spotify)
para o sucesso. Viralizou no Twitter um vídeo no
qual George Martin (1926-2016), produtor dos Fab Four, conta para a netinha seu
primeiro encontro com a banda. “Quando ouvi o que eles estavam fazendo, me
parecia bom, mas não brilhante”, diz ele. “Mas a magia veio quando eu comecei a
conhecê-los, porque eles eram pessoas extraordinariamente boas. Se eu sentia
isso, os outros também sentiriam, e isso os tornaria bastante populares”.
Encantado com os rapazes, Martin produziu o single Love Me
Do (Spotify),
e, bem, o resto é História. O vídeo foi publicado pelo também produtor Giles Martin,
filho do “quinto Beatle”. (Estadão)
COTIDIANO DIGITAL
A tecnologia 5G já
está aí para revolucionar a forma como a internet se integra a nossas vidas.
Mas não para todos. No Brasil, somente 1%
dos municípios já têm leis que viabilizem a implementação da
tecnologia. Um dos principais problemas é a legislação de instalação de
antenas. “Como a nova tecnologia precisa de cinco vezes mais antenas que o 4G,
a infraestrutura existente pode não ser suficiente para todas as fases
futuras”, explica Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de
Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel). Entre as capitais, somente
Rio, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Palmas e Porto Alegre já
adequaram a legislação. (CNN Brasil)
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