Por RFI
no Pensar Piauí
O jornal La Croix desta segunda-feira (18)
destaca na capa, acompanhada de uma foto de dois coveiros trabalhando em um
cemitério do subúrbio carioca, as conclusões da CPI sobre a administração da
pandemia no Brasil, que seriam divulgadas amanhã, após quatro meses de
inquérito. A reportagem foi publicada antes do anúncio do adiamento da leitura
dos resultados.
“Covid, os erros criminosos das autoridades
brasileiras” é o título da reportagem. “A responsabilidade do presidente
brasileiro é central na catástrofe sanitária provocada pela pandemia, com o
segundo maior número de óbitos do mundo, após os Estados Unidos", reitera.
La Croix levanta algumas das questões às
quais a CPI da pandemia vai tentar responder: a ausência de lockdown
em grande escala, a responsabilidade pelo colapso do sistema de saúde e a suposta
corrução na compra de vacinas superfaturadas.
O jornal francês explica que a CPI traz à tona, em
primeiro lugar, a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro. “Uma cegueira
assassina”, diz La Croix. O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da
comissão, já anunciou que o ex-capitão enfrenta 11 acusações,
entre elas, crime contra a saúde pública, charlatanismo e crime contra a
humanidade.
La Croix também cita outra acusação contra
Bolsonaro, a de “prevaricação no escândalo Covaxin”, em que o governo
propôs pagar US$ 15 cada dose, contra o preço inicial fixado pelo fabricante
indiano Bharat Biotech de US$ 1,34.
Disparidade regional
Em meados de outubro, menos da metade da população
brasileira (47%) está totalmente vacinada. O diário católico aponta as
grandes disparidades entre os Estados: apenas 25% dos habitantes de Roraima ou
da Amazônia receberam duas doses, contra 61% no Estado mais rico, São Paulo.
Apesar de a campanha ter se acelerado no verão, a CPI
lembra que o presidente recusou a compra de vacina da Pfizer em 2020.
La Croix cita ainda os acordos políticos de
Bolsonaro com o “centrão” e o trágico escândalo das cobaias humanas pelo grupo
Prevent Senior.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), na Haia, vai
examinar o relatório final da CPI e poderá, a princípio, julgar o presidente
brasileiro por crimes contra a humanidade, acrescenta o jornal francês.
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