Por Canal Meio
Em julho deste ano, o ministro da Economia, Paulo
Guedes, atuou para
retirar do projeto de reforma do Imposto de Renda uma regra
que tributaria rendimentos de brasileiros em paraísos
fiscais. “Ah, ‘porque tem que pegar as offshores’ e não sei quê.
Começou a complicar? Ou tira ou simplifica. Tira.
Estamos seguindo essa regra”, disse ele, então. O que não era de
conhecimento geral, embora fosse da Receita Federal, é que Guedes tem uma
empresa nas Ilhas Virgens Britânicas com patrimônio de US$
9,55 milhões (cerca de R$ 51 milhões) e que foi beneficiado
diretamente pela retirada da tributação. Ontem, o relator do projeto do IR,
senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse que estuda reintroduzir a regra que
Guedes fez retirar. (Folha)
A Procuradoria-Geral da
República abriu uma investigação
preliminar para apurar conflitos de interesses por Guedes e o
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terem empresas em paraísos
fiscais. O Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe que
servidores públicos de alto escalão tenham empresas que possam ser beneficiadas
por informações privilegiadas ou decisões sob a alçada deles. A exposição dos
dois faz parte de um grande levantamento de veículos de comunicação de todo o
mundo chamando Pandora Papers. (Estadão)
Segundo Vera
Magalhães, a revelação deu à ala
política do governo esperança de, se não derrubar Guedes, ao
menos enfraquece-lo para que deixe de resistir a liberar dinheiro para projetos
de potencial eleitoral. (Globo)
Mas Guedes e Campos não
são os únicos brasileiros com offshores, geralmente abertas para proteger
recursos de tributação no país de origem. Segundo os Pandora Papers, 66 dos maiores
devedores brasileiros de impostos mantêm empresas em paraísos
fiscais. Juntos, eles devem cerca de R$ 16 bilhões em impostos. (El País)
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