Sua
precisão é equivalente à apresentada pelo método convencional, o RT-PCR, porém
com a vantagem de permitir a realização simultânea de até 1536 amostras (Foto: Lillian
Suwanrumpha/AFP)
Por Jornal GGN
Da Agência Einstein
O Hospital
Israelita Albert Einstein, de São Paulo, desenvolveu o primeiro teste do mundo
de diagnóstico do novo coronavírus baseado em Sequenciamento de Nova Geração
(Next Generation Sequencing – NGS) com 100% de especificidade – ou seja, não
apresenta casos de falso-positivo. Sua precisão é equivalente à apresentada
pelo método convencional, o RT-PCR, porém com a vantagem de permitir a
realização simultânea de até 1536 amostras, totalizando um volume de
processamento 16 vezes maior do que o possível pelo método RT-PCR, tido como
padrão ouro. Protegida intelectualmente por meio do Sistema Internacional de
Patentes nos Estados Unidos, a tecnologia representa um grande avanço no combate
à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Sars-Cov-2.
O novo recurso surge como uma alternativa viável de
adoção de testagem diagnóstica em massa, ação vital para a tomada de medidas
imediatas de tratamento, previsão da demanda para o sistema de saúde e controle
da expansão dos casos. O que há disponível para testagem em massa são os exames
sorológicos, conhecidos como testes rápidos. No entanto, eles detectam
anticorpos produzidos pelo organismo em resposta à infecção e só podem ser
observados em média 14 dias após a contaminação. Por isto, são apenas para
triagem e possuem taxas aproximadas de 30% de falsos-negativos. O teste criado
pelo Einstein, ao contrário, identifica a presença do vírus, funcionando como
instrumento diagnóstico a ser usado desde o primeiro dia de infecção, da mesma
forma que o RT-PCR. “A nova tecnologia amplia a capacidade mundial de
diagnóstico, início rápido de tratamento e de isolamento dos doentes e
contactantes, contribuindo, desta maneira, para o controle da expansão da
pandemia”, afirma o médico Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente
Israelita Brasileira Albert Einstein.
O teste é baseado na tecnologia de Sequenciamento de
Nova Geração (Next Generation Sequencing – NGS), que consiste na leitura de
pequenos fragmentos de DNA para a identificação de doenças ou mutações
genéticas. A grande inovação desenvolvida pelos pesquisadores do Einstein foi
ter adaptado o método para detectar RNA, a outra molécula biológica que, junto
com o DNA, compõe o material genético de todos os seres vivos. Como diversos
tipos de vírus, o Sars-Cov-2 possui apenas RNA. “Até agora, a única forma de
registrar sua presença dentro das células humanas era pela técnica RT-PCR”,
explica o patologista João Renato Rebello Pinho, coordenador do Laboratório de
Técnicas Especiais do Hospital Israelita Albert Einstein.
O exame foi desenvolvido seguindo boas práticas e
recomendações de instituições respeitadas como o Centro de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, e a Food and Drug Administration (FDA), a
agência americana responsável pela aprovação de medicamentos e tecnologias em
saúde. As primeiras validações demonstram alta capacidade (90%) de identificar
corretamente os indivíduos que contraíram a doença. Elas foram executadas
usando amostras testadas na rotina habitual do laboratório do Einstein.
A coleta de amostra para detecção do vírus é realizada
por meio de cotonetes estéreis (chamados de swab) em contato com a região nasal
ou saliva. Posteriormente, a amostra é preparada de acordo com protocolos
específicos desenvolvidos pelo hospital.
Por fim, a análise dos resultados é realizada por meio
da plataforma de bioinformática Varstation®, também criada pelo Departamento de
Inovação do Einstein e comercializada para outras empresas. “O resultado fica
pronto em até três dias, mas já estamos trabalhando para reduzir
significativamente este prazo”, explica o bioinformata Murilo Cervato, gerente
de Inovação e Ciência de Dados da organização e CEO da Varstation. Todo o
processo está patenteado.
O teste deverá estar disponível para a rotina de
operação diagnóstica no Einstein até o início de junho. Trata-se, portanto, de
outra vantagem do exame criado no hospital, já que amplia de maneira
significativa a capacidade de testagem no Einstein e, potencialmente, a de
outros laboratórios semelhantes no Brasil e no mundo. A adoção da metodologia
patenteada pelo Einstein tem grande potencial de ser adotada em larga escala,
uma vez que há grande disponibilidade de produção em laboratórios de NGS, que
atualmente se encontram, na maior parte dos casos, com baixo nível de
utilização em função da pandemia.
O desenvolvimento do teste levou cerca de dois meses.
“O feito da equipe do Einstein, executado em tão pouco tempo, é resultado do
grande investimento da organização em suas áreas de pesquisa, inovação e
empreendedorismo”, afirma o engenheiro Claudio Terra, diretor de Inovação e
Transformação Digital da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert
Einstein.
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