"Tratando o Brasil
como se fosse de sua propriedade, ou pior, como se fosse a sua casa, estamos
observando a história escrever uma das páginas mais lamentáveis da nossa
pubescente democracia". Foto: Arquivo/PR
– Bolsonaro é apaixonado pelos filhos, por isso vai
indicar um deles para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
– Considera Donald Trump seu brother, por isso pensa e
age como ele.
– Pensa que para atender os interesses da família não
existe limites entre vida privada e a atividade estatal, por isso autoriza o
uso de aeronaves da FAB para transportar familiares ao casamento de um dos
filhos.
– Adora a Igreja Evangélica, por isso vai isentá-la do
pagamento de impostos e promete nomear um ministro evangélico para o STF.
– É fã ardoroso das Forças Armadas, por isso enche seu
governo com militares.
– Se diz um liberal na economia, por isso prioriza o
atendimento dos interesses dos grandes empresários.
– Tem preconceito com os “paraíbas”, por isso dificulta
a distribuição de verbas para os estados govenador por partidos da oposição.
– É afeito a declarações de cunho homofóbico, misógino
e racista, por isso nomeou uma ministra preconceituosa para o Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
– Tem adoração por armas, por isso flexibilizou o
acesso a elas para todas as “pessoas de bem”.
– Não gosta de bandidos, por isso faz a apologia de
matá-los como baratas.
– Gosta de praia, por isso quer transformar estações
ecológicas em paraísos turísticos.
– Considera improvável a tese do aquecimento global e
desdenha dos tratados ambientais, por isso nega o crescimento do desmatamento
da Amazônia.
– Pensa que índios devem viver como os cidadãos
urbanos, por isso não se importa em ver suas aldeias transformadas em zona de
garimpo.
– Idolatra o coronel torturador Carlos Alberto
Brilhante Ustra, por isso eleva-o a condição de “herói nacional”.
– Acusa a imprensa de criar fake news, por isso usa o
Twitter como canal de comunicação com seu público, na maioria das vezes para
retratar-se de manifestações equivocadas e/ou mentirosas.
– Tem aversão às críticas da imprensa, por isso adota
medidas de sufocamento financeiro para os veículos que não se aliam a sua
prática de governar.
– Gosta de comer pão com leite condensado, bem, quanto
a isso, pelo que se sabe, não houve ainda nenhuma manifestação de interesse em
incluir o produto na cesta básica dos brasileiros. Mas não duvidem.
E assim, tratando o Brasil como se fosse de sua
propriedade, ou pior, como se fosse a sua casa, estamos observando a história
escrever uma das páginas mais lamentáveis da nossa pubescente democracia, onde
um presidente desprovido das mínimas condições exigidas para o cargo age como
se a derrocada da cidadania fosse uma questão de escolha de lado e não uma
consequência de uma escolha equivocada.
A questão é: Como aceitar que um presidente, que
representa a elite nacional e atua de acordo com os princípios do capitalismo
colonizador, o tal “mercado”, que visa manter a maioria da população presa às
amarras da miséria e da ignorância, ouse dizer que representa o povo
brasileiro? Como ele pode abanquetar-se com os seus afins e ainda ter a coragem
de dizer que não há ninguém passando fome no país? Como?
Não, presidente, não se sinta confortavelmente como se
fosse o dono do Brasil. Menos ainda como se estivesse na sua própria casa.
Mesmo que o excesso de poder lhe embriague, que infle ainda mais o seu ego e
que seus seguidores lhe idolatrem, o senhor não passa de um inquilino do
Palácio do Planalto. E embora não acredite, o senhor não pode tudo. A consciência
e a irresignação, maior riqueza do povo brasileiro, são valores que dinheiro
nenhum pode comprar e que bravata alguma pode amedrontar.
Por isso, para não ser despejado antes do fim do
contrato (mandato), trate de ser fiel a convenção e ao regulamento
(Constituição) do condomínio Brasil. E mesmo que consiga a façanha de chegar
até o final, tome cuidado com as reformas, pois o proprietário (povo) pode não
gostar delas e desistir da renovação do contrato.
Beba da fonte: Por
Sergio Araujo no Sul21
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