sábado, 24 de agosto de 2019

Grupos de mensagens negam Holocausto, louvam de Hitler a Enéas e propagam nazismo

Reportagem acompanha incógnita por duas semanas grupos de extrema direita ativos no WhatsApp

Grupos de mensagens negam Holocausto , louvam de Hitler a Enéas e propagam nazismo

Reportagem acompanha incógnita por duas semanas grupos de extrema direita ativos no WhatsApp

O diálogo ocorreu no grupo Fascismo Vive, criado no último dia 10 de agosto e que até a última quinta (22) reunia 80 participantes.

Além dos líderes nazifascistas, são louvadas figuras como o integralista Plínio Salgado (1895-1975), o ditador português Antonio Salazar (1889-1970) e o deputado federal Enéas Carneiro (1938-2007).

Criado em 20 de maio deste ano, o grupo Recrutamento Fascista tinha 87 integrantes na semana passada. Entre seus motes estão"antissionismo, contra tudo e todos que propagam e financiam o Estado de Israel" e"antiglobalismo, contra toda agenda da ONU e toda degeneração imposta pela putada internacional".

A negação do genocídio dos judeus na Segunda Guerra é um tema constante. Textos de negacionistas como o gaúcho de origem alemã Siegfried Ellwanger Castan (1928-2010) e o francês Robert Faurisson (1929-2018) circulam livremente.

Há ainda montagens da Estrela de David, símbolo do judaísmo, com imagens de ratos, e figurinhas da bandeira de Israel queimando. "Sieg Heil", saudação nazista que significa"Viva a Vitória", é um cumprimento comum.

Linha parecida segue o Corrente Nacionalista. Criado no último dia 6 de agosto e com 201 participantes, define-se como um"grupo nacionalista da Terceira Política", termo utilizado pela extrema direita para se distinguir dos liberais capitalistas e dos comunistas.

Membros que ousem postar algo que destoe do pensamento geral do grupo são prontamente expelidos.

"A culpa não é do governo Bolsonaro! E sim dos grandes poderosos políticos, empresários, militares! Infelizmente o governo Bolsonaro trabalha sob pressão todo dia!", disse o usuário Ferreira, do grupo Integração.

Roque se diz admirador de Mussolini e Hitler por pregar ordem e disciplina. "Hitler foi o único que teve coragem de defender a Europa. Hoje só vemos degeneração", diz ele, que vê"contradições" nos relatos de historiadores sobre o genocídio."Só mostram uma versão, não os dois lados da moeda", afirmou, sem expandir seu raciocínio.

"Temos que separar o que é liberdade de expressão do que é algo que possa incitar a violência. Não queremos banalizar a questão", diz Rony Vainzof, secretário da entidade.

Segundo Octávio Aronis, diretor de Segurança da Conib, a entidade tem informado à polícia sobre casos específicos de incitação à violência, dependendo do grau de agressividade. A Conib também apoia ação no Supremo para derrubar o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que limita a responsabilidade das plataformas digitais por conteúdo gerado por terceiros.

Vilhena se inclina, contudo, pela visão mais comum nos EUA, de permitir o debate por pior que seja, a menos que exista um perigo real e imediato de ato de violência.

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