sexta-feira, 24 de maio de 2019

O levante agreste: documentário mostra a reação da população de Garanhuns contra os cortes na educação

O Brasil está atento, dia 30 vai ser maior. Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a educação e a previdência pública.

Em 2011, Dilma Rousseff, já presidente, esteve em Garanhuns para inaugurar o curso de Medicina no campus local da Universidade de Pernambuco. Foi um momento marcante da história da cidade, no agreste brasileiro, não apenas porque a presidência da República se deslocava para lá, mas principalmente porque a região experimentava os benefícios do avanço do ensino superior. A Universidade de Pernambuco é estadual e participava de um programa federal de interiorização do ensino superior.

O resultado é que a cidade passou a receber professores profissionais qualificados e a formar profissionais que ajudaram no desenvolvimento da região, com ganhos de produtividade. Os professores Taciano Valério e Patrícia Lira são dois dos profissionais qualificados que foram para lá no boom no desenvolvimento do ensino superior do Brasil.

Patrícia é formada em psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco, tem mestrado pela Universidade Católica de Pernambuco e doutorado pela Universidade Paris Nord, na França. Já Taciano  é formado pela Universidade Estadual da Paraíba, onde também fez o mestrado. Depois, doutorou-se pela Católica de Pernambuco.

Por concurso, assumiram as cadeiras de professor no campus de Garanhuns. Mas não se limitam a dar aulas. Taciano é cineasta premiado e já trabalhou com Jean Claude Bernardet. Os dois, voluntariamente, tem produzido documentários sobre a região. O último deles é o Levante Agreste, que registra o ato de protesto realizado em Garanhuns contra o corte na educação. É uma iniciativa que tem o apoio do DCM e está sendo divulgado através de um dos canais do site no YouTube.

Conta Patrícia:

“Resolvemos realizar esse documentário por entendermos que se trata de um fato que demarca um ponto de inflexão importante na história da educação no país. Isso porque há pouquíssimas décadas o ensino público de qualidade, sobretudo na educação superior, era concentrado nas capitais e destinado notadamente àqueles que podiam pagar. Esse vídeo expressa o impacto que o processo macro e micro politico de descentralização universitária produziu em pequenas cidades como Garanhuns e outras tanto no agreste quanto  no sertão como é o caso de Caruaru, Petrolina, Salgueiro, Arcoverde, Serra Talhada. No entanto, embora o vídeo seja emblemático por tratar de cidades que ocupam o imaginário social brasileiro como metonímias da ignorância e da despolitização por pertencerem ao nordeste, ao interior do nordeste, temos certeza que remete a uma realidade experimentada por muitas outras cidades interioranas espalhadas pelo nosso país com seus sotaques, suas lutas, seus protagonismos culturais, científicos e políticos. Nesse ato, Garanhuns viveu algo inédito: um movimento unificado em torno da pauta da educação que o governo de Jair Bolsonaro insiste em denegar de modo estúpido e inconsequente.  O ato foi organizado de forma unificada por diferentes segmentos sociais, reunindo universidades, sindicatos, associação de moradores, partidos políticos, coletivos, entidades estudantis, entre outros.”

Patrícia e Taciano estavam lá, com uma câmera na mão e muitas ideias na cabeça. Com técnica, produziram o vídeo de qualidade.



Publicado por Joaquim de Carvalho - DCM

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