MPSC pede prisão preventiva do acusado de matar
a modelo gaúcha por descumprimento de medidas cautelares aplicadas pela Justiça. Foram encontrado bebidas alcoólicas em seu quarto de hotel. Era proibido.
"Isadora tinha sonhos, mas tudo foi ceifado",
diz pai de modelo gaúcha morta em SC
Cirurgião-dentista Rogério Froner Costa, 50 anos, fala sobre a perda da filha e a luta por justiça
Por José Luis Costa - GZH
A família da modelo Isadora
Viana Costa, 22 anos, vive dias de dor e sofrimento, mas está
mobilizada em busca de justiça, conforme relato do pai da jovem, o
cirurgião-dentista Rogério Froner Costa, 50 anos.
Nascida e criada em Santa Maria, na Região Central,
Isadora foi assassinada
dentro do apartamento do namorado, Paulo Odilon Xisto Filho, 36 anos.
Oficial de cartório de registro de Imbituba (SC), ele é acusado do crime.
Era a primeira visita de Isadora ao namorado, que
também tem parentes em Santa Maria, conhecidos da família da modelo. Conforme o
pai da jovem, os dois se encontraram pela internet, em Santa Maria, havia dois
meses, e a filha vivia uma paixão intensa.
Amparado por amigos, Rogério, a mulher Cibele e a filha
Mariana (irmã gêmea de Isadora) haviam organizam para este domingo (8), em
Santa Maria, manifestação para lembrar os 60 dias da morte de Isadora e pedir
justiça, mas o ato foi adiado por causa do mau tempo. Ainda não há previsão de
nova data.
Isadora foi assassinada no amanhecer de 8 de maio.
Paulo alegou que a namorada sofreu lesões provocadas por uma queda, mas o laudo
de necropsia comprovou que ela foi agredida em momento em que apenas o casal
estaria no apartamento.
Na última quinta-feira (5), a Justiça acolheu denúncia
do Ministério Público contra Paulo, que se tornou réu, acusado de homicídio
qualificado e feminicídio. No texto, a promotora de Justiça Sandra Goulart
Giesta da Silva escreveu que Paulo era usuário de drogas, condição que
esconderia da família.
Na madrugada do crime, ele teria consumido cocaína e
espumava pela boca. Isadora teria se assustado e ligado para um familiar do
namorado. Paulo teria ficado furioso. Corpo de atleta e praticante de artes
marciais, ele teria desferido socos, chutes e joelhadas contra o abdômen da
modelo, que não resistiu aos golpes.
Advogados de defesa de Paulo discordam das
acusações, afirmando que "ocorreu uma fatalidade decorrente do uso
excessivo e acidental de entorpecentes, que será comprovada ao longo da
instrução do processo".
Em entrevista concedida por telefone a GaúchaZH, Rogério lembra
com carinho da filha e diz que vai lutar para que a memória dela seja
preservada como a de uma jovem íntegra e cheia de planos:
— Um dos sonhos da minha filha era ser musa do Grêmio.
Era uma menina maravilhosa, que só tinha ilusões, sonhos e queria ser feliz.
Uma dama na postura, no jeito, na educação. Nos choca mais por ser minha filha,
por ser mulher e por ser uma menina. A gente não entende como uma pessoa tem
coragem de fazer uma coisa dessas. A história da minha filha ainda não terminou
na Terra. Vai ser terminada da forma como começou, lisa, ilibada.
Como o senhor está?
Estamos
passando por um momento difícil, mas de muita luta.
A Isadora namorava há muito tempo com o
Paulo Odilon?
Era
um namoro recente, de dois meses. Mas a gente conhecia a família dele. O meu
pai chegou a ser colega do pai dele. E isso dava segurança para a gente, que se
tratava de uma pessoa que a gente pensava que era, mas, aparentemente, não
é.
Eles se conheceram em Santa Maria?
Em Santa Maria. Ele a procurou por internet. Era uma modelo, uma menina muito
linda. Tinha e tem uma reputação de boa menina, e o rapaz se interessou por
ela. Até, então, parecia um conto de fada. Inclusive, ele seduziu minha filha.
Se conheceram pela internet, e, lógico, como era na mesma cidade, começaram o
namoro. Esse rapaz apresentava ela como noiva. A gente fazia a orientação
possível, mas era maior de idade, com 22 anos, era modelo, viajava. Embora
fosse uma menina vulnerável, com alguns problemas da juventude, como tantos,
mas era uma menina normal, que tinha a vida dela, era modelo, estudava, tinha
futuro. Tinha os sonhos dela, mas tudo foi ceifado.
Estava na faculdade?
A
Isadora entrou na Administração, na Ciências Contábeis e chegou a fazer
Relações Internacionais na Federal (UFSM). Ela não tinha se achado
ainda, mas agora, de repente, pelo namoro, por empolgação de uma paixão
repentina e intensa, ela queria fazer Direito. Ela até já havia falado sobre
isso outras vezes. Estava à espera disso, mas não deu tempo. Estudava e tinha a
carreira dela, era modelo, viajava, fazia alguns concursos, era modelo de
fotografia. Fez alguma passarela, mas fazia mais fotografia.
Era a primeira vez que ela viajava para
Imbituba para visitar o Paulo Odilon?
Sim.
Mas já conhecia a família dele aqui. Foi a primeira visita a Imbituba,
infelizmente, a primeira e a última. Ela queria conhecer o local de trabalho do
rapaz. Era um namoro, uma paixão intensa, coisa de juventude. Mas,
infelizmente, ela não sabia com quem estava. Era uma jovem ingênua, criada
dentro de casa, com um cara com vivência.
Isadora era a sua única filha?
Não. Ela tem uma irmã gêmea, Mariana. É uma convivência desde o útero, que foi
cortada. A Mariana nos ajudou muito nos primeiros dias, teve muita força, muita
coragem. Agora, não está bem, por óbvio. Ela não é de ferro, esta sentindo
muito.
O que o senhor sabe sobre o que aconteceu
no dia da morte da Isadora?
O que está no indiciamento e na denúncia. A gente confia muito, muitíssimo no
Ministério Público e na Justiça de Santa Catarina. Minha filha foi morta
daquela maneira que está na denúncia do MP. Sou da área da saúde, nenhum ato de
anatomia vai ser destruído para tentar mudar. As pessoas têm amplo direito de
defesa. Minha linha é a da cidadania, a do direito à verdade. Não acreditamos
em outra maneira de agir que não pelas vias do estado de direito. Ele (Paulo
Odilon)tem todo o direito de se defender. Não vou julgar ninguém, mas
confiamos na Justiça e na verdade que, parece, estão do nosso lado. Lutamos
contra o feminicídio. Nenhum homem tem direito de decidir o futuro das
mulheres.
Em algum momento, Paulo Odilon demonstrou
agressividade em encontros anteriores com a família ou com a Isadora?
Nunca tivemos contato físico com esse rapaz. Era muito recente (o
namoro). Nossa filha era ingênua, mas era maior de idade. Então não
chegamos a conhecê-lo, mas confiávamos na nossa filha, confiamos, à princípio,
nas pessoas e tínhamos referências anteriores da família.
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