A tranquilidade de uma rua no bairro Petrópolis, em
Porto Alegre, foi quebrada no final da manhã de ontem sexta-feira (22), quando
um tumulto em frente a um prédio levou os moradores a chamarem a Brigada Militar.
Duas transexuais gritavam afirmando estar cobrando uma suposta dívida do deputado federal José Otávio Germano (PP),
morador do local. Germano é companheiro de partido da senadora gaúcha Ana
Amélia Lemos, uma das campeãs da moralidade e dos bons costumes no Congresso e
ardoroso apoiador do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A guarnição da BM, composta por três soldados, tentou
negociar o fim do protesto. Um dos policiais subiu ao sétimo andar, onde
mora Germano, e voltou dizendo que ele iria pagar a dívida. Descrevendo
o deputado como "muito alterado", o soldado pediu que as
transexuais esperassem a chegada de uma pessoa que iria trazer o dinheiro.
Por telefone, o policial passou os dados da conta
corrente de uma delas, para que o parlamentar fizesse o depósito. Depois de
duas horas de espera, o soldado que comandava a conversa voltou para dentro do
prédio. Ao sair, trouxe no bolso R$ 2,5 mil, em notas de R$ 100 e R$ 50.
— Tô com o dinheiro aqui, R$ 2,5 mil. Tu vai me
prometer que hoje tu vai aliviar — condicionou o soldado.
Após alguns minutos de conversa com os PMs, as
transexuais aceitaram ir embora mediante a promessa de que o restante da
suposta dívida será pago em breve. Uma delas mostrou à reportagem mensagens de
celular em que o deputado a chamava para o seu apartamento no começo
da manhã desta sexta.
Ela afirmou ter visto no convite a oportunidade de
cobrar a dívida, convidando a amiga para isso. O plano teria sido frustrado
quando o político bloqueou o contato no celular, o que teria movido as duas a
promoverem o tumulto em frente ao prédio.
O deputado é réu em duas ações penais da
Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal. Por conta dos processos, dirigentes do
PP já apresentaram um pedido à direção estadual do partido pedindo que ele não
concorra nas eleições de outubro.
Fonte: ZH
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