Toda
crise é iniciada a partir de fatos concretos. O rumo que eles vão tomando no
desenrolar dos acontecimentos depende da ação dos atores e dos interesses em
jogo.
Por Ricardo Capelli* Foto: Vitor Jubini
O tucano Pedro Parente conduziu o Brasil para mais um
desastre. O “grande” executivo geriu a Petrobras preocupado apenas em proteger
a empresa e seus acionistas das variações do preço do petróleo no mercado
internacional.
Descolado de qualquer projeto de nação, Parente deu uma
banana ao país e decidiu repassar para os operadores e consumidores as
variações dos preços, sem qualquer responsabilidade, planejamento ou
estratégia.
Com os preços variando muito em um único mês, uma
brutal instabilidade tomou conta do mercado de combustíveis e transportes, com
forte impacto na economia.
A política de preços da Petrobras é uma questão de
Estado. A empresa não tem que necessariamente assumir os riscos das flutuações.
Mas o bom senso indica que a companhia estabeleça uma previsibilidade mínima
nos reajustes, orientando o mercado e os contratos que serão firmados para a
possível volatilidade embutida.
A lógica irresponsável de soluços e instabilidade
permanente desarrumou a economia nacional e isolou o governo. Caminhoneiros,
contratantes, transportadoras, distribuidoras, consumidores, enfim, um
isolamento fantástico que entrará para os anais da estupidez econômica e
política.
A desorganização abriu margem para todo tipo de
oportunistas, afundando ainda mais a economia. Preços dispararam, a sensação de
descontrole bateu no teto trazendo mais insegurança para uma população saturada
de sustos.
Foi a pá de cal no esquálido governo Temer. O
presidente nunca esteve tão “na mão” de Raquel Dodge. Se a PGR apresentar a
terceira denúncia, dificilmente resistirá.
A política alvejada pela Lava Jato, o executivo e o
legislativo acuados, o desemprego batendo recordes e as projeções econômicas
sendo refeitas para baixo. Agregue a isso uma crise com o setor de
combustíveis/transportes. Temos um país paralisado e à deriva.
A Globo faz ampla cobertura do movimento com uma linha
política clara. Joga Temer aos leões, insufla a população e tenta preservar
Parente. O responsável pelo caos é o fiel representante dos interesses
antinacionais na empresa.
A direita continua sem candidato. Alckmin, sócio do
golpe e do desastre, patina nas pesquisas. Rodrigo Maia tem claros limites
eleitorais. Flávio Rocha e Amoedo não tem expressão. Álvaro Dias é o “novo
botox” circunscrito ao Paraná. Meirelles carrega o caixão do Planalto. Sobra
apenas Bolsonaro, que lidera as pesquisas na ausência de Lula.
Febre de quarenta graus pode ocasionar convulsão. Um
antitérmico padrão não basta. O agravamento da crise joga o país novamente para
os pólos. O candidato “anti-establishment”, que surfa na negação da política
pela extrema direita, sai fortalecido. O PT, que também aposta na
radicalização, ganha pontos em sua estratégia.
O mercado vai aderir ao Capitão? Rodrigo Maia irá
finalmente embarcar no projeto da Globo de derrubar Temer? A PGR apresentará a
terceira denúncia? A queda de Temer teria que desfecho? Há risco real de uma
intervenção judicial-militar com o adiamento das eleições?
Se a esquerda continua dividida enfrentando
dificuldades, é fato que a direita também continua perdida. O movimento dos
caminhoneiros acendeu o alerta máximo, na sociedade e na direita. “Algo”
precisa ser feito. Nervos à flor da pele exigem “decisão e radicalidade”.
População anestesiada, desempregada e cada vez mais
indignada com a política. A direita encurralada, com um golpe fracassado nas
mãos e sem conseguir encontrar saídas plausíveis pelo caminho do voto.
É bom colocar as barbas de molho, conversar muito com o
povo e evitar arroubos. O momento é de grande instabilidade e incerteza. Uma
coisa apenas é certa: o jogo da direita ainda não está jogado. Vêm cartas novas
por aí.
Com informações portal vermelho.
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