Do GGN
Em sua coluna de hoje na Folha de S. Paulo, o
jornalista Janio de Freitas fala sobre as revisões do governo em questões como
a reforma da Previdência e a estimativa de deficit fiscal para 2018, que foi
corrigido de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões.
Em relação à reforma, o governo Temer decidiu rever a
regra de transição de quem já paga para a Previdência, que seria uma maneira de
corrigir erros de avaliação política e propostas técnicas que provocariam
distorções na aplicação das regras.
O Banco Central, por sua vez, também deve se apressar
na correção progressiva da taxa de juros, “muito mais altos do que deviam por
erro em projeções, até publicadas”, diz Janio.
por Janio de Freitas
Leia a coluna completa abaixo:
Da Folha
Erros sem conta
Por Janio de Freitas
Apesar de tudo, ainda é do Congresso que vem alguma
defesa do interesse público. A recusa à aprovação apressada e leviana da
"reforma" da Previdência, como pretendida pelo governo, deparou-se
com erros perturbadores no projeto comandado por Henrique Meirelles.
Fora do Congresso, mas também nele, outros erros foram
identificados como comprometedores das previsões oficiais e das perspectivas
econômicas apregoadas. Bem a propósito, fracassada a previsão de que o
crescimento retornaria ainda em 2016, Meirelles anunciou-o para o final de
março. Abril está aí, e nem parece que o ministro da Fazenda está.
O governo encerrou a semana corrigindo o rombo previsto
para 2018: a estimativa de R$ 79 bilhões sobe, em um pulo só, para R$ 129
bilhões. Pouco antes, o governo decidira, em "atenção ao Congresso",
rever a regra de transição dos já pagadores de Previdência para novas e mais
duras possibilidades de aposentadoria.
A regra inicial foi uma das cinco recusas do Congresso,
sobre as quais o governo passou da exigência persistente à dócil
reconsideração. O jornalista José Paulo Kupfer –presença constante no que de
melhor se publica sobre economia brasileira– dá a explicação para a virada
atribuída a negociações: "pelo menos em parte", o recuo do governo tem
como "objetivo corrigir erros de avaliação política" e
"proposições técnicas mal costuradas, que levariam a distorções na
aplicação das novas regras".
Coisas assim: pessoas de mesma idade e mesmo tempo de
contribuição, mas nascidas um pouco antes ou um pouco depois das novas regras,
se aposentariam com menos cinco anos ou com mais 20 de contribuição, para
receber o mesmo. Além de erro técnico, soma de doidice e violência. Mas
Meirelles não erra sozinho.
Já nesta semana o Banco Central sai correndo para
apressar a correção progressiva dos juros, muito mais altos do que deviam por
erro em projeções, até publicadas. O governo pode comemorar, no entanto, a
queda da inflação. Embora o feito seja obra do aumento do desemprego e da
economia esmagada. Estes, sim, feitos do governo Meirelles/Temer.
Brasileirinhas
1- Como convém, Gilmar Mendes declarou-se impedido de
julgar o caso, no Supremo, de uma empresa patrocinadora do seminário que
Gilmar-empresário-de-ensino empreende em Portugal. Ainda que a declaração de
impedimento só viesse depois de "O Estado de S.Paulo" publicar que
Gilmar-ministro era relator do caso de sua patrocinadora.
Permanece, porém, um fato indelével: o acerto do
patrocínio deu-se, por certo, quando o seminário em Portugal ainda se
organizava. Logo, com Gilmar Mendes como relator do processo da então possível
patrocinadora.
Original, essa relação no Supremo entre relatoria e
patrocínio.
2- Roberto Freire explica por que nomeou, para os
melhores postos no Ministério da Cultura, 18 filiados do seu PPS: "São
pessoas da minha confiança". Ah, os antecessores só nomeavam assessores de
quem desconfiavam. E Roberto Freire só sabe de gente confiável no PPS. Não é o
que pensam os seus ex-eleitores pernambucanos.
3- Ricardo Barros atacou nota da Fiocruz contra o corte
de verbas: "Assim como não vou contra o ministro Henrique Meirelles para
pedir mais verba, a Fiocruz também não pode fazer manifestação contra o governo
do qual faz parte". A Fiocruz, centro de excelência científica, não faz
parte do governo: integra o Estado, a União, o serviço público. Quem faz parte
do governo é Ricardo Barros –o que explica ambos.
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