Quem é o Macunaíma: a
empregada ou o Ministro?
Serraglio decidiu demitir o presidente da ao Funai
(Fundação Nacional do Índio), Antônio Fernandes Toninho da Costa, por não ter
atendido às demandas do líder do governo no Congresso, deputado André Moura
(PSC-CE), nomeando 25 pessoas indicadas por ele (https://goo.gl/KgAZ44) para o
órgão.
Segundo a reportagem, a decisão de Serraglio teve aval
do presidente da República Michel Temer. Provavelmente visa trocar as
indicações por votos para o desmonte da Previdência Social.
São co-responsáveis diretos por essa tragédia os
excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal Federal, que se acovardaram em
relação a um golpe aplicado em uma presidente, não por seus erros econômicos,
mas por não transigir com o loteamento do país. E nada fazem para impedir a
continuação da pilhagem.
São igualmente co-responsáveis a Procuradoria Geral da
República, a Lava Jato, os procuradores que saíram às ruas em estranhas
passeatas destinadas a entregar o poder a uma quadrilha, em nome da moralidade.
E continuam sendo responsáveis, assistindo de camarote o desmonte do país, as
negociatas a céu aberto, com o ar de “isso não é comigo”.
Esses agentes “civilizatórios”, como se supõe ser o
Ministro Luís Roberto Barroso, sempre empenhados em enaltecer o modelo
anglo-saxão, fogem das questões centrais que ajudaram a erigir uma civilização
relativamente moderna por lá: homens públicos conscientes de sua
responsabilidade perante o país e o Estado, vozes que se levantavam contra os
abusos, contra as ameaças à nacionalidade, contra os assaltos a céu aberto,
contra os esbirros do poder, os fundadores que chamavam a si a responsabilidade
pelos destinos da pátria.
O Brasil é o que é não por conta da empregada do amigo
de Barroso, que não aceitou registro em carteira para não perder o Bolsa
Família. É por conta de Ministros como Barroso, que assistem de camarote a essa
pilhagem, os seguidores da máxima “não é comigo”, mais preocupados com os
ataques que podem sofrer de blogs de direita arranhando o verniz das suas
reputações, do que se valer de seu poder institucional para defender o país.
O Macunaíma não é a marronzinha que serve humildemente
em casas de advogados bem-sucedidos. É o espírito que permeia sumidades, como
as que habitam o Olimpo do Supremo, e que, tendo os raios de Zeus à disposição,
preferem o sossego dos traques sem risco. E dormitar na rede, achando que o
incêndio nunca chegará na choupana Brasil.
A razão de terem aceitado a indicação para o Supremo é
exclusivamente a vaidade, o status, a liturgia do cargo, não as
responsabilidades inerentes, a possibilidade de interferirem positivamente nos
destinos do país, o exercício do contraponto em benefício do bem comum. Ou
proteger a Nação quando submetida à pilhagem por uma quadrilha sem limites.
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