Projeto polêmico já
provoca danos ao governo Temer, como a debandada do PSB, um dos principais
partidos da base
Do Congresso em Foco
A comissão especial da Câmara criada para debater as
modificações na legislação trabalhista previstas no Projeto de Lei 6787/2016
aprovou, nesta terça-feira (25), o relatório do deputado Rogério
Marinho (PSDB-RN). A matéria (vejas os principais) é polêmica e, durante o
debate promovido nesta tarde, dividiu opiniões entre os membros do colegiado. O
texto foi enviado ao Congresso pelo Executivo e já provoca danos ao governo
Michel Temer, como a debandada
do PSB, um dos partidos da base aliada, e a greve geral anunciada
contra as reformas patrocinadas pelo governo, como a da Previdência (abaixo,
veja como cada deputado votou). Com o resultado de hoje (terça, 25), a previsão
é que o texto seja apreciado pelo plenário da Câmara amanhã (quarta, 26).
Entre as principais modificações previstas pelo texto
de Marinho estão a terceirização das atividades fim de qualquer setor; a
regulamentação do teletrabalho por tarefa e não por jornada, e a redução do
salário para quem exerce as mesmas funções na mesma empresa com a demissão
coletiva e a recontratação via terceirização.
“Nós não podemos tratar dessa forma esse projeto. Os
deputados falam aqui que ‘vai chover na horta’, ‘vai surgir emprego’. Ora, não
há nenhuma justificativa teórica para essa conclusão desse deputado do governo.
Na melhor das hipóteses, uma parte dos trabalhadores hoje, que trabalham sem
carteira registrada, poderão vir a ser registrados de uma forma precária. É uma
degradação do emprego”, avaliou Carlos Zarattini (PT-SP) ao defender que a
Câmara “não tem condições de votar esse projeto”. “Vai ser a maior aventura da
história do Brasil. Vai aumentar os conflitos. Nós vamos ter uma verdadeira
guerra nesse país”, alegou.
“O maior projeto de retirada de direitos trabalhistas
já discutido no Congresso Nacional”, disse há pouco o deputado Alessandro Molon
(Rede-RJ), dando voz a estudos
feitos por várias entidades sindicais, juristas especializados no
assunto e até pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “A CLT está sendo
rasgada com este projeto e não temos tempo para analisar o novo texto”, emendou
o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
Entretanto, mesmo durante a análise de requerimentos
que, por exemplo, pediam a retirada da matéria de pauta, governistas se
revezavam na defesa do projeto. O relator contestou a ideia de que o governo
tem atropelado o regimento e, por isso, pode levar à judicialização da reforma.
“O regimento foi cumprido de forma correta, não se votou o mérito de nenhum
projeto”, disse, referindo-se à dupla votação, de um dia para o outro, da
urgência regimental para a votação do texto em plenário.
Veja como cada deputado:
Celso
Maldaner (PMDB-SC)
|
Sim
|
Daniel
Vilela (PMDB-GO)
|
Sim
|
Mauro
Pereira (PMDB-RS)
|
Sim
|
Jerônimo
Goergen (PP-RS)
|
Sim
|
Lázaro
Botelho (PP-TO)
|
Sim
|
Ronaldo
Carletto (PP-BA)
|
Sim
|
Carlos
Melles (DEM-MG)
|
Sim
|
Eli
Corrêa Filho (DEM-SP)
|
Sim
|
Walney
Rocha (PEN-RJ)
|
Não
|
Givaldo
Carimbão (PHS-AL)
|
Não
|
Silas
Câmara (PRB-AM)
|
Sim
|
Arolde
de Oliveira (PSC-RJ)
|
Sim
|
N.
Marquezelli (PTB-SP)
|
Sim
|
Renata
Abreu (PTN-SP)
|
Sim
|
Laercio
Oliveira (SD-SE)
|
Sim
|
Benedita
da Silva (PT-RJ)
|
Não
|
Helder
Salomão (PT-ES)
|
Não
|
Patrus
Ananias (PT-MG)
|
Não
|
Wadih
Damous (PT-RJ)
|
Não
|
Luiz
Nishimori (PR-PR)
|
Sim
|
Magda
Mofatto (PR-GO)
|
Sim
|
Goulart
(PSD-SP)
|
Sim
|
ToninhoWandscheer
(PROS-PR)
|
Sim
|
Rogério
Marinho (PSDB-RN)
|
Sim
|
Fabio
Garcia (PSB-MT)
|
Sim
|
Arnaldo
Jordy (PPS-PA)
|
Sim
|
Evandro
Gussi (PV-SP)
|
Sim
|
Sergio
Vidigal (PDT-ES)
|
Não
|
Alfredo
Kaefer (PSL-RS)
|
Sim
|
Chico
Alencar (PSOL-RJ)
|
Não
|
Valdir
Colatto (PMDB-SC)
|
Sim
|
Bilac
Pinto (PR-MG)
|
Sim
|
Herculano
Passos (PSD-SP)
|
Sim
|
Assis
Melo (PCdoB-RS)
|
Não
|
Elizeu
Dionizio (PSDB-MS)
|
Sim
|
Vitor
Lippi (PSDB-SP)
|
Sim
|
Danilo
Cabral (PSB-PE)
|
Não
|
Principais modificações na legislação
trabalhista previstas no relatório de Rogério Marinho:
1 - Redução do salário para quem exerce as mesmas
funções na mesma empresa com a demissão coletiva e a recontratação via
terceirização
2- Prevalência do acordo coletivo ou individual sobre a
legislação trabalhista. Isto possibilita que a empresa contrate o empregado com
menos direitos do que prevê a convenção coletiva da categoria ou da lei.
3- Terceirização até das atividades fim de qualquer
setor
4- Parcelamento das férias em até três períodos à
escolha da empresa
5- Fim do conceito de grupo econômico que isenta a
holding de responsabilidade pelas ilegalidades de uma das suas associadas
6- Regulamenta o teletrabalho por tarefa e não por jornada
7- Deixa de contabilizar como hora trabalhada o
período de deslocamento dos trabalhadores para as empresas, mesmo que o local
do trabalho não seja atendido por transporte público e fique a cargo da empresa
8 - Afasta da Justiça do trabalho a atribuição de
anular acordos coletivos e até individuais de trabalho
9 – Permite jornada de trabalho de até 12 horas
seguidas, por 36 de descanso, para várias categorias hoje regidas por outras
normas
10 – Acaba com o princípio de equiparação salarial para
as mesmas funções na mesma empresa
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