Por
Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou
hoje (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de abertura de
investigação contra citados nas delações de ex-diretores da empreiteira
Odebrecht. Os pedidos foram remetidos à Corte sob sigilo, e os nomes dos
citados não foram divulgados oficialmente.
Caberá ao ministro Edson Fachin, relator da Operação
Lava Jato, decidir se autoriza abertura de inquéritos e as diligências
solicitadas por Janot. O ministro também deverá decidir sobre a retirada do
sigilo do conteúdo das delações.
As delações da Odebrecht foram homologadas em janeiro
pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, após
a morte do relator, Teori Zavascki, em acidente aéreo. Foram colhidos pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) 950 depoimentos de 77 delatores ligados à
empreiteira.
Ao todo, o material envolvendo as delações da Odebrecht
envolve 320 pedidos ao Supremo. Além dos 83 pedidos de abertura de inquéritos,
são 211 solicitações para desmembramento das investigações para a primeira
instância da Justiça, sete arquivamentos e 19 pedidos cautelares de providências.
Departamento
da propina
Segundo investigações da força-tarefa de procuradores
da Lava Jato, a Odebrecht mantinha dentro de seu organograma um departamento
oculto destinado somente ao pagamento de propinas, chamado Setor de Operações
Estruturadas.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, havia
funcionários dedicados exclusivamente a processar os pagamentos, que eram
autorizados diretamente pela cúpula da empresa.
Segundo a investigação, tudo era registrado por meio de
um sofisticado sistema de computadores, com servidores na Suíça. O Ministério
Público Federal ainda se esforça para ter acesso aos dados, devido ao rígidos
protocolos de segurança do sistema.
Em março do ano passado, na 23ª fase da Lava Jato,
denominada Operação Acarajé, a Polícia Federal apreendeu na casa do
ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior uma planilha na
qual estão listados pagamentos a mais de 200 políticos. A lista encontra-se sob
sigilo.
Os esquemas ilícitos da empresa vão além das fronteiras
brasileiras. A Odebrecht é investigada pelo menos em mais três países da
América Latina: Peru, Venezuela e Equador. Em um acordo de leniência firmado
com os Estados Unidos no final de dezembro, a empresa admitiu o pagamento de R$
3,3 bilhões em propinas para funcionários de governos de 12 países
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