Belo Horizonte. Foto: Jornalistas Livres
Por Altamiro Borges
O Jornal Nacional deste sábado (25) fez uma ampla cobertura sobre o carnaval de rua em todo o país e conseguiu esconder os inúmeros protestos contra o covil golpista. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Salvador foram destaques em três blocos do telejornal de maior audiência da tevê brasileira. Mas a TV Globo simplesmente omitiu o "Fora Temer" gritado por centenas de milhares de foliões. Na Praça Campo Grande, por exemplo, a banda System puxou um gigantesco coro contra o usurpador diante do camarote do prefeito de Salvador, o demo ACM Neto. Não saiu nada no JN. Já no tradicional Pelourinho, o cantor Caetano Veloso apareceu de surpresa, cantou a música "Alegria, alegria" e foi acompanhado de um alegre refrão contra o Judas. Também nada no JN.
O Jornal Nacional deste sábado (25) fez uma ampla cobertura sobre o carnaval de rua em todo o país e conseguiu esconder os inúmeros protestos contra o covil golpista. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Salvador foram destaques em três blocos do telejornal de maior audiência da tevê brasileira. Mas a TV Globo simplesmente omitiu o "Fora Temer" gritado por centenas de milhares de foliões. Na Praça Campo Grande, por exemplo, a banda System puxou um gigantesco coro contra o usurpador diante do camarote do prefeito de Salvador, o demo ACM Neto. Não saiu nada no JN. Já no tradicional Pelourinho, o cantor Caetano Veloso apareceu de surpresa, cantou a música "Alegria, alegria" e foi acompanhado de um alegre refrão contra o Judas. Também nada no JN.
A mesma cena se repetiu nas outras capitais. A TV Globo
simplesmente censurou os protestos. A irreverência dos carnavalescos só não se
perdeu graças à internet, que viralizou dezenas de vídeos das manifestações, e
à cobertura da mídia alternativa. O jornal Brasil de Fato tem postado várias
matérias sobre as manifestações de rebeldia. Segundo relata o jornalista
Wallace Oliveira, o "Fora Temer" está incendiando o carnaval em Belo
Horizonte. "Me beija que eu não sou golpista”. Com esse lema, o protesto
contra o governo não eleito de Michel Temer (PMDB) tomou as ruas da capital
mineira, unindo a alegria do carnaval à consciência política".
"A história começou há alguns meses. Em abril de
2016, no auge do processo de impeachment contra a presidenta eleita Dilma
Rousseff, um grupo de fiscais da receita estadual se uniu para lutar contra o
golpe e a fragilização da democracia. De lá para cá, ele produziu milhares de
materiais de agitação, como cartazes, faixas, camisas e adesivos, espalhando o
'Fora, Temer' por todo canto da cidade. Para o carnaval, o grupo produziu mais
de 260 mil adesivos e está entregando kits 'Fora, Temer' para 30 blocos. Cada
kit contém 1.000 adesivos com a logo do bloco e mais mil adesivos genéricos,
além de outros materiais. O grupo financia seu trabalho vendendo camisetas,
abadás e panos de chão".
Irreverência e protestos nas capitais
Já a jornalista Fania Rodrigues dá detalhes sobre
vários blocos de rua do Rio de Janeiro. "A política também caiu no samba e
os blocos de esquerda estão na boca do povo... Sem dúvida o mais esperado pelos
foliões é o Bloco Fora Temer. No evento do Facebook mais de 20 mil pessoas
demonstraram interesse e confirmaram presença na atividade na Cinelândia. O
Bloco Fora Temer marca a abertura do Carnaval carioca, nessa sexta-feira (24),
em grande estilo. Na verdade, esse é um evento de união de vários blocos já consagrados,
entre eles estão os Boêmios da Lapa, Bloco dos Bancários, Meu Bem, Volto Já,
entre outros. Nas redes sociais, os organizadores assim definem o perfil desse
bloco dos blocos. 'Somos bem alegres e irreverentes, contra o golpe de 2016 e o
atual governo entreguista que quer retirar direitos do povo brasileiro com
retrocessos trabalhistas e previdenciários'".
Também no jornal Brasil de Fato, a repórter Elen
Carvalho descreve a folia em Pernambuco - com a "embriaguez dos diversos
frevos, o batuque dos maracatus, as marchinhas e cores dos blocos líricos, a
imensidão dos bonecos gigantes, o calor de sol e de gente no Galo da
Madrugada". Entre os maiores blocos, ela cita o "Eu acho é
pouco", fundado em 1976, "que no espírito da defesa da democracia tem
estampado na camisa deste ano o 'Fora Temer'". Segundo o professor e
designer gráfico Rafael Efrem, "o bloco Eu Acho é Pouco sempre se declarou
de esquerda. Ele tem essa característica de unir as pessoas de esquerda de
Pernambuco desde seu surgimento. Então, acho extremamente necessário, mesmo um
bloco de carnaval, que a priori estaria aí para a folia tão plena e loucamente,
demonstrar publicamente essa tomada de posição. O Fora Temer precisa estar
presente também no Carnaval".
Há ainda o relato da repórter Nadine Nascimento sobre
os mais de 70 blocos que decidiram protestar na capital paulista. "Se os
blocos de carnaval de rua de São Paulo assumiram um papel importante nos
últimos anos, ocupando o espaço público e revertendo a visão que se tinha sobre
a festa na cidade, neste ano eles marcam posição também no âmbito político.
Blocos populares e tradicionais como Vai Quem Qué, Bloco da Abolição, Jegue
Elétrico e Ilú Obá de Min, articulados através do Arrastão dos Blocos,
protestam juntos contra possíveis mudanças no carnaval de rua da cidade. O
Arrastão reúne mais de 70 blocos de carnaval da capital paulista. A articulação
se iniciou pela primeira vez em abril de 2016 para defender a democracia e
protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em 2017, voltam às ruas
utilizando a música para defender a própria festa".
Doria foi varrido do sambódromo
Como se observa, o protesto político - em especial, o
"Fora Temer" - já é uma marca do carnaval de rua de 2017. A TV Globo,
porém, preferiu esconder este fato dos seus alienados telespectadores. Até na
reportagem do JN deste sábado sobre a abertura do desfile das escolas de samba
de São Paulo, a emissora escondeu o protesto contra o prefeito
"cinzento" João Doria. Os âncoras do telejornal até parece que não leram
uma notinha publicada no próprio jornal O Globo, da mesma famiglia Marinho
"Passava pouco das 23 horas quando o prefeito de
São Paulo, João Doria, chegou ao Anhembi para acompanhar os desfiles da
primeira noite das escolas de samba do Grupo Especial. A princípio, disse que
sambar seria um “risco muito alto” a tomar. Mas, assediado continuamente, o
prefeito se soltou, arriscou soquinhos no ar ao lado de uma ala da agremiação
Tom Maior e, depois da passagem da escola, pegou uma vassoura e deu varridas na
passarela do samba. Ensaiou passos de samba, levantou a vassoura pro ar ao lado
de garis até que o coro da arquibancada tomou forma:
- Ei, Doria, vai tomar no c…
O tucano foi rapidamente retirado de cena pelos
assessores e seguranças.
*****
Nem este singelo protesto foi citado pelo âncora
Heraldo Pereira. Haja manipulação!
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