quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Jessé: a elite global por trás da crise da socialdemocracia

Cientista político Jessé Souza: '[Estamos] enfrentando um inimigo de altíssimas proporções [que] se põe de uma forma internacional'

Por Luis Nassif  do GGN

Michel Temer já está no poder há mais de seis meses e a crise política não foi estancada. Analistas, sejam eles economistas, cientistas políticos ou da própria imprensa nem mais arriscam prever o futuro próximo da frágil democracia brasileira.

A instabilidade política é um fenômeno que tem se espalhado não só no Brasil, mas em todos os países nos últimos anos. Se por um lado é difícil prever onde os dados lançados pelos jogadores mais influentes do sistema político-econômico irão levar as populações de cada país, por outro, é possível compreender no exemplo brasileiro os interesses por trás da mudança abrupta no poder, e que levou ao afastamento da presidente Dilma. E um dos principais pensadores desse tema hoje no país é o professor da Universidade Federal de Brasília (UnB), Jessé Souza, autor de dois sucessos literários publicados nos últimos anos, "A tolice da inteligência brasileira" (2015) e "A radiografia do Golpe" (2016).

Em entrevista para Luis Nassif, do Jornal GGN, Jessé esclarece os motivos do desequilíbrio causador da pior crise financeira já enfrentada no país hoje: a inabilidade do grupo que assumiu o poder, através do golpe, de construir uma narrativa coerente com o que prometeu à sociedade, ou seja, de que era necessário derrubar um governo incompetente, em termos de gestão, para colocar o país nos trilhos, revelando que o único interesse real era retomar o poder, pelo poder, incentivados por interesses norte-americanos e, de forma mais abrangente, pelo capitalismo mundial.

O mais interessante, pontua Jessé, é que as elites nacionais podem até pensar, num primeiro momento, que saíram ganhando com o investimento que fizeram na crise política que alterou o governo, mas agora, sem capacidade de tirar o país da tempestade, correm sérios riscos de serem devoradas pela massa sedenta por “justiça” contra a corrupção que ajudaram a criar.


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