Por Josias de Souza
O Supremo Tribunal Federal demonstrou nesta
quinta-feira que a Justiça não é apenas cega. Sua balança está desregulada. E a
espada perdeu o fio.
Formou-se no plenário do Supremo uma maioria de seis votos a favor do entendimento segundo
o qual réus não podem ocupar cargos situados na linha de sucessão da
Presidência da República. Porém, antes que o veredicto pudesse ser proclamado
um dos ministros, Dias Toffoli, pediu vista do processo. Adiou-se o desfecho do
caso para uma data indefinida.
Costuma-se dizer que os ministros do Supremo estão
sentados à direita de Deus. No caso de Toffoli, ficou entendido que, o ministro
está sentado ao lado de alguém que se considera acima de Deus.
O adiamento do
anúncio do veredicto que veta a presença de réus em cargos que podem levar seus
ocupantes ao exercício da Presidência beneficiou uma única e suprema divindade:
o presidente do Senado Federal.
Ao protelar o veredicto, o Supremo estendeu um tapete
vermelho para que Renan Calheiros desfile seu rastro pegajoso de processos no
comando do Senado até fevereiro de 2017, quando termina sua presidência. O
senador responde a 12 processos no Supremo. Uma denúncia que poderia
convertê-lo em réu aguarda por um julgamento há 3 anos e oito meses.
Ao poupar Renan, o Supremo ajuda o investigado. Socorre
também o governo Michel Temer, que trata o encrencado como herói das reformas
no Senado.
A Suprema Corte só não ajuda à sociedade brasileira, atormentada
pela constatação de que a Justiça tarda, mas não chega.
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