Brasília - A MP 746/16, que trata
da reforma do ensino médio, é discutida em audiência pública da Comissão de
Educação da Câmara
presentada
pelo presidente Michel Temer no último dia 22, a MP do ensino médio flexibiliza
os currículos e amplia progressivamente a jornada escolar. A reformulação da
etapa já estava em discussão na Casa, no Projeto de Lei 6480/2013, e agora
volta em formato de MP, com o prazo de 120 dias para ser votada. A previsão é
que a comissão mista que ficará encarregada de emitir parecer sobre a medida
seja criada amanhã (5). Ao todo, a MP recebeu 568 emendas, que foram
consolidadas em 566.
Presentes na
audiência, professores e sindicalistas interromperam diversas vezes os
discursos de representantes do Ministério da Educação e dos secretários
estaduais de educação. "É mentira", "Professores não foram
ouvidos", "Não há nenhum professor ou estudante na mesa" foram
alguns dos gritos. As interrupções foram pontuais e não impediram o
prosseguimento da audiência.
"Estamos
perplexos ao receber uma MP para tratar desse tema. E a perplexidade é tanto
quanto ao método de apresentação quanto no conteúdo, por isso as pessoas lá
atrás estão muito inquietas", diz a secretária-geral da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli. A CNTE foi uma
das entidades que pediu a rejeição da MP.
Também
contrário à MP, o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, Daniel Cara, apresentou dados de pesquisas de opinião dos estudantes
que apontam que os alunos querem no ensino médio justamente os conteúdos que a
MP retira, como artes e educação física. Cara ressaltou ainda que a MP não
prevê recursos sufientes para a ampliação da jornada. "Em meio à crise
econômica e arrecadatória, isso acaba sendo um problema que cria expectativa
que não pode cumprir. A MP altera a lei do Fundeb [Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação], concentrando recursos para estados e redes
estaduais, prejudicando o ensino infantil e fundamental, o orçamento dos
municípios", acrescenta.
O deputado
Danilo Cabral (PSB-PE) chegou a citar a proposta de emenda à Constituição (PEC
241/16), que limita o crescimento do gasto público à inflação. "A MP [do
ensino médio] diz que a União vai transferir recursos para estados em até
quatro anos. Até quatro anos é o que? Pode ser um? E depois? A PEC 241 vai
colocar uma trava. Como conciliar colocar um teto de gasto e o Plano Nacional
de Educação?", diz.
Novo Ensino
Médio
De acordo
com a medida provisória, cerca de 1,2 mil horas, metade do tempo total do
ensino médio, serão destinadas ao conteúdo obrigatório definido pela Base
Nacional. No restante da formação, os alunos poderão escolher entre cinco
trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas -
modelo usado também na divisão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) - e formação técnica e profissional.
A medida
também amplia gradualmente a carga horária do ensino médio para 7h por dia ou
1,4 mil horas por ano.
Urgência
A
secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, defendeu a urgência de uma
reforma como justificativa para a edição de uma MP e ressaltou que a questão é
discutida há anos. "A ideia de MP foi no sentido de coroar o processo de
debate intenso que há muito se arrasta no Brasil". Ela destacou também a
importância de aprimorar a MP com o debate no Congresso.
Maria Helena
diz que as disciplinas não foram excluídas e sim que a MP transferiu para a
Base Nacional Comum Curricular - que está atualmente em discussão - o que
deverá ser ensinado nas escolas. De acordo com o MEC, não há sinalização que os
conteúdos deixarão de fazer parte do ensino médio ou que serão retirados da
Base, que definirá também as diretrizes da formação dos professores.
Mais cedo,
em coletiva de imprensa, Maria Helena ressaltou que a MP só será colocada em
prática a partir de 2018, que isso só ocorrerá após a aprovação da Base.
Agência
Brasil/ foto Fabio Rodrigues Pozzeboml
Nenhum comentário:
Postar um comentário