Em tom incisivo, na postagem publicada no Facebook, FHC diz
que "conchavos de cúpula" não devolvem legitimidade ao governo que,
por isso, não consegue conduzir o País. Fernando Henrique não defende
abertamente que Dilma renuncie, mas diz que ela precisa de um "gesto de
grandeza", como a renúncia ou assumir seus erros, para recuperar sua
capacidade de governar.
Diferença
GNN - "Em janeiro de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) enfrentava os ataques da oposição em função da crise econômica que assolava o País à época, Lula, então presidente de honra do PT, contrariou o próprio partido e pregou respeito ao resultado das urna"s.
"Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo de sua política econômica", publicou a Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal, o PT, na figura de Tarso Genro, cobrava a renúncia de FHC e a convocação de novas eleições como saída para a crise. Lula disse ao jornal que era contrário à medida, pois FHC tinha "20 e poucos dias de mandato" e não era correto achar que toda vez que um governante começa com o pé esquerdo ou tem graves dificuldades de gestão, a solução é a troca imediata. "Se eu achar que, porque as coisas vão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente defendendo a renúncia dos governadores do PT", comentou.
Também atravessando crise econômica - e política - após a reeleição, a presidente Dilma tem sido alvo de ataques do PSDB de Aécio Neves, que tem ajudado a convocar protestos anti-PT, como o do próximo domingo (16), para pedir a renúncia da petista e a realização de um novo pleito.
A iniciativa do grupo de Aécio não é unanimidade dentro do PSDB. A ala que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin, por exemplo, prefere aguardar que a tempestade passe naturalmente e pavimentar uma candidatura pela via democrática até 2018.
História
GGN - reproduz a matéria sobre a postura de Lula em
1999 na íntegra, abaixo.
Da Folha
O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva,
classificou de "prematura" e "precipitada" a proposta do
ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT) de convocar novas eleições
presidenciais em outubro. Genro defendeu também a renúncia do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
"Eu não acho que o problema do Brasil será resolvido
com a antecipação do processo eleitoral. O problema poderia ter sido resolvido
em 4 de outubro. Não foi. A população fez uma opção, certa ou errada, foi uma
opção da maioria do povo", declarou Lula.
"Fernando Henrique tem 20 e poucos dias de mandato. Ele
tem tudo para fazer, mas até agora não fez nada. Se eu achar que, porque as
coisas estão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente
defendendo a renúncia dos governadores do PT. Aí, vai virar moda no
Brasil", arrematou.
Embora tenha criticado muito a postura de FHC diante da
crise, o petista afirmou que agora o papel do PT é mobilizar a sociedade para
tentar mudar a política econômica do governo.
Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate
nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a
oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo
de sua política econômica.
O petista anunciou que o PT vai promover, independentemente
do governo, reuniões entre líderes da oposição, empresários e sindicalistas.
Ele próprio vai, nos próximos dias, agendar encontros com o empresariado.
"Não acredito nessa história de pacto nacional. Para
conversar com a oposição, o presidente precisa abrir mão de algumas de suas
certezas. Pacto em torno do que o governo defende não é pacto."
Lula defendeu, indiretamente, a saída do ministro da
Fazenda, Pedro Malan. "Eu não escolhi o Malan, não posso tirá-lo. Mas até
em jogo de futebol quando o jogador vai mal, o técnico faz a
substituição", disse.
"Não é possível que FHC não perceba que economistas de
outros matizes discordam da equipe econômica. Aliás, o próprio José Serra
(ministro da Saúde) não concorda com grande parte dessa política. Será que essa
equipe econômica está tão certa? Ou será que o governo deixou se envenenar pelo
beijo do FMI (Fundo Monetário Internacional) e não consegue escapar de suas
orientações?"
Para Lula, em pouco tempo, caso seja mantido o ritmo de
saída de dólares do país, o Brasil vai estar em situação de "moratória
técnica". Ele acha que uma inflação de 4% ao ano não faria tão mal ao
país. "A gente não deve ficar assustado se o Brasil tiver uma inflação de
4% ao ano. Não é burrice ter 4% de inflação com o PIB crescendo 3%. É burrice
ter inflação zero com o PIB decrescendo."
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