As recentes medidas de controle do câmbio que o governo da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, vem tomando desde o fim de outubro de 2011, devem reforçar a tendência de redução no número de turistas argentinos que virão passar o verão em Santa Catarina. O quadro é parecido com o que ocorreu em 2001, ano da histórica crise econômica argentina
Acostumados a poupar em dólares, os argentinos estão praticamente proibidos de comprar a moeda norte-americana no mercado oficial. A medida do governo visa conter a desvalorização do peso e a disparada do dólar no mercado paralelo, de grande importância na Argentina.
No turismo, os controles do mercado de câmbio condicionam a compra e a venda de dólares à comprovação do destino, data e motivo da viagem. Recentemente as medidas chegaram até aos cartões de crédito: a Afip (Administração Federal de Rendas Públicas) fiscalizará a remessa que a operadora tem de fazer para pagar os consumos feitos fora do país.
Turismo argentino deve diminuir principalmente nas classes mais baixas
O aperto cambial afeta menos as classes mais altas, com maior facilidade de comprovar reservas em moeda doméstica. Isso porque, ao viajarem para o Brasil, só poderão retirar reais de suas contas em pesos se tiverem uma caderneta de poupança em dólares na Argentina. Como apenas 30% dos argentinos tem conta bancária (por conta da crise de 2001), a dificuldade de adquirir moeda estrangeira é muito elevada.
João Eduardo Amaral Moritz, presidente da Câmara Empresarial de Turismo, comentou que as agências de turismo argentinas continuam vendendo pacotes para Santa Catarina (com passagens aéreas, transfer e passeios inclusos), assumindo os serviços de câmbio e comprovação. Essa, porém, é uma forma mais cara de viajar para o nosso país. “O turista que mais está sofrendo é aquele que vem de automóvel e ônibus”, conclui.
As restrições cambiais de Cristina Kirchner devem influenciar o perfil do turista argentino de duas formas:
1)Chegarão ao litoral catarinense os argentinos de maior poder aquisitivo, seguindo a mesma tendência que se desenhou após a crise 2001. Isso porque, além de terem mais facilidades de lidar com as novas medidas, as restrições a viagens para a Europa e os EUA são ainda maiores e, por isso, as classes mais altas podem optar por vir para o Brasil;
2) Em paralelo, o turismo das classes mais baixas e menor poder de compra (que chegam de carro e ônibus) continuará diminuindo.
Demanda interna só aumenta
Do total de turistas do litoral catarinense, somente 10% são estrangeiros. O dado é da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio). “O carro-chefe do setor continua a ser o turismo interno, uma tendência que deve se acentuar nos próximos anos”, aponta o economista Maurício Mulinari. A expectativa é de que tanto o movimento quanto o faturamento continuem na crescente observada nos últimos anos.
Do total de turistas do litoral catarinense, somente 10% são estrangeiros. O dado é da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio). “O carro-chefe do setor continua a ser o turismo interno, uma tendência que deve se acentuar nos próximos anos”, aponta o economista Maurício Mulinari. A expectativa é de que tanto o movimento quanto o faturamento continuem na crescente observada nos últimos anos.
Fonte: Folha, notisul
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