..."Especialista destaca que a distância diminui à medida que acesso ao ensino é facilitado"
Em condições desiguais no mercado de trabalho, os negros começam a diminuir a distância de salários na comparação com não negros. A maior valorização profissional fez com que trabalhadores da raça aumentassem a participação em cargos de liderança na região metropolitana de Porto Alegre.
A redução da distância na remuneração é constatada em pesquisa da Fundação de Economia e Estatística (FEE), com base em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego. De 2008 a 2011, o rendimento dos negros – pretos e pardos – teve variação maior do que o dos não negros – brancos e amarelos (veja comparação abaixo).
– Os negros continuam ganhando menos do que os brancos, mas à medida que os preconceitos vão se desarmando e o acesso à educação é facilitado, essa diferença começa a diminuir – diz a economista da FEE Dulce Helena Vergara, acrescentando que hoje é mais comum encontrar afrodescendentes em cargos de chefia e coordenação.
Aos 34 anos, Maurício Oliveira viu seu salário ser multiplicado ano a ano, cada vez que foi promovido nas agências de publicidade em que trabalhou na Capital. Diretor de criação da DCS desde o ano passado, Oliveira lidera uma equipe de 12 pessoas. A ascensão profissional, que lhe rendeu reconhecimento e prêmios regionais e nacionais, foi conquistada com muito trabalho e esforço.
– A segregação social é muito maior do que a racial. A questão toda passa pelo acesso à educação – avalia o publicitário, que cursou o Ensino Fundamental em escola pública e o Ensino Médio em particular.
Embora tenha conquistado avanços, em um panorama geral os negros ainda estão em condições desfavoráveis – desde salários até cargos que ocupam. Apesar dos desafios, o presidente do Conselho Municipal do Negro em Porto Alegre, Victor Hugo Amaro, destaca a mudança de comportamento dos afrodescendentes, ao lembrar o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta terça-feira no país.
A maior inserção dos negros no mercado de trabalho é atribuída especialmente às políticas sociais (bolsa escola e família) e de cotas (em universidades). Embora com resultado lento, as ações são vistas como formas eficientes de equiparar mais de um século de exclusão.
– Essas políticas provocam mudanças, mesmo que demoradas, nas camadas mais desprotegidas, os negros e as pessoas com menor poder aquisitivo – afirma a socióloga Rosinha Machado Carrion, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para Rosinha, o racismo está na construção social, que não carrega só a questão racial, mas na "hierarquização das diferenças das pessoas".
Por Joana Colussi
Crescimento percentual da renda dos negros avança mais do que o dos não negros...
Negros
2008: R$ 983
2009: R$ 992
2010: R$ 1.020
2011: R$ 1.078
Variação no período: 9,7%
2008: R$ 983
2009: R$ 992
2010: R$ 1.020
2011: R$ 1.078
Variação no período: 9,7%
Não negros
2008: R$ 1.449
2009: R$ 1.504
2010: R$ 1.556
2011: R$ 1.564
Variação no período: 7,9%
2008: R$ 1.449
2009: R$ 1.504
2010: R$ 1.556
2011: R$ 1.564
Variação no período: 7,9%
...e a diferença entre a renda de não negros e negros diminuiu
2008
Não negros: R$ 1.449
Negros: R$ 983
Diferença: 47,41%
Não negros: R$ 1.449
Negros: R$ 983
Diferença: 47,41%
2011
Não negros: R$ 1.564
Negros: R$ 1.078
Diferença: 45,08%
Não negros: R$ 1.564
Negros: R$ 1.078
Diferença: 45,08%
Fonte: Fundação de Economia e Estatística (FEE)
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