Por canal meio
“Liberdade de expressão não é liberdade de destruição da democracia”, afirmou com ênfase no discurso de posse o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. “Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia. Com agilidade, segurança, competência e transparência”, afirmou ainda (íntegra). Foi aplaudido de pé pelas cerca de duas mil pessoas presentes. Menos uma. Sentado à mesa com os presidentes dos demais Poderes, Bolsonaro não aplaudiu, como também não o fez nas falas do agora ex-presidente do TSE Edson Fachin e mesmo de seu fiel procurador-geral da República, Augusto Aras. “Juntos, acataremos a soberania popular manifestada na vontade majoritária do povo brasileiro”, disse o PGR. Foi uma cerimônia, com a presença de todo o comando dos Três Poderes e de ex-presidentes, construída para celebrar a Nova República e a troca de mandatários a cada ciclo eleitoral. (g1)
Além da defesa da democracia, das urnas eletrônicas e da soberania popular, a posse de Moraes foi marcada por dois tensos e silenciosos encontros. Bolsonaro ficou quase em frente a seu adversário na campanha eleitoral deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sentado na primeira fila junto com outros ex-presidentes. Ali, aliás, a equipe de cerimonial do TSE mostrou tato e colocou Lula e José Sarney separando Dilma Rousseff de Michel Temer, que chegou ao Planalto após o impeachment dela. Os dois não trocaram uma palavra. (Metrópoles)
Enquanto Bolsonaro e Lula sentavam-se impassíveis um diante do outro no TSE, seus perfis no Twitter trocavam críticas. A conta do presidente dizia que, “sem guerra e pandemia, o PT entregou o país à pior recessão de nossa história”. Já o perfil do petista compartilhou um post criticando a postura do adversário diante da covid-19, dizendo que a eleição era um conflito entre o “candidato que criou o SAMU” e o que “imitou pessoas morrendo sem ar”. (Poder360)
Igor Gielow: “Em 28 minutos de discurso, o novo presidente do TSE exibiu todo o arsenal a seu dispor: a defesa das urnas eletrônicas como pilar da funcionalidade institucional, a promessa de combate intransigente às fake news e a invocação aos princípios da democracia. Em resumo, tudo o que Bolsonaro vem desprezando em sua campanha contra o sistema eleitoral, que deu uma amainada desde que ele pareceu recuperar-se lateralmente nas pesquisas eleitorais.” (Folha)
Vera Magalhães: “A posse do TSE, algo que seria absolutamente corriqueiro, aborrecido, sem comparecimento nem cobertura não fosse a anomalia introduzida por Bolsonaro no processo eleitoral, foi a continuidade natural e importante ao ato na USP em defesa da democracia, em que foram lidos os dois manifestos. E os dois atos são a antítese e o antídoto do establishment e da sociedade civil aos arroubos golpistas do presidente da República.” (Globo)
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