Pesquisa Datafolha publicada
neste sábado (15) pelo jornal “Folha de S.Paulo” revela que um em cada quatro
brasileiros com 16 ou mais anos de idade diz ter sido diagnosticado com Covid
desde o início da pandemia, o que representa cerca de 42 milhões de pessoas
infectadas. O número é quase o dobro do total de casos registrados oficialmente
no país. Isso se deve em parte à subnotificação dos dados oficiais.
A pesquisa foi feita por
telefone nos dias 12 e 13 de janeiro, com 2.023 pessoas de 16 anos ou mais em
todos os estados do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para
mais ou para menos. Os registros oficiais, coletados pelo consórcio de
imprensa, alcançaram até quinta-feira (13) 22,8 milhões de casos confirmados
para a doença em todo o período da pandemia. O Brasil registrou na sexta-feira
(14) total de 22.925.864 diagnósticos confirmados desde o início da pandemia.
O levantamento do Datafolha
aponta que 25% dos entrevistados disseram ter feito o teste que confirmou a
infecção pelo vírus, o que significa 41,95 milhões de pessoas contaminadas
desde março de 2020. Os dados oficiais de casos positivos reunidos pelo
consórcio se referem a todas as idades. Já os do Datafolha só indicam as
infecções em quem tem mais de 16 anos, o que aponta uma subnotificação nas
estatísticas do país.
Os dados do Datafolha apontam
que a subnotificação tem aumentado. A pesquisa aponta que 3% dos entrevistados
disseram ter tido Covid nos últimos 30 dias, o que representa 4 milhões de
pessoas. O número é o sêxtuplo do que indicam os registros oficiais do período,
que contabilizam 621.530 casos positivos.
A pesquisa mostra que o número
de pessoas com sintomas que podem ser de Covid nos últimos 30 dias é elevado.
Dos entrevistados, 30% disseram ter tido tosse e nariz entupido (o que
representa 50,3 milhões de pessoas), 22% relataram ter tido febre (36,9%) e 9%
falta de ar (15,1 milhões) no período.
O Datafolha também questionou
se os entrevistados já estavam vacinados quando contraíram o coronavírus. Nove
em cada dez não estavam com o esquema vacinal completo: 84% não tinham tomado
nenhuma dose da vacina quando foram diagnosticados com Covid; 7% tinham tomado
apenas a primeira dose. E 10% já tinham recebido ao menos duas doses.
O Datafolha também questionou
se os entrevistados fizeram testes para Covid, nos últimos 30 dias. 17%
responderam que fizeram; 78% responderam que não fizeram porque não precisaram
e 5% disseram que não fizeram porque não conseguiram encontrar.
Instabilidade nos sistemas
Após o apagão de
dados do Ministério da Saúde, os estados começaram a normalizar a
divulgação de números de Covid-19 no Brasil no dia 4 de janeiro. Em 12 de
dezembro, o ministério informou que o processo para recuperação dos registros
dos brasileiros vacinados contra a Covid-19 após ataque hacker foi finalizado,
sem perda de informações. Mas, no dia seguinte, o ministro Marcelo Queiroga
disse que houve um novo ataque hacker. A previsão inicial de estabilização dos
sistemas, de 14 de dezembro, não foi cumprida.
Em janeiro, o ministério
informou que quatro de suas plataformas foram reestabelecidas ainda em
dezembro; afirmou que, no dia 7 de janeiro, normalizou a integração entre os
sistemas locais e a rede nacional de dados, e que o retorno do acesso às
informações estava sido gradual.
Segundo a pasta, a
instabilidade no sistema não interferiu na vigilância de casos de Síndrome
Respiratória Aguda Grave, como a Covid. É o oposto do que dizem pesquisadores.
“A gente não consegue planejar a abertura de novos serviços hospitalares, de
centros de testagem, abertura de novos leitos e entender as regiões onde o
impacto da nova variante é maior”, diz Julio Croda, infectologista e
pesquisador da Fiocruz.
“A gente não viu a evolução e
a chegada da ômicron. Ela não apareceu de repente no Ano Novo. Ela entrou ao
longo do mês de dezembro, e a gente estava completamente em voo cego ali,
porque não tinha dado nenhum; a gente não viu os dados crescerem”, afirma o
professor Marcelo Medeiros, fundador do Covid-19 Analytics. Ele interrompeu o
serviço que auxilia autoridades a tomarem decisões em meio à pandemia. G1
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