domingo, 30 de agosto de 2020

‘AS MORDIDAS FORAM PROFUNDAS’


No dia 13 de maio, a americana Cat de Almeida publicou em sua página no Facebook um post no qual sugere que sofreu abuso sexual pelo produtor de cinema brasileiro e curador de festivais internacionais Gustavo Beck. Ela escreveu o nome de Beck no topo da longa postagem e disse que queria falar sobre a sua experiência de “agressão sexual, machismo e opressão” na indústria do cinema. Também digitou que “estupro é um crime violento onde o sexo é a arma”.

Dezenas de pessoas compartilharam o post (já apagado da rede). Uma delas foi a cineasta brasileira Flora Dias, que comentou brevemente a sua experiência profissional com Beck e escreveu: “Meu apoio e carinho às mulheres que decidiram trazer à tona relatos da prática abusiva sistemática desse sujeito”. Outro compartilhamento saiu da conta da cineasta Deborah Viegas, ex-namorada de Beck, que incluiu um relato pessoal e disse ao final: “se alguém quiser partilhar qualquer experiência em off, sintam se livres pra me mandar uma mensagem privada”. Por meio dos contatos feitos a partir dos posts, mulheres passaram a conversar entre si sobre suas experiências com Beck.

Intercept entrou em contato com algumas dessas mulheres, e 18 delas dividiram conosco suas memórias. Além de Almeida, apenas outras duas aceitaram ter seus nomes revelados – as demais pediram para não ser identificadas por medo de represálias. Os relatos das mulheres divididas em seis países repetem histórias semelhantes de violência sexual, física ou psicológica por parte de Beck. Assim como no caso do produtor americano Harvey Weinstein, elas nos disseram que foi a influência de Beck no mundo do cinema que fez com que as vítimas evitassem denunciá-lo.

Em carta enviada ao Intercept, ele negou as acusações “incondicionalmente”.


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