segunda-feira, 6 de julho de 2020

A RAINHA DAS QUENTINHAS

Empresária recebe milhões do governo do Ceará para entregar quentinhas a presos inexistentes

Por Nayara Felizardo – Intercepy

A mistura de papel higiênico molhado com creme dental tornou-se um dos pratos típicos das penitenciárias cearenses, me contou por telefone Rodrigo*, que saiu recentemente da cadeia. “É uma forma de enganar a fome”, diz.  A mesma coisa me disse Silvana*, irmã de outro detento que ainda está preso. A comida entregue nas penitenciárias, segundo os dois, frequentemente chega azeda e o frango, principal proteína servida na quentinha, está sempre cru.

Relato parecido foi feito por uma presa que estava grávida. “Cansei de botar a colher no frango e escorrer sangue e eu comi assim mesmo, porque só tinha aquilo”, contou aos pesquisadores de um dossiê entregue em maio por familiares de detentos à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado. Presa no começo da gravidez com 76 kg, ela chegou ao final da gestação 6 kg mais magra.


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