A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da
Fundação Getúlio Vargas (@FGVDAPP) detectou uma novidade esta semana nas redes
sociais: certa agregação de perfis que ela considera de esquerda e de centro.
Vamos então aceitar para efeitos didáticos a classificação, pois aponta um
movimento de razoável importância no público.
Por Alon Feuerwerker – Poder 360
A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da
Fundação Getúlio Vargas (@FGVDAPP) detectou uma novidade esta semana nas redes
sociais: certa agregação de perfis que ela considera de esquerda e de centro.
Vamos então aceitar para efeitos didáticos a classificação, pois aponta um
movimento de razoável importância no público.
O custo em imagem ainda precisa ser medido nas
pesquisas, mas os dados digitais fazem deduzir que a base bolsonarista fiel
continua preservada na essência. E duas coisas jogam a favor do presidente na
correlação de forças: não há condições objetivas para protestos de rua em massa
e tampouco o Congresso Nacional parece propenso a enveredar por um confronto
aberto contra o Planalto.
Tirando os pontos fora da curva, por exemplo a
suspensão dos contratos de trabalho sem contrapartida, a disposição no
Legislativo é aprovar as medidas governamentais de combate às crises sanitária
e econômica, aqui especialmente as de caráter anticíclico. Até porque de
repente todos viraram keynesianos: economistas, empresários e jornalistas
especializados.
E um Congresso que só pode reunir por teleconferência
não chega a ser propriamente ameaça. Nesta condição, é pouco provável deputados
e senadores colocarem para rodar qualquer coisa afastada do consenso. E se há
um consenso nas duas Casas é não bater de frente com Jair Bolsonaro. Em vez de
esticar a corda, dar corda para o presidente.
Nas últimas horas a sensação é de um movimento
centrípeto governamental. Os ministros da Saúde e da Fazenda falaram à vontade
no sábado para garantir que planos para a defesa contra o coronavírus estão aí
e irão funcionar. Mostraram estar confiantes nas cadeiras. É pouco provável
terem feito a aparição pública sem combinar com o chefe.
Mas nada servirá de escudo se duas coisas não
funcionarem bem: se o dinheiro para empresas e trabalhadores não chegar na
ponta e se o sistema de saúde não aguentar o tranco que vem aí nas próximas
semanas. Os ministros responsáveis pelas duas áreas pareceram neste sábado
confiantes de que os dois desafios serão equacionados.
Ninguém se engane. Ainda não saímos da etapa dos
bate-bocas. Que têm hora para dividir o palco com os fatos duros. O tsunami vem
aí. E o governo será julgado pelos resultados. Inclusive porque teve tempo de
se preparar. O lockdown em Wuhan tem mais de dois meses, e a agudização na
crise na Europa já vem há várias semanas. Ninguém poderá alegar surpresa.
Deu tempo suficiente para aprender com os erros dos
outros. Vamos aguardar, e rezar, para termos aprendido.
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